28 - Ele estava de volta

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Era tão bom acordar, virar para o lado e sentir sua quentura. Se pendesse de mim, poderíamos viver pelo resto da vida daquela forma. Passamos uma manhã preguiçosa, até a fome finalmente nos alcançar.

Levantei, coloquei Baco – Exu do Blues: te amo desgraça, e me joguei no sofá, a procura de alguma refeição que me agradasse no aplicativo. Eu estava com uma calcinha box preta e o blusão cinza de Elioth. Antes de vir até mim, aquele homem gostoso se preocupou em colocar uma calça de moletom, até porque meu pai poderia cismar de entrar a qualquer momento.

Depois de alguns minutos, decidimos pedir um churrasquinho. A cerveja já estava na geladeira, o que nos restava era esperar chegar.

Eis que nesse meio tempo, uma gritaria do caralho começa a vir do apartamento do meu pai, o que chegou me causar tonteira. Desde que meus pais se divorciaram, ele tem se arriscado em uma vida dividida entre trabalho e mulheres, então fazia questão de vigia-lo. Sim, ele tinha sua própria vida, mas me preocupava o suficiente pare que permanecesse vivo.

Encarei Elioth com os olhos arregalados, e ele logo entendeu minha preocupação. Fomos rapidamente até a porta, já preparados para o pior. Não me surpreenderia se o marido de alguém estivesse o caçando..., apenas precisaria entender a melhor forma para lidar com toda aquela merda.

Fomos calmamente até a porta, evitando fazer barulho. Ele foi pela direita e eu pela esquerda. Ambos estavam nervosos, e os gritos apenas se intensificaram. Quanto mais perto chegávamos, mais estranha a situação se tornava, porque o que antes parecia choro, agora havia se tornado gargalhada.

Após resistir por alguns minutos, finalmente consigo abrir a porta. Lázaro, os gêmeos e Janna, meu pai e uma mulher de cabelo castanho comemoravam como se o Brasil tivesse conquistado uma copa do mundo. Um frio estranho alcançou a boca do meu estômago.

Elioth percebeu minha reação e deu um passo à frente.

— O que está acont... — encara a baixinha de cabelos castanhos — Dani? O que você está fazendo aqui? Não estava morando nos Estados Unidos?

A mulher, que agora sei que se chama Daniele, se vira para meu namorado e simplesmente corre em sua direção e pula em seu colo, agarrando seu corpo com toda a força que conseguia.

Encarei os dois, que agora estavam abraçados e se encarando, com o rosto a apenas um palmo de distância, e emburrei a cara no mesmo momento.

— Que porra está acontecendo aqui?

Elioth coloca Dani no chão, vira seu corpo em minha direção e sorri.

— Lembra da minha ex namorada? Daniele? Aquela que se mudou para os Estados Unidos? — Aponta para a mulher — Pelo visto ela está de volta.

— Ah — segurei para não revirar os olhos — que reação... animada — forço o sorriso. Todos nos encaram, constrangidos, entendendo o clima pesado que havia alcançado o ambiente.

— E da onde vocês a conhecem? — Pergunto me dirigindo ao meu pai, ignorando completamente o mal estar.

Lázaro anda em minha direção, como se quisesse me dizer alguma coisa, mas logo é interrompido por um homem de óculos escuros e blazer formal passando pela porta do apartamento do meu pai.

Ele estava de volta. Henrique. Filho da puta.

Senti a porra de uma crise de ansiedade misturada com pânico e raiva alcançarem a boca do meu estômago e, antes que pudesse reagir de alguma forma, acabei desmaiando. Ótimo. 

HENRIQUE

Assim que desembarquei do avião ao lado de Daniele, demos de cara com Igor, Lázaro, Janna e os gêmeos, rodeados de balões e um cartaz com os dizeres "SEJA BEM-VINDO DE VOLTA".

Doce como Amora ✔️Where stories live. Discover now