29 - Por que ninguém me avisou?

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Ela queria ser atriz, mas as oportunidades não eram boas no Brasil, então foi tentar a sorte fora. Um tanto quanto corajosa, porque, na minha opinião, aquela atitude era como dar um tiro no escuro. Mas quem sou eu para julgá-la, né? Acabou não dando certo, então ela virou garçonete.

Com a partida da amada, Eli entrou em depressão, mas aos poucos foi deixando a ideia de tê-la novamente para trás e, quando percebeu, tinham se passado três anos, que foi quando começamos a namorar. Ele jurou que havia superado, mas sua reação exagerada ao percebe-la me fez duvidar um pouco. Ótimo, mais um problema. Agora o amor da vida do meu namorado estava de volta, e eu teria que lidar com isso de uma forma madura e responsável. Só não sabia como.

Respirei fundo e encarei o teto, tentando me livrar daquela sensação de que tudo estava prestes a desmoronar. Eu precisava colocar a cabeça no lugar. Queria ser capaz de pensar em alguma solução, mas meus pensamentos estavam tomados pelo medo de perder Eli e lembranças dos momentos que passei com o babaca do Henrique. Meu Deus, eu não merecia essa porrada do destino... Não mesmo.

Levantei-me depois de alguns minutos e fui até meu quarto separar minha camisola para tomar um banho, antes que almoço chegar. Minhas pretensão era dormir até o dia seguinte depois de estar devidamente alimentada. Que se dane, eu não estava bem paga ver ninguém.

Fiz questão de colocar o celular no modo avião, evitando todo tipo de contato com qualquer pessoa. Eu precisava espairecer, e a única companhia capaz de me ajudar nisso, era a minha.

**

Depois que termino de comer, volto para meu quarto e me jogo na cama, ainda me debulhando em lágrimas. Porra, o que estava acontecendo comigo? Nunca tive tanto medo de perder alguém quanto estava agora. Ou será que rever Henrique depois de tanto tempo tinha alguma influência naquilo. Por Deus, eu nunca estive tão confusa. A vontade que tinha era de sumir e nunca mais aparecer.

Enquanto soluçava, fiquei olhando para o teto por um bom tempo, perguntando a Deus quais eram os seus planos para o meu destino, até que finalmente acabei dormindo. Sinceramente, aquilo foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, porque aquela mistura de sentimentos estava doendo demais.

HENRIQUE

Noivos? Sério? Porra, como assim? Não que eu me importasse, mas caralho... Era um pouco difícil de acreditar. Amora é uma garota tão nova e inteligente, não tinha porquê se amarrar a alguém dessa forma. Eles estavam juntos a quanto tempo? Três meses?

Beleza. Por algum motivo eu estava extremamente puto, o que conseguia me estressar mais ainda. Daniele precisava de mim. Por sorte, ela não tinha ido longe, e, antes que precisasse correr feito louco pelas escadas, reparei ela estava sentada logo no início, o que realmente me poupou tempo.

— O que houve, Dani? — Perguntei, enquanto me sentava ao seu lado. Ela estava com a cabeça apoiada nos joelhos, chorando como se não houvesse amanhã. Partia meu coração vê-la daquela forma.

— Porra, Henrique... É o Eli... O meu Eli. Não consigo acreditar que ele esteja noivo de uma qualquer. Ele prometeu me esperar. Caralho, Henri... Ele prometeu.

Fiquei sem palavras durante um tempo. Preciso admitir que falhei em não ligar uma coisa a outra, mas estava cansado. Odeio viagens de avião.

— Puta que pariu, cara. Isso é uma merda.

— Põem merda nisso. E aquela era a Amora, né?

— Em carne e osso — bufei — somos dois fodidos.

— Como se sentiu em vê-la novamente? — Dani me encara, limpando as lágrimas que ainda teimavam em escorrer de seus olhos.

— Como você se sentiu em ver Elioth com outra?

Doce como Amora ✔️Where stories live. Discover now