VINTE

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Jade suspirou triste, ele tinha razão. Chutou a terra entre as pedras do chão e olhou de canto para o gorila comendo no armário.

— Você é bonito, mas se te verem aqui a coisa vai sujar para você também. — Fez um biquinho, colocando os pés do animal para dentro e fechando ele no armário. Empurrou o saco de areia até a porta e perguntou para ele. — Tudo bem?

Vandro resmungou baixo fazendo Jade sorrir e sair do estábulo. Voltou para casa quando o final da tarde já se aproximava, sentou no sofá ainda de uniforme, comendo um pedaço de carne. Apertou a ponta dos cabelos para a água escorrer, fechando os olhos e cantando mentalmente.

— Socorro! SOCORRO! — Leravieve gritava, e um tiro ecoou pelo Oeste. Jade abriu a porta e desceu correndo a escada, empurrando o portão com medo do que veria.

— Pai! Pai, por favor! Pai, não! — Plonno puxava a filha pela trança toda bagunçada, balançando ela com brutalidade e jogando no meio da terra. Arizona caiu com o rosto na mesma, cuspindo com nojo enquanto chorava.

Lavandro corria com as pernas e braços abertos desde sua casa, com uma espada na mão. Jade correu na sua direção para impedir, mas ele passou por ela. Apontando a espada na direção de Plonno.

O homem voltou a arma para o sobrinho atirando de raspão no seu ombro. Lavandro colocou a outra mão no machucado, levantando a espada para Plonno. 

Mas o homem caiu antes de ser atingido pela lâmina.

O corpo pesou sobre Lavandro, que pegou com dificuldade.

Longe, Leravieve abaixava a arma de flecha diferenciada, no alto da torre. 

— Pai… pai! — Ari se arrastou até o homem, colocando a mão no pescoço dele e chorando em seguida, puxando ele pelas roupas e abraçando Plonno. 

Lavandro tomou distância dos dois, largando a espada que caiu no chão e olhando para Jade.

— Está morto.

Jade levou o punho até a boca, andando lentamente até o local. Os gêmeos ruivos correram até o ex-líder, o menino acertou um soco no queixo de Lavandro que revidou dando outro na mandíbula dele. Jade correu junto com Lera até eles.

— Solta! Solta ele! — A humana pulou em cima deles, caindo sobre o ruivo e socando seu rosto. Lavandro a puxou pela armadura, jogando ela para outro lado. Voltando a brigar com o primo.

— Sua idiota, sempre é culpa sua! Não sabe dar valor no pai que… — A ruiva foi cortada por um soco de Arizona.

Leravieve puxou a morena para levantar, ela chorava de raiva, limpando o sangue da sobrancelha. A ruiva — cujo nome era Kalassa, irmã de Cassandro —, olhou brava para Jade, ainda no chão ao lado do corpo.

— Vai para a sua casa, você não tem nada haver com isso. — Jade massageou a cabeça, implorando por não ter mais brigas. Por mais que os outros dois continuassem se socando atrás delas.

— Nada haver? Nada haver? — Levantou aos poucos. Aumentando o tom de voz. — Quem é você, afinal? Que merda você pode falar sobre mim?

Ela inspirou fundo, olhando de relance para Lavandro e Cassandro. Antes de socar a boca de Kalassa, derrubando ela no chão. Jade subiu em cima dela, juntando as mãos em um aperto e batendo com força no seu rosto.

— Que. Você. É. Uma. Aproveitadora. — Finalizou pegando a raiz dos cabelos alaranjados e puxando na direção do seu rosto. — Só fazia isso por poder, o um velho faria de tão merecedor para uma idolatria dessa? Hein? Ele era rico. — Sussurrou a última parte, soltando a menina machucada no chão.

Kalassa levou as mãos até a barriga, olhando para o céu enquanto se engasgava com o sangue. Morta não. Nem perto. Mas assustada.

Jade pegou a espada de Lavandro e preparou ela para o ataque, indo até os dois que brigavam na parede do Castelo. O moreno erguia Cassandro com socos no estômago. O ruivo com dificuldade conseguiu ver pelos ombros do adversário, Jade e seu olhar desafiador, ao lado da irmã caída no chão. 

Ele foi deixado no chão, levantou correndo e foi até a irmã, colocando ela em cima do ombro e correndo para longe.

— Lavan… — Jade deixou a espada no chão. Lavandro caiu inconsciente aos poucos, ficando primeiro de joelhos e depois colando o rosto na pedra. — Lavandro!

Correu até o amigo, puxando ele para cima e jogando sua cabeça no ombro. Tentou levantar com dificuldade, se apoiando na parede e gritando pelo peso do rapaz. Ao levantar, passou o braço desse pela sua cintura, andando lentamente até o estábulo onde Leravieve e Arizona haviam entrado.

Lá elas lavavam o rosto com água da torneira. Jade deixou o menino em cima do feno. A platinada correu até ele, pegando em seu rosto e grudando suas testas.

— Me perdoa, Ari me perdoa! A culpa é toda minha, eu não devia ter feito aquilo. Eu errei, não tem como eu continuar aqui… aqui não é o meu lugar. Eu nunca fui do Oeste. — Jade chorou, caindo de joelhos ao lado da amiga. 

— Nunca foi sua culpa, Jade. Ele sempre fez isso. E me sinto péssima por estar feliz em não dizer "faz". Porque ele… ele… — Puxou o nariz vermelho, tentando não chorar de novo. — Ele sempre fez isso. Não faz mais, não fará mais!

Sorriu triste, abraçando forte Jade que já havia tirado a armadura. Elas apertaram o tronco uma da outra, mesmo chorando, a humana dava suporte a amiga através das palavras sussurradas em seu ouvido. Jade acariciou os fios negros da menina, afastando o abraço e passando a ponta dos dedos pelos machucados leves no rosto dela.

— Você não levou nenhum soco. — Ari riu. — Ninguém mais poderia ser tão do Oeste como você é. Não parece, mas o que você mais aprendeu de todos os lados foi a como se defender e atacar. Ninguém do Sul, Norte ou até mesmo Leste sairia intacto de uma briga. Sem levar um soco, nenhum arranhão. Porque o lema do Oeste é defesa em primeiro lugar, ganância, não aceitar perder. E você pode errar em relação aos sentimentos, bondade ou errar uma flecha em um animal. Mas você nunca, nunca vai errar na defesa. Na mão. Na espada. E em breve, uma arma.

— Onde você quer chegar com isso? — Jade sorriu, limpando uma lágrima que havia escorrido.

— Você será sempre bem vinda no Leste. A sua casa agora, é no castelo, comigo. — Apertou a mão da mais nova, batendo em suas costas. — Já vou entrar com a preparação de moradias provisórias aos outros lados.

— Pensei que eles ficariam em seus próprios lados.

— Meu pai sempre quis que o quinto mês fosse aqui, e eu não consigo pensar em outro lado. Aqui é que temos tudo, armas, roupas… A casa é de menos, vamos ficar no castelo. Sua torre fica para o Norte, a torre de Lera fica para uma parte do Sul, a outra parte fica com o Leste no bar. Lá tem espaço para os colchões, banheiro, bebidas, só precisa de um chuveiro.

O coração de Jade pulou só de pensar que a guerra já estava próxima. O final de sua jornada em Trillix. Já seria hora de voltar para o planeta Terra.

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Interação: concordam que a Jade se encaixa com o Oeste?

Norte, Sul, Leste & Oeste|| Trillix e a Pedra do Tempo.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora