DEZOITO

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Dias atrás.

Recapitulando todos os dias, de trás para frente. Naquele mesmo dia que Florena ficou no castelo.

— Avisaremos seu guardião que está segura e já pode ir embora. — Plonno falou sentado na cadeira. — Gostaria de comer algo?

Florena suspirou de alívio, dando um sorriso e aceitando o café. Foi guiada por Arizona até a cozinha, lá foi servido uma xícara de café, suco e enrolados de tomate azul. Não trocaram muitas palavras, mas ambas eram simpáticas e se deram bem. Depois de longos minutos comendo na cozinha, elas voltaram para a sala principal. 

— Aguarde pelo meu servo, ele te levará para a casa. — Falou naturalmente, como se não tivesse falando do sobrinho.

A loira juntou as mãos na frente do corpo e ficou em pé por um tempo, ao lado da sala. Até o rapaz de cabelos escuros e molhados chegar correndo, fazendo uma reverência de desculpas ao líder. O mais velho apontou para Florena. 

Foi uma conexão muito forte, choque de almas. Eles foram feitos um para o outro, almas gêmeas que se encontraram tarde, mas também no momento certo. O tecido de seu coração juntou-se em algumas pontas, não por completo. Deixando algumas falhas ainda pequenas. Os dois amoleceram por poucos segundos. Lavandro sussurrou algo inaudível, como se olhasse para um anjo. Vendo melhor a garota que levou até a casa no dia anterior, estava escuro, e ela escondia o rosto em seu peito, teve que tomar cuidado para não cair. Ele não sabia que ela é o amor de sua vida. Ela não sabia que seu o verdadeiro amor, estava na sua frente, e não no Norte.

— Senhorita. Me dê a honra. — Sorriu tímido, estendendo a mão. A loira retribuiu o sorriso, fazendo uma reverência a Plonno e pegando na mão de Lavandro.

Ele a ajudou a descer a escada, comemorando por Leravieve estar com Jade na torre. 

— A princesa é… de onde mesmo? — Ergueu a cabeça, caminhando no ritmo lento de Florena. 

— Norte, Ph'Florena. É um prazer de conhecer. — Corou quando ele pegou sua mão livre e deixou um beijo na sua pele. 

— A mais bela do Norte, o prazer é todo meu. Todinho. — Os dois riram desviando os olhares. 

Naquela tarde, Florena foi deixada em sua casa com um beijo na bochecha. Encantada pelo rapaz. Amando ter o servo de Plonno. Ele passou a ser a melhor companhia dos seus dias, sempre escapando do castelo e aparecendo na torre enquanto Jade trabalhava.

Do alto da janela, era possível ver Lavando mandando beijos disfarçados, a loira amava ver suas declarações. Acordava com pequenos corações feitos na parede da escada. Era deixado, todo santo dia, um coração de folha de árvore, escrito "Princesa do Norte"

Foram escondidas todas dentro da fronha do travesseiro, que ela escondia sempre que Jade chegava. Com peso na consciência por não contar, mas como ficaria os pensamentos da amiga ao saber que ela chorava por um, e no outro dia já tinha outro? Seria zoada por amar outro alguém tão rápido?

Ela só não sabia que Jade seria a última pessoa a fazer isso.

Em alguns dias eles arriscaram sair da torre, no primeiro, eles foram para a casa dele. Florena brincou com o gorila por pouco tempo, achando que a Feiticeira chegaria mais tarde. Mas ela estava sentada no quintal, em uma cadeira de balanço, fumando e ouvindo a conversa. A mulher sorriu divertida, fechando os olhos.

— Pensei que fosse serviço da Jade. — Implicou, assustando Lavandro que dava banho nos dragões.

— Pensei que você tivesse que ficar na torre, quietinha, sem sair. — Sorriu desafiador, apontando a mangueira para cima e fazendo uma pequena chuva cair pela cobertura. 

Florena riu, pulando nos braços do menino. Eles juntaram seus lábios em um beijo calmo, de saudades. Sob a chuva artificial na cobertura dos dragões. Florena levou as mãos até a nuca de Lavandro, separando o beijo e dando selinhos pelo seu rosto.

Depois de alguns minutos, eles correram para a torre. A loira entregou uma toalha para ele secar o corpo e fez o mesmo. Sentando na cama de Jade, com peso na consciência.

— Jade não ficará brava. — Pensou alto, ainda em dúvida daquele tópico.

— Eu não conheço Jade. Ela me dá umas patadas bem duras de lidar, um humor bem ácido e cortante. — Comentou fazendo a loira rir. — Mas eu não conheço ela. Você que conviveu mais, vocês têm um vínculo muito bonito. Eu admiro essa amizade. Se fosse minha amiga, eu contaria.

— E você contou para algum amigo ou amiga?

— Não. Tenho meus motivos. Um Oeste quando conhece alguém com interesses, precisa casar dentro de um mês. E não quero te pressionar, sei que gosta de outra pessoa. — Apertou os dedos, com um sorriso fraco no rosto.

— Outra pessoa? Eu sou apaixonada por você. — Florena balançou a cabeça intrigada.

Lavandro levou alguns segundos para raciocinar, olhando para a loira com um sorriso enorme. Beijou ela novamente, segurando as laterais da sua cabeça como apoio, feliz, separou alguns centímetros para falar:

— Eu também estou apaixonado por você, minha Princesa do Norte. — Ela riu com os olhos marejados, voltando a beijar ele. Até a porta ser aberta por Jade e suas amigas.

— O que é isso?

— Jade… — Lavandro soltou Florena.

Presente.

— Eu ia contar, eu ia contar hoje. Eu ia contar hoje. — Florena começou a chorar, indo até os pés de Jade, confusa e com uma expressão irritada.

Enganada. Traída. Tapeada. Enrolada. Baralhada.

— Nós íamos contar. — Ele tentou levantar a loira do chão, mas ela continuava agarrada nos pés da humana pedindo por perdão. 

Jade não se mexeu, não tremeu em nenhum momento. Erguendo o rosto para o menino na sua frente. Pelo silêncio assustador dela, Lavandro se afastou. Leravieve e Arizona ficaram confusas em relação ao que fazer, empurrando uma à outra pelas escadas.

— Pelo jeito já não é mais recente. Contar quando? Quando iriam contar? Quando a idiota não tivesse mais cara de idiota? Eu jamais julgaria vocês. Mas agora, já fica difícil. Não é todo dia que uma amiga esconde algo de você.

— Me perdoa, Jade, me perdoa… — Balançava as pernas da morena, chorando. — Você me julgaria, eu não quero parecer qualquer uma. Não queria te decepcionar.

— Decepcionou com a escolha errada, me decepcionou ao pensar que depois de todo esse tempo treinando meu emocional, minha empatia, honestidade, respeito e ainda por cima, lealdade. Você está a me chamar de egocêntrico! Está a me insultar de narcisista! Florena… a única narcisista aqui é você, egocêntrica ao pensar só no seu bem. — Apontou o indicador na direção dela, chorando, vermelha de raiva.

— Jade, não fala isso… — Lavandro foi cortado pela menina.

— Saíam da minha casa agora! Essa casa é minha, sempre foi minha. Debaixo do meu teto… enquanto eu recolhia merda de cavalo, enquanto eu me molhava dando banho em animal. Vocês aqui, na minha casa. Saiam agora! Eu nunca mais… quero ver vocês… 

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Interação: Amei o barraco, quem nunca né? Quem é a certa da briga? Jade ou Florena?

Me: Leravieve e Arizona que saíram correndo.

Norte, Sul, Leste & Oeste|| Trillix e a Pedra do Tempo.Where stories live. Discover now