𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 10

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Any estava bastante calada e eu realmente estranhei isso, mas algo me dizia que tinha haver com o fato de ela estar segurando com toda a força que tinha as minhas roupas e, consequentemente, o meu corpo

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Any estava bastante calada e eu realmente estranhei isso, mas algo me dizia que tinha haver com o fato de ela estar segurando com toda a força que tinha as minhas roupas e, consequentemente, o meu corpo.

Quando estacionei a moto em frente a um casarão antigo e a ajudei a descer, ela respirou profundamente e ajeitou os cabelos que se assanharam por causa do capacete, depois passou a mão pelo belo vestido azul e me encarou. Confusa.

- Parece ainda mais pálida que o comum. - Gracejei.

Ela fez uma careta.

- Eu vi a cara da morte e, sinceramente, ela não é nem um pouco bonita! Por Deus! Porque você pilota como se estivesse fugindo do inferno?

Eu não pretendia, mas acabei rindo.

- Não gosta de adrenalina?

Gabrielly estalou a língua, retomando aquele lado perverso, apesar de ainda parecer pálida demais.

- Só na cama.

- Então, se te incomoda tanto a velocidade com que piloto minha moto, pode voltar de táxi para a sua festa maravilhosa.

- Não vou voltar, Beauchamp. - Ralhou. - Mas que diabos viemos fazer aqui? Que casarão antigo e velho e cheio de possíveis bactérias e pobreza... Arg!

Balancei a cabeça para afastar a súbita raiva. Eu precisava entender que aquela mulher jamais entenderia o outro lado, o lado que não vive de jóias absurdamente caras e carros do ano. Respirei fundo e respondi:

- Todo natal eu venho aqui. - Respondi. - É um lar para crianças que foram abandonadas, órfãs... Minha mãe sempre vinha aqui, ela disse que cresceu em um desses e que quando foi adotada, jurou que jamais deixaria que outras crianças tivessem um natal solitário, como ela mesma teve. - Any me olhava com os olhos levemente arregalados, mas depois sua expressão se suavizou. Ela sorriu. - Quando ela começou a ficar mais velha, meu irmão e eu começamos a vim no lugar dela. Esse ano ela está fora do país, na casa de uns parentes, então eu... Eu acho que essa é uma forma de estar mais perto dela e, consequentemente, do meu irmão.

- Me desculpa. Eu... Eu não sabia.

Sorri, pois era natal e no natal as luzes ficam mais intensas e brilhosas, assim como tudo que há em nós. Como se, ao invés de sentimentos, houvesse uma multidão de borboletas no nosso estômago voando para todos os lados... Quando Any pegou na minha mão, uma borboleta linda bateu as asas dentro do meu estômago.

- Você se importaria de entrar um pouco? Eu prometi que faria uma coisa para eles hoje.

Ela assentiu prontamente.

- Com todo prazer, Beauchamp. Com todo prazer.

Sorri mais uma vez e só me dei conta que estávamos andando de mãos dadas quando cruzamos a porta e precisei soltar a mão dela para pegar uma das crianças no colo.

𝑰𝒎𝒐𝒓𝒂𝒍 - 𝑨𝒅𝒂𝒑𝒕𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒂𝒏𝒚Where stories live. Discover now