• just go with it •

• put your lips close to mine, as long as long as they don't touch •

Rafael estava ansioso.

Não que isso fosse algo incomum ao empresário, mas ele tinha mais de um motivo pra isso. Estava ansioso para ir para Cancun. Ansioso para formalizar as coisas com Kyra. Ansioso para finalmente expandir a Labrador no Basil.

Mas parecia que Deus, o destino ou o que quer que estivesse no comando de sua vida estava determinado a não facilitar as coisas para o lado do empresário. Nem um pouquinho.

Primeiro havia sido aquela palhaçada de passaporte, que Rafael ainda mal podia acreditar que havia realmente acontecido. Como ele havia deixado aquilo passar? Logo ele que sempre fora tão organizado? Tudo bem que ele estava em processo de mudança de volta para sua terra natal, mas ele não era desatento desse jeito. Nem ele conseguia explicar a confusão. Parecia realmente intervenção de alguma entidade maligna. Pra piorar, Kyra ainda tinha vindo com aquela história de não estabelecer compromisso por enquanto...

E Rafael entendia. Ela queria ir devagar, e estava no seu direito.

Mas aquilo era um pouco... Não Kyra. Ela aparentava ser muito parecida com a Kyra que ele havia namorado e que conhecia como a palma da sua mão anos antes, com os mesmos planos e aquela alegria e inocência que encantavam tanto Rafael. Isso havia ficado claro no primeiro encontro deles. Mas aquela história de ir devagar já mostrava pra ele que nem tudo estava igual. Kyra era impulsiva, principalmente quando se tratava de amor. Era romântica, intensa, sensível e doida para se casar. Era o seu maior sonho, e ele tinha plena convicção de que, se fossem um pouquinho menos ajuizados e dependesse só da vontade da morena, os dois teriam se casado aos 18 anos. Por isso mesmo essa decisão de levar as coisas mais devagar, sem rótulos, era um tanto... surpreendente. E isso não era algo necessariamente ruim. Ele sabia que após tanto tempo ela com certeza teria mudado um pouco e amadurecido, claro, era natural, e ele estava disposto e animado para conhecer essas mudanças.

Mas obviamente o pedido o deixara um pouco inseguro, especialmente por ter vindo em meio a uma viagem em Cancun com seu ex-marido.

Tudo bem que havia sido presente de Rafael e que eles eram modernos e maduros e pareciam ter uma relação muito civilizada e respeitosa, que ele realmente admirava muito. Era incrível de verdade de se ver. Mas justamente por ser uma relação tão próxima e pacífica, ele não conseguia deixar de sentir uma pontinha de preocupação. E não ajudava o fato deles não estarem se falando muito.

Não que fosse culpa dela, claro. Ela estava em Cancun com os filhos, o empresário não esperava que ela ficasse no celular o tempo todo nem nada assim, e ele também não estava no direito de querer isso. Eles haviam concordado que não haveriam cobranças, afinal, e Rafael não queria que Kyra se sentisse pressionada, então estava evitando enchê-la de mensagens.

Mas ás vezes ele tinha a impressão de que ela não estava nem sentindo sua falta.

Pelo menos em breve ele finalmente estaria com ela, em apenas dois dias, e então podia tirar essas minhocas de sua cabeça. Nesse meio tempo, no entanto, estava tentando focar na empresa, o que a princípio tinha funcionado para reduzir a sua ansiedade. Mas nada havia preparado Rafael para aquela situação.

Havia começado de forma tranquila e corriqueira. Ele e Renzo haviam ido no prédio onde seria a sede da empresa para dar uma olhada na obra e ajustar algumas coisas com a arquiteta em questão. Depois disso haviam seguido para um restaurante onde se reuniriam com um empresário. Os dois estavam atrás de possíveis investidores para a Labrador e aquele tinha sido um dos mais interessados, precisavam garantir esse contrato. Após ir ao banheiro, Rafael encontrou Renzo no bar do estabelecimento, ainda aguardando.

"Olha, vou te falar uma coisa: eu sei que você ficou meio bolado aí com essa história do passaporte, mas ainda bem que aconteceu. Vai ser mais fácil fechar esse contrato com os dois sócios presentes, passa mais confiança" Renzo comentou, pouco após o amigo se apoiar no balcão ao seu lado.