3 - Acho que meus pais estão ficando loucos

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- Pois é exatamente isso que farei ao sair daqui! - levanto, orgulhosa.

- Só pague antes, em? Você é minha amiga, mas não gosto de cliente caloteira.

- Até parece que não me conhece! - reviro os olhos e tiro a quantia em dinheiro da bolsa.

- UAU! Tá podendo, em? - diz, enquanto contava as notas.

- Trabalho para isso, né? - dou de ombros - Até a próxima! - mando um beijo.

Estava ansiosa pra ver meu quase namorado. Chamei um táxi e, com o coração acelerado, pedi para o motorista ir o mais rápido possível.

Lucas estava na casa dos 25 anos e já morava sozinho há um tempo. Vez ou outra nos encontrávamos em seu apartamento, e tínhamos uma tarde ótima de "love love". Sempre sorrio ao lembrar de nossos momentos.

Resolvi fazer uma surpresa e usei a chave que ele escondia embaixo do tapete para entrar. Por Deus, a ansiedade tomava conta de meu estômago.

Assim que abro a porta, ouço barulhos de mola. Meu coração palpitou com tanta força que fiquei sem ar. Não queria acreditar que o que estava pensando realmente estivesse acontecendo. Agora entendia o porquê de minha mãe atirar vasos de cerâmica em meu pai, pois minha vontade ali era a mesma.

Fui até o quarto na força do ódio. Para minha infelicidade, exatamente o que imaginei estava acontecendo. Lucas e uma loira de farmácia estavam aos gritos na cama.

- Agora entendi o porquê de seu pedido de namoro ser tão adiado - Jogo a chave na cama e saio, sem olhar para trás.

Lucas até tentou me seguir, mas a nudez de seu corpo poderia o proporcionar uma multa de atentado ao pudor. Cheguei em casa por volta das nove horas da noite e percebi um silêncio fora do normal ali. Subi as escadas e bati na porta do quarto de minha mãe.

Quando entro, encontro a mulher em prantos, chorando de soluçar. Por Deus, não é possível que todas as mulheres dessa família sejam completamente fodidas quando se trata de homens.

- O que houve? - Pergunto, enquanto também não conseguia conter as lágrimas.

- Botei teu pai para fora de casa - dá um soluço - E com você? - dá leves batidas na cama, para que eu me deitasse ao seu lado.

- Encontrei Lucas na cama com outra. Agora entendi o porquê de o pedido de namoro não ter acontecido - dou um sorriso irônico.

- Que merda.

- Põem merda nisso. E aonde meu pai está? - pergunto, preocupada. Por mais que tivesse vacilado, estávamos falando de meu pai.

- Está na casa de Henrique.

- Hum... - reviro os olhos.

- O que? - soluça.

- Nada. A senhora vai ao Baile amanhã? - Mudo de assunto.

- Sinceramente? Não. Estou precisando de um tempo distante de seu pai.

- Te apoio em qualquer decisão.

- Obrigada por isso, meu amor! - dá um sorriso forçado.

- Quer que eu durma aqui?

- Sem dúvidas - sorri, enquanto se deitava sobre meu braço.

O fato de Henrique ser um homem solteiro aos 33 anos era um fator para me preocupar com a estadia de meu pai em sua casa. Por mais que negue, sei que o influencia de alguma forma, afinal, todo homem casado quer levar uma vida de garotão. De qualquer forma, ficaria de olho. Era melhor que aquele cara não vacilasse, pois, para ser sincera, faltava apenas uma faísca para que eu explodisse merda para todos os lados.

HENRIQUE

Não é como se eu odiasse essa merda de Baile de Gala. Eu apenas não conseguia me importar, afinal, tinha coisas mais importantes para fazer, como colocar meu sono em dia. De qualquer forma, já não dava mais para arrumar algum motivo para não ir, afinal, Igor decidiu acampar no meu sofá. Às vezes é foda ser um bom amigo.

Assim que abro a porta de meu quarto, ouço um alto barulho de fritura vindo da cozinha. Espero que, pelo bem de sua saúde física, Igor não tenha arranhado minhas panelas novas.

— Me diz que você não está usando minha frigideira nova — encosto na entrada da cozinha.

— Quando você se tornou um homem tão reclamão, Henrique?— cruza os braços e me encara.

— Presta atenção no que você está fazendo, cara! — o empurrei para o lado e tomei o controle da panela. Igor deu de ombros e sentou-se à mesa.

— Você parece minha mãe — resmunga.

— E quando você volta para casa, em? — pergunto, enquanto viro o ovo.

— Não faço ideia. Amora me mandou mensagem dizendo que Larissa não vai ao baile. Era só o que me faltava. — suspira.

— E sua filha vai? — pergunto, curioso.

— Por que o interesse? — arqueia a sobrancelha.

— Ô seu idiota, se Larissa não for, ela pode te acompanhar — viro-me em sua direção, transtornado.

Por mais que aquela garota fosse um pedaço de mau caminho, estava fora de cogitação criar qualquer tipo de interesse por ela, afinal, era a filha de um de meus melhores amigos. Tirando isso, tem a diferença de idade. 15 anos é um longo espaço de tempo.

O encarei durante alguns segundos, incrédulo com a acusação que havia recebido.

— Porra Igor, você vem na minha casa, dorme no MEU sofá e me acusa de ter interesse sobre sua filha? — repreendo.

— Ah cara, me desculpe. Amora está crescendo... já virou mulher, linda por sinal. É tão desgastante ter que peitar esses tarados todos os dias, que já fico no modo de ataque.

— Está perdoado — olho emburrado para a frigideira — valeu, bonitão. Agora o ovo está queimado. — desligo o fogo e jogo a panela na pia — A louça é sua.

Igor bufa e vai em direção a pia.

— Sabe no que estava pensando? — pergunta, enquanto colocava as luvas de borracha.

— Lá vem — digo, enquanto pego uma cerveja na geladeira e me dirijo até a sala.

— Você podia tirar aquela tralha toda do quarto de hospedes, né? Já que vou ficar aqui por um tempo... — sorri, esperançoso.

O encaro com uma careta, tentando digerir seu pedido. Por que fui abrir a boca naquele dia? Seria mil vezes mais fácil ser odiado por Larissa do que abrigar Igor por alguns dias.

— Por que não fica na casa de Lázaro? — Dou um gole na bebida, enquanto sento-me no sofá.

— Você só pode estar de sacanagem, né? — começa a passar a esponja de aço em minha frigideira nova. Senti o ódio percorrer minhas veias — esqueceu que ele e Janna estão tentando engravidar? Não estou a fim de ouvir meu amigo fodendo — ele esfregava cada vez mais forte a louça.

— Cara, deixa que eu lavo essa panela — Levanto rapidamente, deixo a cerveja na mesa e tomo seu lugar —. E se eu trouxer uma mulher para casa? Não iria me ouvir transando?

— Aqui seria um dia. Lá seriam todos — diz, saindo imediatamente de meu caminho.

— Nisso você tem razão — observo os arranhões na minha panela. Que ódio, era de inox — Vou tirar as caixas, mas com uma condição — o encaro, de braços cruzados.

— Qual? — dá uma golada em minha cerveja.

— Você vai comprar a porra de uma frigideira nova. ESSA VOCÊ ARRANHOU TODA! — esbravejo.

Igor me encara e não consegue segurar a gargalhada. Depois de alguns segundos, acabo cedendo e rio junto. Por mais que fosse um idiota, meu amigo era gente boa.


Doce como Amora ✔️Onde as histórias ganham vida. Descobre agora