14 - Estava falando dos gemidos dele

Start from the beginning
                                    

Henrique abre a boca, mas nenhuma palavra sai. Tinha conseguido surpreendê-lo, e aquilo foi o máximo. Sem dúvidas havia aprendido a lição de jamais tratar uma mulher como estava me tratando. Tudo aquilo me magoava, mas nada que não pudesse ser superado na cama com outro. Era o momento de aproveitar tudo aquilo que abri mão tantas vezes.

A noite seria ótima e era grata a Henrique por isso, afinal, sem ele, jamais saberia como me abrir para novas experiências sexuais seria maravilhoso. O que começou com uma brincadeira, havia se tornado uma porta de entrada para o mundo das descobertas mais gostosas e inimagináveis.

Estava ansiosa pela minha noite com Roger. Enquanto reunia minhas coisas, apenas imaginava como aquele rapaz seria na cama. Será que seria tão bom quanto Henrique? E o tamanho, será que era maior? Não que isso importe, mas meu chefe era bem dotado... Cheguei me assustar. Enfim, sei que não é certo comparar, porém era inevitável. Mal podia esperar por aquele momento.

HENRIQUE

O termo "foi de cair o cu da bunda" nunca se adequou tanto a uma situação como naquele momento. Minhas suspeitas sobre Amora e Roger foram certeiras e, para melhorar, teria que ouvir seus gemidos entusiasmados do outro lado do corredor. Pelo visto a noite seria longa.

O dia seguinte seria minha folga, ou seja, faria questão de comprar uma garrafa de vodka e assistir um bom filme, a sós. Geralmente, iria em algum bar atrás de afeto físico, mas meu corpo estava saciado com a noite anterior. 

De qualquer forma, não me importava. O dia tinha sido cansativo e eu realmente precisava esticar o corpo sobre o sofá, me embriagar e assistir um bom filme de comédia romântica. Era bom ver outras pessoas vivendo tudo aquilo que abri mão para mim.

Vez ou outra me pego pensando se realmente quero ter a vida distante de uma família e filhos. Não achava que aquilo era importante para vencermos, mas deve ser bom chegar em casa e encontrar pessoas que te amam esperando por sua presença.

O único lado ruim de viver sozinho era esse: muito tempo para pensar, e como minha mãe sempre diz: "mente vazia é oficina do diabo". Por mais que quisesse me martirizar com minhas próprias escolhas, teria que deixar para outro momento. A porta do meu apartamento estava levemente encostada e todas as luzes acesas. Ótimo, era só o que me faltava. Ser assaltado.

Percebo alguns gritos vindos do apartamento de Amora e reviro os olhos. Pelo menos alguém estava tendo uma noite boa, diferente de mim. Respiro fundo e reflito sobre como agir. Depois de alguns minutos, chego a conclusão de que não teria outra alternativa: eu teria que ver o que estava acontecendo antes de tomar qualquer atitude.

Entro em silêncio no local e percebo que tudo ainda está em sua perfeita ordem. Pelo visto, o ladrão tinha um alvo especifico. Como a entrada fica na cozinha, antes de seguir atrás do possível invasor, peguei minha frigideira antiga e fui, na cara e na coragem.

Ouço um leve miado vindo do meu quarto, o que me deixa bastante confuso. Quando me aproximo, percebo cabelos cor de marsala jogados pela minha cama, unidos a um corpo de bruços, que não parava de soluçar. Amora.

— Garota, o que você está fazendo no meu quarto? — pergunto, de braços cruzados, impaciente. Por mais que nossa relação tenha sido um tanto quanto intima, nada justificava tal invasão. Não é como na noite anterior, em que fui abaixar o volume da música. Ali, tinha certeza de que Amora estaria em casa.

A garota se vira e expõem um grande hematoma próximo ao olho direito.

— Que porra está acontecendo? — largo a panela no chão, sento ao seu lado e seguro seu rosto pelo queixo, para que pudesse visualizar bem o machucado.

— A namorada do Roger... — soluça e coloca a mão sobre o roxo.

— Por Deus, Amora... está se envolvendo com homem comprometido? — reprovei, enquanto ia à cozinha pegar um pouco de gelo.

— Eles estavam separados... mas, de acordo com ela, eu estava atrapalhando na reconciliação do relacionamento — soluça.

Foi então que percebi que a garota estava quase nua, enrolada em um cobertor fino branco. Provavelmente o fato teria acontecido pouco antes de minha chegada.

— Então ela te agrediu? — pergunto, nervoso. Era difícil ver qualquer pessoa naquela situação, quem dirá a filha de um dos meus melhores amigos.

— Ah, Henrique... Ela me meteu a porrada mesmo. Bateu com vontade! Roger até tentou segurar, mas ela bateu nele também. A menina parecia estar possuída.

— E como você reagiu? — perguntei, enquanto pegava uma blusa para que a garota vestisse. Pelo que pude perceber, a única coisa que preenchia seu corpo além do cobertor era uma calcinha estilo cueca preta..., bem diferente da que ela usava durante a tarde.

— Deixei os dois discutindo e sai assim que ela focou nele — funga, fazendo careta.

— Então eles ainda estão lá? — pergunto, entregando a blusa  — Use isso — ela sorri como resposta e coloca em seguida.

— Não escutou nenhum barulho enquanto estava passando em frente à porta? — pergunta, envergonhada.

— Pensei que estava se divertindo com Roger.

— Isso é porque você já ouviu meus gemidos — me encara, emburrada.

— Hoje foquei em outra coisa, né? Não é muito normal chegar em casa e encontrar a porta aberta. Pensei que haviam arrombado meu apartamento. A propósito, como conseguiu entrar? – Pergunto, curioso.

— Tem uma chave embaixo do tapete.

— Faz sentido. Mas Amora, voltando ao assunto principal — me aproximo um pouco mais — O que acha de chamarmos a polícia? Ela pode ser presa em flagrante.

— Sério? — arregala os olhos e respondo que sim balançando a cabeça — Então liga, pelo amor de Deus. 

Doce como Amora ✔️Where stories live. Discover now