• now I see the daylight •

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As coisas estavam indo maravilhosamente bem pra Luna, na medida do possível.

Os últimos dias haviam sido incríveis, com Alejandro sendo nada mais nada menos que o cara perfeito. As coisas entre eles eram leves, divertidas, deliciosas, e Luna adorava isso. Adorava como ele sempre a fazia rir, como ele tinha gostinho de infância, como cantava pra ela e como parecia saber fazer seu corpo reagir das maneiras mais intensas.

Naquele dia em especial, os dois tinham passado um bom tempo de babás de Queen e Mosquito. Luna nem conseguiu entender direito o que estava acontecendo, mas o fluxo de pessoas e acontecimentos tinha sido intenso e ela acabou se responsabilizando pelos pequenos junto com o mexicano. Ela já havia notado o quanto eles adoravam o "tio Alejandro" mas, naquele dia em espécifico, ela estava realmente encantada pela maneira como ele conquistou os dois.

"Eu não lembrava que você era tão bom com crianças" Luna havia sorrido ao constatar.

"Eu era mais tímido antes, você lembra, né? Isso atrapalhava um pouco, mas melhorei bastante." Ela assente, e Alejandro sorri enquanto observa os pequenos. "Quero muito ser pai um dia, sabe? Formar uma família, sossegar em algum canto... Por mais que seja difícil com a carreira de cantor"

As borboletas no estômago aparecem, mas ela se força a reprimir o sentimento imediatamente.

Ao final do dia, quando finalmente voltam para a casa do mexicano, os dois abraçados em sua cama, envoltos apenas nos lençóis brancos,  ela o observa dormir, pacificamente, os cabelos desgrenhados espalhados pela fronha. Seu cheiro é inebriante, seus braços são o melhor travesseiro e seu corpo é naturalmente quentinho, ao ponto de aquecer toda a cama junto. Luna se sente tão em casa ali, tão... Tão certa, que é impossível não sentir o coração errar as batidas.

É aí que a ficha cai.

Por mais que ela tentasse ser racional e não fizesse planos, estar com Alejandro era tão leve, fácil e natural que, sem nem perceber, ela não conseguira manter uma distância emocional.

Estava completamente apaixonada por ele.

No fundo, ela sempre soube, na verdade. Desde que eles se reencontraram no aeroporto e tudo dentro dela se revirou como há anos ninguém tinha feito revirar. Mas ela havia relutado tanto que havia conseguido enganar a si mesma e agora...

Agora ela não conseguia respirar.

Não por estar com ele, mas pelo que ela sabia que vinha aí. A despedida, o coração partido. Se despedir da primeira vez, quando nem estavam juntos, já havia sido uma das coisas mãos difíceis que Luna tinha feito. Quanto mais perto ela ficasse dele, quanto mais se acostumasse, pior seria, e ela já estava enterrada até o pescoço.

Num sobressalto ela se levanta, assustada, e começa a escalar pra fora da cama, o desespero crescente em seu peito. Alejandro imediatamente acorda, ainda meio sonolento, e segura sua mão.

"Fica, Luna" pede, manhoso, e aquele era o gatilho que faltava.

Ela sabia que eles tava apenas pedindo para ela ficar aquela noite, e cada celula do corpo dela queria dizer que sim. Mas era justamente isso que ela não queria que ele fizesse ao final daquela viagem: pedisse pra ela ficar. Era um não que ela teria que dar.

Mas que ela não achava que conseguiria.

"Não" diz, porque ali era mais fácil. Arrancar o band-aid. Se proteger a todo custo. "Você não pode me pedir isso. A gente combinou. Sem compromisso. Sem planos, sem apego. Sem me pedir pra ficar"

Ela se solta do seu toque e se levanta de vez, se vestindo rapidamente. Só então Alejandro parece acordar, percebendo que há algo errado. "Luna... Me desculpa, eu tava meio dormindo... Mas sério, é perigoso você sair essa hora sozinha"

• just go with it •Where stories live. Discover now