7 - O que Amora estava fazendo no seu quarto, Henrique?

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- Boa noite para você também! - Debocho.

Ela sai rindo e com o dedo do meio levantado e, para minha infelicidade, Igor já estava na sala, aguardando sua chegada.

- O que Amora estava fazendo no seu quarto, Henrique? - esbraveja, vindo em minha direção.

- A mini alcoólatra que você tem em casa queria tomar banho quente e, como o pai dela queimou o disjuntor, teve que vir aqui. - reviro os olhos - Agora tem como sair do meu quarto? Estou precisando jogar uma água no corpo e dormir! - digo, irritado.

O homem me encara com os olhos semicerrados.

- Estou de olho em você.

- Sai daqui Igor, antes que eu te expulse de vez!!! - digo, o empurro para fora e fecho a porta do quarto. Dessa vez não cometi o erro de deixar destrancada.

Demorei alguns minutos para assimilar tudo que havia acontecido naquela noite. Por pouco não perdi a razão com Amora. Agora, mais que nunca, teria que evitar contato com a garota. Pela minha amizade com Igor.

AMORA

Foi divertido provocar Henrique e, sinceramente, se não fosse a chegada de meu pai, faria mais, só para ver até onde aguentaria. Foram boas horas, das quais Lucas não visitou meus pensamentos.

Agora que estava ali, deitada naquele sofá desconfortável, um emaranhado de sentimentos me atingiram em cheio, juntamente às dores no maldito pé. A sensação de ter sido usada embrulhava cada vez mais meu estômago. Ou será a bebida? De qualquer forma, a vontade de vomitar alcançou minha garganta em uma velocidade impressionante.

Respirei fundo, segurei o enjoo e deixei as lágrimas de redenção caírem. Percebi depois daquela noite que vivi de uma forma que julgava "correta" à toa, tudo por conta de ensinamentos de minha avó. Mas não a culpo, afinal, fui eu que embarquei no navio do "sexo depois do casamento".

De qualquer forma, seria muito interessante viver experiências novas com pessoas que nem conheço. Querendo ou não, sou uma garota jovem, portanto, devo a mim mesma essa explosão de liberdade. Ali pude perceber que precisava construir um novo rumo para minha vida..., mas qual?

Não fazia mais sentido continuar trabalhando na empresa de meu avô, tendo em vista que o salário era baixo. Além disso, convenhamos que seria extremamente desagradável estar diariamente no mesmo lugar que meu quase ex-namorado depois de tudo que vivemos nesse bendito Baile de Gala.

Respirei fundo e encarei o teto. Sabia perfeitamente o que deveria fazer, mas não tinha coragem, muito menos vontade. Porém, pelo visto, não tinha outra saída. Era difícil admitir, mas teria que pedir uma vaga de emprego para o meu pai.

***

Dei graças a Deus quando o brilho do sol começou a surgir pelas brechas da cortina. Estava tomada pela ressaca e ansiedade pela conversa que teria sobre a vaga de emprego com meu pai.

Me arrumei e preparei um café da manhã com as coisas que Henrique tinha na cozinha. Era impressionante que, apesar de viver sozinho, o homem tinha de tudo um pouco, sendo em sua maioria cerveja. Aguardei sentada à mesa enquanto meu pai não acordava. Pensei algumas vezes em chamá-lo, mas não queria provocar seu mau humor matinal com minha ansiedade em excesso. Quando estava prestes a desistir, ouvi a porta do quarto em que estava hospedado ranger. Aquele seria o momento. Respirei fundo e esbocei o sorriso mais sincero que podia.

- Bom dia, pai! Sente-se, preparei o café da manhã para você.

- O que você está querendo, em? - pergunta, enquanto coça sua cabeça calva.

Doce como Amora ✔️Where stories live. Discover now