𝑰𝒎𝒐𝒓𝒂𝒍 - 𝑨𝒅𝒂𝒑𝒕𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒂𝒏𝒚

𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 19

Minha mãe nunca havia aceitado meu casamento com Gabrielly, mas ela e meu pai só precisavam entender que, independente do que dissessem ou fizessem, eu jamais iria desistir da única mulher que verdadeiramente amei.

Passei muitos anos da minha vida me especializando em economia porque era o que o meu pai sonhava e, em contrapartida, deixei de lado meu sonho de ser músico. Tudo pelo bem da família e dos negócios. Estudei como um maluco para passar nos exames finais de um curso que eu sequer gostava e, no fim, tudo que ganhei foram tapinhas nas costas e uma responsabilidade maior ainda: Ser exatamente como meu pai.

Mas quando conheci a Any Gabrielly naquela boate, longe de todas as minhas amarras, distante do medo e das pressões dos meus pais, me vi pela primeira vez vivendo realmente. Os olhos dela me hipnotizavam mais do que seu belo corpo.

Ela sempre teve uma liberdade no olhar que eu jamais entenderia.

Foi a primeira vez que enfrentei minha família.

Eu me casei com ela.

Mas enfrentar meus pais não era o melhor a se fazer sempre, pois eles podiam ser bastante cruéis e, sinceramente, foi por isso que poupei Any da verdade sobre a minha família e sobre o que fazíamos além de vender obras de arte.

Se fizessem algo com ela, eu morreria. Eu precisei poupá-la a todo custo, até que ela descobriu.

E, por mais que eu explicasse para os meus pais que ela não iria nos trair, eles ficaram furiosos quando souberam que ela havia descoberto tudo.

— Você é um idiota! — Meu pai bradou enquanto andava de um lado para o outro no meu escritório, na mansão. — Eu não sei por que confiei em você. Estava na cara que você nunca seria bom o suficiente. Nunca!

Minha mãe, que até então permanecia perplexa demais para falar, ficou de pé e passou a mão pelo tecido da saia que usava para tirar os vincos.

— Eu sempre soube que aquela mulher iria achar uma forma de ferrar com a nossa família. — Murmurou.

Balancei a cabeça, porque sinceramente não conseguia acreditar que estivessem falando aquelas coisas.

— A Gabrielly me ama, mãe. Ela jamais iria fazer algo para nos prejudicar.

— Não? Tem certeza? Por que poucos dias atrás ela praticamente me jurou que iria te fazer ficar contra nós dois e iria arrancar tudo o que temos.

Eu ri. Se minha mãe achava que iria me fazer acreditar naquelas coisas, estava enganada.

— A Any nunca faria ou diria isso. Por que a odeia tanto, mãe? Ela nunca te fez mal!

Minha mãe riu, mas não havia humor.

A sala parecia pequena demais e mesmo com o arcondicionado ligado, eu sentia o suor escorrer pelas minhas costas.

— Ela não te ama, meu filho. Aquela mulher só quer o nosso dinheiro! — Mamãe retrucou, nervosa.