• just go with it •

• wrong enough to make it feel right •

Petra Máximo podia ser muitas coisas, mas ela não era burra.

Desde que havia ficado sabendo daquela história de namoro de Alan e Kyra, alguma coisa não cheirava bem. E não era só porque Alan era obviamente feito pra ela,  é que era realmente... estranho.

Ela levou algum tempo para ligar os pontos e lembrar das coisas que já tinha ouvido Alexia comentar sobre Kyra. Petra raramente prestava atenção em assuntos irrelevantes – os que não eram sobre ela mesma, no caso –  como esse, mas ela tinha uma memória decente quando se tratava de fofocas. Conseguiu lembrar-se da história ridícula dos filhos planejados e de como ela tinha achado a amiga da Alexia maluca por isso. Ela tinha até os nomes escolhidos, uma loucura completa. A loira tinha certeza de que a garota morreria sozinha desse jeito.

Ela jamais poderia ter previsto que a decoradora se tornaria um problema. Especialmente por causa de Alan.

Já bastava quando o avô a havia conhecido e passado horas falando sobre como ela parecia uma modelo, enquanto Petra era uma modelo de verdade. Reconhecida, com carreira internacional. Mas obviamente nada disso importava para o vovô, se duvidar ele sequer lembrava. Mas ele achar – equivocadamente, é óbvio – que a Romantini tinha porte de modelo aparentemente era motivo suficiente para uma carreata de elogios. Na certa tinha sido por isso que Alan havia notado Kyra, por causa dos comentários repetitivos do vovô. Impressionante como o idoso só atrapalhava sua vida.

Ainda assim, não explicava como Kyra havia mudado de ideia tão radicalmente sobre seus filhos imaginários. Ok que Alan era lindo, ela estava ciente, mas jogar fora os planos de uma vida toda tão de repente?! Nem ela havia largado a carreira de modelo para focar em conquistar o primo e olha que esse era um dos seus objetivos de vida.

A não ser que ela tivesse transferido sua obsessão por filhos para as duas crianças de Alan. Isso sim faria mais sentido na cabeça de Petra. Por isso as duas pestes gostavam tanto dela. E provavelmente por isso Alan tinha se envolvido com a maluca.

Petra bem que havia tentado reverter essa situação, mas ela tinha que dar o braço a torcer: Kyra era inegavelmente boa com crianças. Irritantemente boa. Tanto quanto a falecida. E sabe la porque, os dois não iam muito com a cara dela – provavelmente porque ela detestava crianças, mas esse não era o ponto. O ponto é que ela havia aceitado que não conseguiria vencer a decoradora nesse ponto. Isso ficava cada vez mais evidente: tanto no jeito como eles sempre queriam mostrar e compartilhar tudo com ela – seus desenhos, suas sobremesas no almoço, enfim, literalmente qualquer coisa – como no grude que eles tavam com ela o tempo todo. Era nauseante de ver, principalmente o jeito como Alan ficava todo felizinho com as cenas de falsa família feliz.

Argh.

Ela havia até tentado envenenar a cabeça das crianças contra a decoradora, mas infelizmente o tiro havia saído pela culatra. Logo que haviam saído do almoço, o grupo havia retornado ao parque aquático e Gabriela e Luna saíram em busca de Tarantino e Beatriz, enquanto eles conseguiriam uma mesa perto da piscina, que Alan prontamente foi solicitar no balcão. Isso havia deixado Kyra e as crianças na mesa, e a decoradora havia recebido uma ligação de sua mãe aparentemente.

"Crianças, a minha mãe ta me ligando... Eu vou ali rapidinho atender pra ver se é alguma coisa séria e já volto, tudo bem?"

"E a gente vai ficar aqui com a Petra?" Mosquito chiou.

"Ei!" a loira havia protestado.

"É bem rapidinho, prometo que não demoro, é só porque aqui ta muito barulho... Mas não vou nem sair da vista de vocês. Pode ser?"

Eles hesitaram mas assentiram, e a decoradora se retirou, pedindo a Petra que ficasse de olho nos dois quase num tom de ameaça.

A loira revirou os olhos, mas logo havia tido a ideia e se animou. Os dois pestinhas encaravam Kyra que, quando alcançou uma distância razoável da baderna das piscinas, atendeu o aparelho, então Petra precisou chama-los para conseguir a atenção dos dois.