𝑫𝒐𝒄𝒆 𝑨𝒎𝒐𝒓 - 𝐀𝐈𝐁 #𝟐

𝟓𝟑

-- O meu pai...ele arrumou outra mulher...- Usagi solta de repente.

Estamos nos preparando para sair do hospital, já que a única com ferimentos sou eu e pelo o que parece estou muito bem, a queda não teve tantos danos embora eu não saiba como.

-- Isso é ruim?- A olho.

-- Não, eu só...sei lá.- Dá de ombros parecendo desapontada.

-- Minha mãe continua com o merda do meu pai...- Karube murmura.

Eu sabia da história dele, na verdade todos nós sabíamos, com o passar dos anos revelamos uns pros outros até nossos segredos mais íntimos. O pai dele o batia desde os seus 12 anos de idade, sua mãe nunca fez nada e pelo visto continua não fazendo.

-- E a mulher com quem eu pretendia casar quando voltasse...ela se casou com outro cara.- Diz irritado- Pelo menos ela está feliz, não é?- Força um riso.

-- O meu pai só me falou de como meu irmão estava indo bem na empresa dele.- Arisu ri fraco- Nem nessa situação o assunto foi eu.

-- Minha irmã mais nova tá namorando um otário...brigamos.- Chishiya diz demonstrando raiva em sua voz.

-- Minha mãe se foi.- Kuina nos olha com os olhos cheios de lágrimas e a voz embargada- Cheguei tarde.

-- Eu sinto muito.- A olho.

-- Descobri que meus pais se separaram por causa do meu sumiço...- Say murmura- Eu...me sinto culpada.

Eu sabia que os pais de Sayuri se separariam um dia, na verdade todos que acompanharam de perto os acontecimentos da casa dela sabiam disso. Seus pais brigavam sempre, praticamente todos os dias, isso foi apenas um gatilho.

-- Meus avós eles...- Ann começa com a voz baixa- Eles pareciam bem sem mim.

Eu não iria dizer nada, meus parentes por parte de pai moram em Kyoto e eu nunca fui muito próxima deles, na verdade minha mãe costumava dizer que nem a própria família de meu pai gostava dele. Meus parentes por parte de mãe eu vi apenas uma vez, quando eu tinha 6 anos e fui pro carnaval no Brasil.

Lembrar da minha família é estranho, afinal não é todo mundo que diz "eu matei meus pais", prefiro dizer que sou órfã, o que não é bem mentira, eu nunca tive pais verdadeiros...eles eram uns bostas.

-- E nós recebemos boas-vindas dos policiais!- Niragi ri juntamente com Leon- Não vai rolar ficar em Tóquio.- Me olha.

-- Tá brincando? Acha mesmo que eu quero ficar mais tempo nessa cidade? Acho que 2 anos tendo ela só pra gente foi demais!- Rio.

-- Você tá certa!- Say me encara com um sorriso- Vamos embora!

-- O que?- Kuina a olha confusa.

-- Qual é? Você quer mesmo continuar morando aqui?- Olha pros outros- Vocês querem?

-- Com certeza não!- Ann ri.

-- Então vamos embora!- Leon se levanta animado- vVamos mudar, a gente compra uma casa grande e...eu e o Niragi trocamos de nome!

-- Você tá viajando!- Arisu diz rindo.

-- Não...pode funcionar!- Karube o olha animado- New York?

-- Boston!- Niragi opina.

-- Los Angeles!- Say entra no meio.

-- Brasil.- Digo fazendo todos me olharam sem expressão- O que é?

-- Brasil- Dizem juntos com um sorriso estampado no rosto.

-- Calma aí gente...não era brincadeira?- Arqueio a sobrancelha.

dia seguinte, manhã.

-- Rápido que a policia deve estar vindo!- Leon praticamente grita enfiando as malas no carro.

-- Somos foragidos?- Rio de canto com Sakura em meu colo.

-- E se nos derem como desaparecidos de novo? Você ainda tem exames marcados no hospital.- Say me encara com algumas mochilas.

-- Os únicos desaparecidos vão ser o Niragi e o Leon, a gente tem a ficha limpa.- Pisco para a tal, que ri.

A primeira coisa que fiz ontem ao sair do hospital foi levar Sakura para que Kanji e Yuri conhecessem, eles ficaram desapontados ao saberem que eu e Say já iríamos embora, mas bom...tínhamos um bom motivo pra isso.

flashback.

-- Tá legal, eu tenho uma coisa pra fazer.- Niragi se levanta vindo em minha direção.

-- Opa, calma ai, você não pediu minha benção!- Leon o bronqueia fazendo com que eu arqueasse a sobrancelha.

-- Não preciso da sua benção inútil.- O olha debochado e então me encara se ajoelhando em minha frente.

-- O que você...tá fazendo?- Olho para os outros envergonhada.

-- Voce quer...- Coça a nuca- Que papo gay...

-- Niragi!- Sayuri o repreende.

-- Quer casar comigo?

flashback.

Saio de minhas lembranças ao ouvir o barulho de uma sirene ao longe, atraindo de imediato a atenção de Niragi, que caminhava até o carro com duas bolsas.

-- Mais? Não tinha pego tudo?- O olho confusa.

-- É grana, meu amor.- Pisca para mim jogando as mesmas no porta-malas.

-- Que?! Mas como vamos passar do aeroporto?- O olho incrédula.

-- Subornei todo mundo lá, esqueceu com quem você tá falando?- Sorri convencido.

Uma buzina de um dos carros chama a nossa atenção, era a do Leon, que com ele iria Karube, Arisu, Chishiya e Niragi.

-- A policia ta chegando, otário!

Olho para Niragi que corre para dentro do carro, enquanto eu me apressava em prender Sakura na cadeirinha do banco de trás. Kuina já estava sentada no da frente pronta para dirigir, enquanto Say estava do seu lado, Ann e Usagi estavam no banco de trás e eu...bom...

-- Pula logo na traseira, Violeta!- Leon buzina no carro da frente, aflito.

Subo na caçamba da caminhonete ouvindo as sirenes mais próximas, provavelmente na rua de cima. Kuina acelera com tudo atrás do carro de Leon fazendo com que eu tombasse para trás.

-- Ei!

-- Se segura aí!- Usagi ri enquanto Sakura batia palminhas com a velocidade do carro.

Respiro fundo conforme meus cabelos batiam em meu rosto devido ao vento, eu me sentia finalmente livre. Nunca pensei que fosse ficar tão feliz em ouvir o som alto das motos da avenida, ou os latidos dos cachorros das ruas.

Conforme Kuina acelerava e as meninas cantavam as músicas do rádio um sorriso se formava em meus lábios. Estamos indo em direção a um novo recomeço.