treze | kyros

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K Y R O S


— Como você descobriu quem eu era?

Aithne estava sentada em uma poltrona perto das janelas. Eu entreguei a ela um copo de uísque e observava enquanto seus lábios vermelhos se fechavam no vidro. Seus olhos iam de relance para a incrível floresta que cercava o fundo da casa.

Silas ignorava a gente, adicionando uns comentários uma vez ou outra. Já Myra, essa alternava o olhar entre eu e Aithne, parecendo fascinada com nossas interações.

— Sou um demônio, especificamente o rei do inferno, como Silas fez questão de mencionar. — Lancei adagas com os olhos para o outro homem. — E como você viu antes, eu controlo as sombras. Quando preciso de alguma informação, as sombras me ajudam com isso, assim como as almas que vagam pela terra.

Fiz uma pausa, apoiando o cotovelo no bar.

— Naquela noite, eu perguntei as sombras sobre Aithne Arshyen, mas por incrível que pareça não existe ninguém com esse nome. Elas eventualmente acabaram ouvindo sussurros sobre uma Aithne Delamort nas profundezas do submundo.

O nome Aithne nunca foi usado para nomear outra criança, a não ser aquela mulher à minha frente. Uma raridade. E algo incrível de se acontecer, como se ela estivesse abençoada.

As almas condenadas ao inferno comentaram sobre uma Aithne Delamort, então, imagine minha surpresa ao descobrir que ela também era uma Whitewood. A família Whitewood é sangue antigo, altamente conhecida no mundo sobrenatural por grandes feitos e alfas supremos imbatíveis de poderosos. E a familia Delamort, porra, essa tambem era uma sangue bem mais antigo. Os Delamort estavam nos livros históricos sobrenaturais, bruxas, primeiros vampiros e híbridos.

Aithne Whitewood Delamort fazia parte de uma árvore genealógica repleta de poder antigo. Mas também, cheia de desgraça e sangue manchado.

Antes dessa descoberta, quando nós dois ainda estávamos com uma fachada de bonzinhos e "indefesos", eu já achava Aithne incrivelmente bela. Mas agora, ela não estava com uma pose de lobisomem sem poder. Eu conseguia sentir a magia negra que ela liberava no ar, sua postura de imbatível seria capaz de deixar o guerreiro mais forte de joelhos. E olhar dela, porra... Quando ela derrubou Silas no chão, e mostrou suas presas, eu observei seus olhos ficarem amarelos por conta do gene licantropo. Toda aquela fachada de mocinha havia desmanchado, deixando apenas uma mulher temível que não tinha medo de matar quem estivesse à sua frente.

Isso era quente.

Semanas antes, eu ouvi falar sobre o colar de Astrid Whitewood. O colar que antes estava perdido, foi encontrado e estaria na proteção da Academia Kolthdrys. Algumas almas comentavam que o demônio branco iria atrás do colar porque queria o poder dele. Antes disso eu escutei que os pais do demônio branco foram mortos por caçadores.

Os malditos caçadores estavam atrás de mim, como se alguns humanos com armas pudessem me deter de alguma forma. Mas eu não tinha tempo para essa brincadeira deles. E eu também estava curioso sobre esse demônio branco que tanto falavam e temiam.

Decidi me matricular na Kolthdrys porque pensei que talvez o demônio branco quisesse acabar com os caçadores, e isso me pouparia tempo.

— Certo, certo. — Aithne se levantou da poltrona, virando o copo todo na boca. — Eu não dou a mínima sobre isso de demônio, rei do submundo, ou o que seja. Tenho coisas a fazer, e não tenho paciência para nada disso.

Aithne deixa o copo ao lado do computador de Silas e segue andando por um corredor. Ela nem mesmo olha para trás. Myra e Silas olham para a porta por onde ela passou um pouco surpresos, e Myra solta um leve riso, o que apenas me deixa com mais raiva.

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