𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 18

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Em vinte e seis de fevereiro de dois mil e doze, um jovem de dezessete anos foi morto por um vigilante em Sanford, Flórida, nos Estados Unidos

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Em vinte e seis de fevereiro de dois mil e doze, um jovem de dezessete anos foi morto por um vigilante em Sanford, Flórida, nos Estados Unidos. Na ocasião, não havia testemunhas e, aparentemente, havia sido apenas um tiroteio que acabou vitimando o rapaz - que, até então, não estava fazendo nada além de ir visitar a noiva do pai, em um condomínio.

O vigilante que ficou nacionalmente conhecido, George Zimmerman, foi levado a julgamento. E, até então, todos achavam que não havia testemunhas, mas foram surpreendidos, pois a jovem Rachel Jeantel, que falava com a vítima ao celular na hora dos tiros e que tinha escutado parte da discussão, apareceu no tribunal para testemunhar a favor do amigo.

Mas lá estava a virada de jogo que aprendi no curso de direito ao estudar esse famoso caso; a defesa de George havia usado a técnica de inquirição cruzada e, depois de perguntas sinuosas e palavras corretas jogadas no momento certo, a testemunha foi largamente desacreditada e Zimmerman se viu livre de qualquer acusação.

A defesa do vigilante soube dançar no ritmo certo para ludibriar e confundir Rachel Jeantel e, dessa forma, sair vencedora do caso. (Mesmo que George tenha sido culpado e, para além disso, os canais de TV da época falavam de crime de racismo. Mesmo com muitos protestos, não houve mudança na sentença.)

E foi exatamente nesse caso que pensei quando entrei na sala e vi Bay desesperado.

Uma boa técnica da inquirição cruzada era fazer o oposto do que a testemunha fazia; Por isso, enquanto Bailey falava apressado e nervoso, me mantive calma.

Eu precisava que ele acreditasse que eu realmente queria ajudá-lo.

Passei anos sendo enganada por essa família de idiotas e não passaria mais nenhum segundo bancando a estúpida. Mas, claramente, eu não podia falar tudo que vinha à minha mente. Se eu agisse errado, só Deus sabe o que meu marido faria comigo.

Por isso lhe prometi que pensaria numa forma de esconder melhor aquelas coisas e, depois, o ajudaria com a exposição que ele estava organizando. Prometi que ficaria do lado deles. No momento eu só precisava saber de tudo e, no exato instante que eu estivesse com as passagens compradas, eu denunciaria aquela corja nojenta.

Bay não sabia, mas na época em que ele começou a lucrar mais e mais e me pediu para ajudá-lo a comprar um belíssimo hotel cinco estrelas em Cancún, eu coloquei toda a papelada em meu nome e pedi que ele apenas assinasse. Meu marido confiava em mim a ponto de sequer ler o contrato.

Agora aquilo iria me valer de algo.

Poderiam bloquear todas as contas da família e barrar a venda de todos seus imóveis, mas não daquele, pois tínhamos decidido que seria um negócio à parte e, na época, pagamos em espécie.

Sem rastros.

— Eu nem sei o que dizer, Deusa... Eu jamais imaginei que você ficaria do meu lado. Eu pensei que... Pensei que você me odiaria.

𝑰𝒎𝒐𝒓𝒂𝒍 - 𝑨𝒅𝒂𝒑𝒕𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒂𝒏𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora