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"Um skate? Não sabia que você era tão radical assim. Você sabe andar?"

"Não, por isso mesmo eu quero também as aulas com um professor muito bom incluídas no pacote"

"Ta bom" Kyra riu. "Fechado. Aulas e um skate bem legal pro Mosquito e um estojo de pintura e repaginada no guarda-roupa pra Queen!"

Alan encarava a cena ainda um pouco estupefato. "Tem certeza, Kyra? Eu posso pagar, é um pouco de abuso..."

"Alan, eles estão me ajudando de verdade. E realmente não é nada demais, vai. Eu até quero retribuir mesmo, fica tranquilo." Ela se virou para os dois pequenos mais uma vez. "E aí? Temos um trato?"

Os dois se entreolharam uma última vez. "A gente vai ter que chamar você de mãe?"

A pergunta saiu numa voz muito mais frágil do que ele mesmo estava acostumado a ouvir de seus filhos, o que fez o coração de Alan apertar. Ainda era muito difícil para as crianças ter que lidar com a perda da mãe tão cedo, e o pai sabia bem o quanto eles sentiam falta da Roberta... Tanto quanto ele. Era uma dor que não passava nunca e, mesmo que você se acostumasse com ela, remexer na ferida sempre ia ser dolorido. Para a sorte dele, no entanto, pela expressão no rosto de Kyra e a forma como seu corpo amoleceu, ele tinha quase certeza que o questionamento havia causado um efeito parecido nela "Se vocês não se sentirem confortáveis com isso, tudo bem. Eu invento uma desculpa pro Rafael, certo?" a voz dela era mais mansa do que nunca.

"A gente vai tentar, pra ficar parecendo de verdade... Mas pode ser que a gente não consiga"

"Não tem problema, meus amores" ela sorriu de maneira reconfortante "Eu entendo. Não precisa forçar, ta bom?"

Eles assentiram, um pouco mais confiantes.

"Ta, só mais uma coisa. Última condição"

"Vocês tão muito exigentes" Alan reclama, já preocupado com o que pode vir por aí.

"É importante" Mosquito disse, encarando Kyra no fundo dos olhos. "Você não pode namorar com nosso pai. A gente não quer uma nova mãe de verdade, ninguém vai tomar o lugar da nossa!"

Agora sim o rosto de Alan queimava, e ele queria muito um buraco no qual pudesse se enfiar. "MOSQUITO, que ideia é essa?!? M-mil desculpas Kyra eu não..."

"I-imagina" só então ele notou que ela também estava vermelha e agora o encarava, envergonhada. "E-eu entendo a preocupação deles... N-Não que faça sentido! Faz zero sentido, sentido nenhum! Imagina, a gente namorando. Loucura!" Ela se interrompeu, nervosa. "N-não que namorar com você seja loucura, você é ótimo, cavalheiro e muito lindo, mas-" Ela parou de novo e Alan sorriu, pego de surpresa pelos elogios. "E..eu.. Ai, D-desculpa. Eu não quis dizer isso. Quer dizer, não que você não seja tudo isso, você é, eu só..." Ela tentou respirar fundo, mas continuou atropelando as palavras. "Ah, quer saber, a gente não tem 5 anos, né, você é bonito mesmo e t-tudo bem falar isso, é só um elogio inocente, não tem nenhuma outra intenção por trás. Até porque eu tenho namorado, né? Ou quase isso"

"É" Foi tudo que Alan disse, se divertindo com a confusão da morena apesar de ainda estar bem vermelho. Ela pareceu continuar um pouco atordoada por alguns segundos, os olhos castanhos e brilhantes ainda presos nos seus por um breve momento antes que ela mesma quebrasse o contato quase abruptamente.

"O que quer dizer que você não precisa se preocupar, Mosquito, não vai acontecer! Ta bom?" Ela concluiu, se virando para o garoto. "Sem namoro. Eu garanto!"

Ele apertou os olhos. "Acho bom"

"Então fechado." Queen estendeu a mão, seguida do irmão, e Kyra apertou ambas, selando o acordo mais maluco que Alan já tinha presenciado em todos os seus anos de advocacia.

• just go with it •Where stories live. Discover now