Stygian

dezoito | aithne

A I T H N E

Minha curta camisola negra acariciava minhas coxas conforme eu passeava pelos corredores da casa.

Era uma camisola linda, ninguém poderia negar isso. As rendas do tecido eram delicadas e as finas alças seguravam meus seios perfeitamente.

Quando cheguei na cozinha, peguei qualquer pacote de pipoca que encontrei pela frente, colocando no microondas e me sentando no balcão enquanto esperava-a ficar pronta.

Kyros havia combinado de irmos atrás do homem caçador amanhã, então, hoje eu estava livre.

Os caçadores estavam escondidos em uma espécie de base secreta, onde todos se encontravam, dormiam e viviam. Até agora, eu não havia descoberto onde esse lugar ficava. Mas, eu ouvi pessoas falarem que esses caçadores não eram os mesmos com qual eu tinha me encontrado anos atrás. Não. Esses eram jovens e um tanto inexperientes.

Resumo: estávamos lidando com caçadores adolescentes que decidiram salvar o mundo dos vilões.

Patéticos.

Após o beijo de Kyros na noite anterior, minha cabeça continuava indo e vindo em sua direção, não importa o quanto eu tentasse impedir isso.

Peguei minha pipoca de dentro do microondas e caminhei pelo corredor até a sala de cinema, porque nesse castelo também possuía uma. Enfiei um punhado das pipocas amanteigadas na boca, quase gemendo com o sabor delicioso delas.

Na noite anterior, Kyros havia me beijado como se planejasse me consumir com apenas a língua. E parecia que isso acabou bagunçando tanto sua cabeça quanto a minha.

Eu não iria mentir para mim mesma, eu queria Kyros Vallinfern. Ele é um gostoso, um híbrido, e tem um beijo que me fez ficar atordoada e fora de órbita.

Porém...

Isso da parceria era um tanto quanto assustador. Eu nunca esperei encontrar meu parceiro, ou muito menos me apaixonar por alguém. Meus planos sempre foram conquistar o mundo sobrenatural. E eu ansiava por isso mais do que tudo. Isso e, matar os caçadores.

Mas agora Kyros parecia estar entrando na equação.

O maldito me fazia sentir quente. E eu me sentia como se existisse um imã me conectando a ele, e dessa maneira, eu não conseguia ficar muito longe do homem.

Não era como se eu realmente quisesse me afastar dele para falar a verdade...

Entrei na sala de cinema e escolhi um filme qualquer, me sentando em uma das cadeiras fofas.

Talvez um filme fosse capaz de afastar certos pensamentos.

☾ ⚜ ☽

Eu não era como ela, certo?

A protagonista estava em um dilema, tentando decidir se deveria escolher ficar com o homem ou não...

Fechei minha cara, batendo no controle para pausar o filme.

Isso era ridículo.

A parceria não poderia simplesmente ser desfeita, ou ser cortada. Os deuses escolhiam os parceiros por um motivo. Parceiros eram feitos um para o outro. Era como se existisse uma alma completa, e ela se separasse, cada parte indo para uma pessoa diferente, e no fim, as pessoas se encontravam. Isso era a parceria.

Eu deveria aceitar.

Mas isso era tão fodidamente assustador.

Todas as pessoas que eu um dia amei, foram tiradas de mim. E isso doeu como uma vadia.