VINTE E UM

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Tiros acertados no meio do alvo. Jade abaixou a arma e sorriu com as palmas dos amigos. Lavandro tinha um olho roxo e alguns curativos pelo rosto. Os dois não sabiam bem quando haviam se perdoado, mas haviam voltado a conversar aos poucos. 

— Se ela atirasse em mim, eu agradeceria. — Leravieve comemorou balançando as mãos ao lado do rosto. Os três olharam para ela, incrédulos. — Desculpa.

— Faltam quantos dias? — Indagou a mais nova dali, colocando a arma no quadril.

— Exatos oito dias para o quinto mês. — Lavandro lembrou, pegando o calendário do bolso e contando seus riscos de caneta.

Eles comemoraram nos dias anteriores, o aniversário de Jade. Era curioso saber que ali fazia dezesseis anos, enquanto na Terra ainda tinha quinze. Mas o tempo passou rápido, foram quatro meses de treinamento. Quatro meses que ela caiu em cima do óculos de Felygis, três meses que conheceu Isis e Andriena, que se lembrava todos os dias antes de dormir. E dois meses que descobriu que na verdade Trillix não era perfeito como imaginava, um mês que ela tinha certeza disso.

— A Feiticeira gostou da ideia de cuidar das crianças? — Jade brincou, se referindo a eles. Enquanto desciam da torre e caminhavam na direção do bar, vazio.

— Não muito, não gosta do pessoal do Leste. Coisa de família. — O menino respondeu. Abrindo a porta do local e indo até o balcão.

— Coisa de família? Então você também não gosta deles?

— Nem é muito por isso. É que a menina cisma em culpar minha mãe por ter pegado o lugar dos irmãos dela, eu também não me orgulho disso. Mas toda vez que elas estão perto já rola indireta da parte dela, até quando Florena estava doente. Ela sempre chama a atenção para ela. Ainda sai chorando, sabe, já foi. Séculos que isso aconteceu e ainda não superou a morte dos irmãos. Todo mundo perdeu alguém especial, não foi só ela. — Opinou, lavando os copos.

— Meus pais, os pais dos gêmeos, a mãe de Ari, os pais de Plonno e da Feiticeira. Eram avós muito bons para Lavandro, Ari… nem sei se chegaram a conhecer bem os gêmeos. — Leravieve acrescentou.

— Nós fomos o que menos perdemos, aí você fala "mas Lavandro, então no que vocês podem opinar?" E então eu te falo: não sei. Só sei que nós perdemos todos os dias, nunca vai ser tudo perfeito. Você acha que não tem oitenta por cento de chance de eu morrer? Claro que tem. De todos morrerem. Lamentar a perda é pior, pois te distrai do objetivo. No que a Lohan está se preparando? Em caçar comida no meio da guerra? Isso é o de menos. Só atrapalha.

— A galera do Norte e Sul também não tem preparação nenhuma para guerra. — Arizona rebateu o primo, com um sorriso malicioso no rosto.

— Ou seja, ponto para o Oeste. — Ele sentou no banco de frente para as meninas, virando o copo de suco com álcool na boca.

— Eu juro que se a Jade escolher ficar em outro lado quando nos separarmos, eu vou dar muita risada dela. — A platinada fez todos rirem.

— A vantagem está toda nas fadas do Sul, queria eu ser uma, iria voar e ninguém ia me ver nunca mais. — Jade passou o dedo pelo copo de suco, engolindo seco. Seu coração acelerava toda vez que pensava em guerra, não sabia com o que estava se metendo. O que é Grillix? Quem são? Quantos são? Quais são?

— Nessas horas eu queria ser o Plonno, quentinho no quintal. — Lavandro riu sozinho, sem perceber que nenhuma das garotas havia rido. Olhou sem graça para Ari, sussurrando um "desculpa".

— Que piada ruim! — Ela respondeu, gargalhando.

— Eu jurava que ela ia cometer um assassinato. — Lera riu, caindo no ombro de Jade. Rindo até as barrigas doerem.

Depois de muita conversa, eles chegaram no castelo. Onde eram divididos os quartos de cada um. A mais nova ficou com o segundo maior, que era de Arizona, a menina ficou no quarto do pai. Lavandro no quarto reserva junto com Lera, em camas separadas.

Jade se aproximou da janela e tocou o vidro, olhando para o quintal simples com a pedra, escrito "R.I.P D'Plonno II"

E os dias passaram voando quando ela menos queria. O chuveiro foi instalado no bar para os novos hóspedes, eles limpavam todos os cantos, preparando a mesa de jantar para a comida que chegaria com o Leste.

Lavandro batucava os dedos sobre o papel na mesa, onde já estavam feitos 29 riscos.

Era noite, bem tarde. E eles se encaravam na mesa, balançando as pernas e roendo as unhas. 

— Alguém vai dormir? — Lera perguntou inquieta.

— Não. — Eles responderam.

— Eu acho que também não.

Fazia frio, Jade fechada sua jaqueta de couro, colocando as luvas na frente do espelho. Jogou os cabelos ondulados para trás, depois passou a franja para trás da orelha. Mordeu o lábio inferior e caminhou até a porta branca, abrindo ela.

Leravieve que passava bem na hora, parou, quase tremendo de nervoso.

— Estou bonita? — Perguntou. Sem o uniforme de todos os dias, ela usava uma calça jeans escura, uma blusa de manga longa cinza, um cordão de ouro, brincos pequenos e os cabelos soltos. Bem espalhados e com uma presilha simples.

— Muito, diferente. É bom te ver sem o uniforme. — Jade sorriu, dando o braço para a pequena segurar.

— Igualmente. — Estendeu o braço para Arizona que corria pelo corredor, com os cabelos presos em um coque despojado, jóia fina passando pela testa, como uma pequena coroa. Vestido longo e branco, simples, mas que caía bem em seu corpo.

— Senhoritas, acho que nossos convidados chegaram. — Lavandro apareceu no final do corredor, arrumando a jaqueta jeans.

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Interação: O que esperam do quinto mês?

Norte, Sul, Leste & Oeste|| Trillix e a Pedra do Tempo.Where stories live. Discover now