23 - Noite dos rapazes

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Engulo em seco, respiro fundo e dou um sorriso malicioso.

— Estava fodendo com uma gostosa há umas semanas. Foi ótimo.

— Eu lembro dela! — diz Igor, sorrindo — Lázaro, tinha que ver! A mulher saiu daqui desnorteada!

— Ah... Não estava falando dela — sorrio — bem lembrado! Estava fodendo com duas gostosas.

Lázaro me encara, sério. No fundo, ele sabia a verdade, mas não queria me pressionar para que falasse e, sinceramente, estava agindo bem. Aquele era um segredo que seria levado comigo ao túmulo.

— Eu sou teu fã! — Igor dá um tapa no meu ombro — Mas continuo achando que você precisa transar — sorri.

— Também tô achando! — diz Lázaro, tentando entrar na brincadeira.

Se tem uma coisa que ele não conseguia disfarçar era sua desconfiança. Tudo indicava que aquela noite seria longa.

***

Entramos no carro e Lázaro foi dirigindo. A realidade era que a vida estava uma verdadeira bosta. Tinha que ignorar meus sentimentos por Amora convivendo com ela mais do que deveria. Pior: teria que vê-la maravilhosamente linda se envolvendo com outras pessoas e não fazer nada sobre. Portanto, nada mais justo do que encher o cu de cachaça. Se fosse para sofrer, que fosse para fazer isso bêbado.

Sobre Igor, era um consenso geral de que ele não era confiável quando se tratava de boates. Sem dúvidas daria um perdido. Amava meu amigo, mas quando se tratava de mulher, ele era um puta cuzão.

Fiquei o caminho todo forçando risadas, enquanto os caras falavam sobre coisas que deveriam ser engraçadas. Em outros momentos até seriam, mas minha mente não estava ali... não naquele momento.

Assim que saímos do carro, sinto um calafrio de leve alcançando a boca do meu estômago. Porra, que inferno, eu realmente não estava acostumado a lidar com sentimentos.

AMORA

Coloquei um vestido tubinho prata, tomado por paêtes. Por baixo, usava uma langerie bem sexy vermelha. Depois do papelão que passei com Henrique mais cedo, precisava mais que nunca arrastar alguém para minha cama para esquecê-lo.

Essa tática tem me ajudado nas últimas duas semanas. Não tanto quanto deveria, porque quando era tocada, a visão dele por baixo me vinha em mente e, quando menos esperava, nossas fodas tomavam conta de meu pensamento. Inclusive, durante uma das sessões de sexo, acabei chamando o cara de Henrique. Eu e essa mania de passar vergonha.

Era difícil admitir, mas sim, eu estava apaixonada por ele. Não queria, mas era a verdade, e isso me assustava, porque eu não costumava criar sentimentos tão rápido por alguém. A questão é que Henrique era diferente de uma forma que não conseguia entender. Juro que pensava que não passaria de uma provocação boba, mas cá estou eu, me martirizando por conta dessa merda toda.

Quando expôs que estava apaixonada por ele enquanto estávamos chapados mais cedo, Mahmoud apenas colocou em palavras os sentimentos que estava fazendo questão de fingir que não existiam até sumirem em algum momento. Agora que foi dito, era impossível ignora-los. Quer dizer, quase. Eu resolvi deixar tudo aquilo de lado e seguir minha vida. Estava tudo indo muito rápido e, a tendência era piorar.

Assim que sai do banheiro, Mahmoud me olhou de cima a baixo e soltou um assobio.

— Amiga, você está extremamente gostosa. Juro que se gostasse da fruta, chupava até o caroço.

Seguro a risada por alguns segundos, mas era impossível. Não aguentava com aquele garoto.

— Garoto, depois do mico que passamos com Henrique mais cedo, o mínimo que tenho que fazer é ficar bem gostosa para dar para algum desconhecido — dou de ombros, enquanto vou em direção ao meu quarto para procurar alguma bolsa que combine com minha roupa.

— Aí, Amora... Você é louca, sabia? — me segue até o quarto — Só estando muito louca mesmo para me levar na casa do boy daquele jeito! — solta uma gargalhada — Você acha que ele não vai se importar com o que houve?

— Mah, pelo que conheço daquele ranzinza, ele deve ter desistido de mim de vez. E isso é até bom, porque aproveito esses sentimentos que tenho e enfio no cu. Chega de sofrer.

— Aí amiga, do jeito que você fala dele, haja cu para enfiar, em?

Olho para ele, dou um sorrisinho de lado e mostro o dedo do meio. Mahmoud tinha razão... Haja cu. Ele me encara de volta e solta uma gargalhada estrondosa. Era muito bom estar me reaproximando de alguém que jamais deveria ter me afastado.

Depois de um tempo, escolho a bolsa e Mahmoud coloca uma roupa maravilhosa. O rapaz está de blusa de botões com estampa de girassol e calça jeans escura. Seus cachos castanhos estavam perfeitamente alinhados. Sem dúvidas nós dois voltaríamos com boys para casa.

Helena passou de carro para nos buscar por volta das nove horas. Tínhamos que chegar cedo para ocupar bons lugares na área vip. Quando chegamos, minha amiga precisou estacionar um pouco distante da entrada porque aquilo estava simplesmente lotado. Puta que pariu, se tudo desse certo, daria merda. Meu fígado que lute, pois hoje estava à mercê de Dionísio.

Fomos caminhando até a entrada VIP e atraímos alguns olhares tortos. As pessoas não gostavam de ver os outros "furando" a fila. Mas que se fodam, nós tínhamos pulseiras.

Percebi que o destino queria falar comigo no momento em que entramos naquele lugar e começou a tocar "Habits (Stay High)", da Tove Lo. É, Henrique..., eu realmente me manteria chapada o tempo todo para poder te esquecer.

Senti a música percorrer o meu corpo, e, em menos de cinco minutos, já estava dançando. Percebi que atraia olhares, e isso era bom. Gostava de ser observada.

Um rapaz alto, de porte forte, cabelos e olhos pretos se aproximou, já me segurando pela cintura. Encaro suas mãos e fecho o semblante. Não gostava de ser tocada daquela forma por desconhecidos.

— E aí, gata... posso me juntar a você?

Quando estava prestes a nega-lo, presto atenção na letra da música, que parecia conversar comigo.

Can't go home alone again
Need someone to numb the pain
You're gone and I got to stay high
All the time to keep you off my mind

Respirei fundo, forcei um sorriso e, sem respondê-lo, agarrei sua nuca e puxei sua boca contra a minha, lhe arrancando um beijo quente. Sua língua roçava na minha e, por mais que não quisesse admitir, aquilo estava sendo melhor do que pensei que seria.

Pelo visto a noite seria longa, porque estava disposta a encher a cara e esquecer dessa merda toda. Feliz aniversário para mim.

***

TRADUÇÃO DO TRECHO DA MÚSICA

Não posso ir sozinha para casa de novo
Preciso de alguém pra anestesiar a dor
Você se foi e eu tenho que ficar chapada
O tempo todo para manter você longe da minha mente

Doce como Amora ✔️Where stories live. Discover now