𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 20

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Estar na garupa da moto naquele dia não pareceu tão apavorante como na primeira vez

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Estar na garupa da moto naquele dia não pareceu tão apavorante como na primeira vez. Joshua pilotava mais devagar e havia pouquíssimos carros indo ou vindo; o dia estava nascendo e a brisa fria empurrava meus cabelos para trás.

Eu estava usando minha camisola, mas Joshua havia me emprestado uma camisa de mangas compridas que coloquei por cima da minha roupa de dormir.

Quando Beauchamp estacionou a moto e o cheiro do mar me invadiu, senti que nada mais importava. Havia uma vida imensa ali, uma maré de sentimentos bons capaz de me arrastar para uma realidade menos terrível.

Bem menos terrível.

— Lindo, não é?

Assenti.

— Obrigada por me trazer aqui.

Josh suspirou e parou ao meu lado.

— Eu sempre venho aqui quando quero conversar com o meu irmão... Jaden adorava praia e ele me trouxe aqui algumas vezes.

Olhei-o de soslaio e suspirei profundamente.

Ele havia me levado a um lugar especial para ele, como no dia em que fomos ao orfanato e ele me deixou conhecer outro lado dele. Joshua estava se mostrando para mim e eu me sentia feliz por isso, mesmo que não houvesse explicações para isso.

— Seu irmão era um rapaz bem especial.

Ele riu e, sem que eu pudesse me dar conta, estávamos de mãos dadas.

Nossos dedos se entrelaçavam perfeitamente.

— Ele era mesmo. — Sorriu e depois apontou para adiante com o queixo. — Vamos nos sentar lá na frente, não podemos perder o espetáculo do nascer do dia.

Beauchamp tinha razão, era de fato um espetáculo.

Por estar presa na mansão, eu acabava perdendo tantas coisas que me davam muita felicidade. Há quanto tempo eu não pisava na areia da praia? Há quanto tempo meus olhos não viam aquele céu maravilhoso que parecia brotar do mar e vice e versa?

No fundo, eu sentia falta daquilo.

Quanto mais o dia avançava, mais o céu parecia uma paleta de cores que se misturavam formando uma tela renascentista. Eu mal conseguia parar de olhar para o misto de cores que me inebriavam e me faziam perder toda a noção.

Era o nascer do dia mais lindo que já tinha visto.

Meus dedos estavam enfiados na areia branca e o mar ia se aproximando, mas logo voltava para seu lugar de origem; era como se ele estivesse se espreguiçando, como um gato que acabou de acordar e estica seu corpo peludo, demonstrando preguiça, mas ao mesmo tempo acordando para um novo momento.

O mar se refazia em si mesmo.

Só notei que estava sorrindo quando Joshua afastou meu cabelo para trás da orelha e me encarou.

𝑰𝒎𝒐𝒓𝒂𝒍 - 𝑨𝒅𝒂𝒑𝒕𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒂𝒏𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora