• the best of times, the worst of crimes •

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Pelo menos essa pergunta já era esperada.

"Ah, é que o avô do Alan, biso das crianças, mora com eles numa casa grande que os meninos adoram.... onde eu também morava, claro." Ela se lembra de acrescentar, de ultima hora "Eles tavam muito acostumados com o espaço e com a presença do seu Ignácio. E ele tem Alzheimer, então os meninos tinham muito medo de deixarem de morar lá e o avô esquecer dos dois" Ela repete o discurso que tinham combinado. "Aí acabamos acordando assim, mas eles ficam comigo pelo menos uns três dias na semana também, e eu sempre que posso passo lá pra ver os dois"

"Você deve morrer de saudade"

"É, mas a gente tinha que fazer o que fosse melhor pra eles... Se adaptar a essas mudanças é sempre complicado, ainda mais pra criança"

"Eu bem sei" Rafa assente. "Mas vocês realmente parecem ter achado um jeito de fazer funcionar. Pelo que você me contou, parece uma dinâmica super saudável pra eles, dentro do possível. Você e o Alan estão realmente de parabéns"

"Obrigada... O Alan é incrível mesmo. Paizão. Ele trabalha muito, mas ama os filhos incondicionalmente e é uma pessoa maravilhosa"

Rafael franze o cenho. "Achei que você tivesse dito que ele era meio complicado. Advogado e tal"

"Ah...." Kyra enrijece, meio sem graça tanto pela contradição quanto por ter despejado elogios a Alan, que teoricamente era seu ex, na frente de Rafael. "...Ele é complicado num relacionamento. Sabe, sem condições. Mas como pessoa ele é ótimo. Melhor ex" Ela se interrompe "Quer dizer, além de você, claro. Mas você não é mais meu ex. Meu Deus, não que a gente esteja namorando nem nada assim. Não que eu não queira! Mas eu sei que a gente não conversou sobre isso, e eu não quero te pressionar. Nossa, eu não consigo mesmo ficar de boca fechada" Ela fecha os olhos, mortificada. Rafael ri.

"Eu adoro esse seu jeito atrapalhado" ele deposita um selinho nos seus lábios "E por mim é namoro sim. Depende de você"

Ela estava prestes a responder, quando as crianças chegam correndo, com Alan logo atrás. "Chega de beijo, eca" Mosquito reclama.

"Tem uma família de cisnes super bonitinha no lago, a gente tava escolhendo os nomes deles" Queen conta, sentando no colo de Kyra.

"Deixa eu adivinhar: todos cantores pop?" a garotinha assente, e kyra a abraça "Então eu vou tentar adivinhar, peraí... A mamãe cisne era... Rihanna?"

"Não" mosquito ri.

"Não? Poxa, mas a mamãe tinha tanta cara de Rihanna!"

"A mamãe tem cara de Beyoncé!" Queen a corrige, dando risada.

"Agora os filhotes, tenta acertar" Mosquito desafia. "Papai, não vale dar dica"

"Eu to quietinho aqui" Alan levanta as mãos em rendimento, logo se sentando ao lado do filho na toalha estendida.

"Hmm, deixa eu pensar... Taylor Swift?" Kyra arrisca.

"Claro que não, a gente guarda esse nome pra uma gatinha" Queen revira os olhos "Você não entende nada do mundo pop"

Todos dão risada, e assim o tempo vai passando tranquilamente. As crianças tomarem cuidado para não se referir a Kyra diretamente – nem pelo nome, nem como mãe – era proposital. Assim como, ela desconfiava, o jeito mais quieto e contido que o normal de Alan, que parecia se limitar mais a interagir com as crianças, apenas fazendo um ou outro comentário com Kyra e Rafael. Ele provavelmente continuava com medo de fazer alguma besteira, o que era perfeitamente compreensível, e até um pouco fofo da parte dele. Felizmente, tudo ocorreu da melhor maneira possível e, após horas no parque se divertindo, Kyra já estava mais relaxada e dando graças a Deus pelo sucesso daquela tarde, quando Mosquito viu um vendedor de picolé passar.

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