30 - Você não tem roupa decente em casa não?

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- Amora, eu preciso sair para encontrar Lázaro e seu pai. É melhor você ir para casa. - respiro fundo, já enviando mensagem para o cara da faxina do prédio.

Ela respira fundo e assente.

- Tem razão. Tenho que ir atrás do meu noivo. - Sorri provocativamente, mas dava para perceber algumas lágrimas contidas em seus olhos.

Ando cuidadosamente em direção a porta, e abro, para que ela possa sair.

- Então vai, Amora. Mete o pé! - aponto para fora - e da próxima vez que vir aqui, se esforce para usar uma roupa descente.

Ela revira os olhos e vai andando até a saída, mas antes, faz questão de parar poucos centímetros de distância do meu rosto e fala:

- Vai se foder, seu babaca - sorri amargamente, já não conseguindo segurar as lágrimas.

Ela bate a porta com força, me fazendo estremecer. Beleza, eu havia me enfiado em uma merda do caralho. Aonde estava com a cabeça de inventar um relacionamento com Daniele? Meu Deus, não acreditava que essa garota ainda mexesse tanto comigo a ponto de provocar esse meu lado inconsequente.

Beleza, agora eu havia me enfiado na porra de uma verdadeira furada, e precisaria do apoio de Daniele, senão passaria como o otário, infantil e mentiroso. Não que não estivesse sendo isso tudo, mas realmente não estava afim de voltar atrás no que havia dito.

AMORA

ESCROTO DO CARALHO! BABACA, RIDÍCULO! FILHO DA PUTA! Saudade? Porra, só podia estar de sacanagem. Ainda tentei me segurar quando esse escroto falou isso, mas foi impossível. Não seria eu se não tivesse partido para cima.

Lidar com tanta mudança tem sido tão desgastante que até esqueci de entrar em contato com Elioth. Para piorar, ainda tive que lidar com essa falsa admissão de saudades. Olha, só Deus na minha vida.

Não me contive em bater a porta de casa com força, e, assim que entrei, me joguei com tudo no sofá. Eu precisava colocar a cabeça no lugar, só não sabia como. Era muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e, sinceramente, eu não tinha noção de como começar a lidar com isso.

Estava com tanta raiva que nem me liguei que estava desde o horário do almoço sem sequer entrar em contato com Elioth para dizer se estava bem. Até me sentiria culpada por isso, se não estivesse tão puta com sua reação ao ver aquela ridícula da Daniele.

Não conseguia entender o que essa macotinha queria. Se está em um pseudo relacionamento com Henrique – preciso me segurar muito para não revirar os olhos ao pensar nisso – por que reagir daquela forma ao ouvir sobre um possível noivado? Porra, que mulher confusa do caralho. Justo estar junto desse babaca.

Enfim, mesmo com os nervos a flor da pele, eu precisava conversar com Eli. Tínhamos que colocar os pingos nos i's, e, por mais que me envergonhasse muito, também precisava comentar sobre o noivado. Foi uma reação inesperada, até para mim mesma, mas não tinha como voltar atrás... Senão Henrique iria pensar que disse aquilo apenas para alfineta-lo. Não que não seja verdade, mas jamais admitiria isso em voz alta.

Beleza, foda-se eu. Agora tinha que resolver o que havia provocado. Depois de alguns minutos tentando elaborar uma boa desculpa para contar para Elioth, desisto e simplesmente ligo.

— Eli?

— Porra Amora, finalmente! Nós precisamos conversar!

— Sim, precisamos. Tem como você vir aqui?

— Para ser sincero, eu já estou no elevador.

— Uou, rápido.

— Estou nervoso com toda essa situação... E me sentindo culpado por você ter desmaiado daquela forma. Eu não queria ter te estressado.

— A culpa não foi sua...

— Eu sei que foi Amora.

Ouço batidas vindas da porta e, ainda com o celular na orelha, corro para atende-la.

— Não foi — Abro a porta e dou de cara com ele.

Elioth me encara e desliga do celular.

— Foi Amora, e me desculpe por isso — Entra e me abraça com força —, eu imaginei que nunca mais a encontraria novamente — diz, se referindo a Daniele.

— Admito que foi extremamente desconfortável ver aquela mascotinha montando em você — Desvencilho-me e fecho a porta.

— Não fala assim dela, Amora — Ele me encara, emburrado, o que me deixa ainda mais irritada com a situação.

— Ah, então te incomoda o fato de estar chamando sua namoradinha de mascotinha? — debocho, me jogando no sofá.

— Não é isso Amora..., é que ela não tem culpa dessa confusão toda. Eu prometi que a esperaria — o encaro com a sobrancelha arqueada, já sentindo meus olhos encherem de lágrimas —, mas te conheci nesse meio tempo. As coisas mudam, e os sentimentos também.

— É bom saber disso, porque agora todos acham que somos noivos.

— Como assim? — Eli me olha, com um sorriso confuso desenhado em seu rosto.

— É que fiquei tão puta com a situação que acabei falando que somos praticamente noivos. Tirando que meu pai estava perguntando se estou grávida — reviro os olhos. Está certo que foi mais para provocar Henrique do que qualquer outra coisa, mas aquela mascotinha também foi um dos motivos.

— Devo considerar isso um pedido de noivado? — Ele sorri.

— Não tenho anel — dou de ombros.

Ele pega um clipe de papel, transforma em um circulo e se ajoelha em minha frente.

— Amora Bragança, você daria a honra de ser minha noiva? 

Doce como Amora ✔️Where stories live. Discover now