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Dois meses.
Eu tinha apenas dois meses para me vingar, mas a cada dia que se passava, eu sentia a coragem se esvair de mim, como se fosse grãos de areia que escorre entre meus dedos.
Any Gabrielly não merecia seu final. Mas meu irmão também não mereceu o final que teve.
Jaden era o melhor irmão do mundo. Jaden era o meu orgulho, meu irmão mais novo, meu eterno protegido, mas quando ele mais precisou de mim, eu não pude fazer nada. Tão pouco consegui impedi-lo de aceitar esse maldito emprego de segurança.
Meu irmão achava que deveria crescer pelas próprias pernas, por isso não aceitou emprego em uma das minhas lojas. Ele sempre me teve como exemplo, por isso também desejou começar de baixo.
Mas aquilo... A forma que ele morreu... E o pior, os malditos dos May's, sequer deram atenção para o fato do meu irmão ter morrido para defender o tal de Bailey, como se a vida dele valesse mais do que a vida de um jovem sonhador que tinha o sonho de um dia ser um grande policial.
Meu irmão estava pra prestar concurso... Tinha uma vida linda pela frente.
No entanto, ele estava morto e tudo que tivemos foi uma carta e uma coroa de flores.
Pro inferno com isso!
Minha mãe havia caído numa depressão profunda e eu tive que mandá-la para a Itália onde a nossa família estava, porém não fui com ela. Eu precisava encerrar esse maldito ciclo, nem que pra isso eu fosse preso.
Entretanto, me infiltrar naquela casa não tinha sido fácil e, pior ainda, cuidar dos meus negócios estando em outra cidade era pior ainda, mas eu não perderia a chance de vê-los chorando e se lamentando assim como minha mãe e eu choramos e lamentamos.
Não havia meios legais de fazê-los pagar, pois eu bem conhecia os riquinhos daquela laia, logo estariam por ai, soltos. Então, a melhor forma de acabar com aquilo era com as minhas próprias mãos.
Onde mais doeria no tal de Bailey.
Matando a esposa dele.
Joguei as pernas para fora da cama e me levantei, caminhei até a janela e depois voltei para a cama. Era muito tarde, mas eu não conseguia parar de pensar nela. Na Any Gabrielly.
Ela tinha o sorriso mais lindo e sedutor, quase como se fosse uma bela rosa, uma rosa daquelas que você não consegue tirar os olhos, mesmo que queira muito; e, por falar em olhos... Aqueles malditos olhos de gato. Olhos de ressaca de chocolate... Olhos castanhos que pareciam sempre prontos a zombar do mundo e, mesmo que tivesse visto as maiores tragédias, ainda permaneceriam puros e límpidos.
Passei a mão pelo rosto.
Eu não podia pensar tanto nela.
Peguei minha garrafinha de água que estava vazia e sai do quarto. Eu precisava de água gelada.
