𝑫𝒐𝒄𝒆 𝑨𝒎𝒐𝒓 - 𝐀𝐈𝐁 #𝟐

𝟑𝟐

"Lição".

-- Cacete, você viu aquela porra?- Clark me pergunta enquanto Niragi dirigia de volta para o hotel, como sempre em uma velocidade absurda.

-- Sim! Cara eu não acredito que ela teve coragem de fazer isso!- Digo incrédula.

Por alguns segundos me esqueço de que eles não são como meus amigos, não sabem que minha mãe é a criadora dos jogos.

-- Ela?- Clark me pergunta confuso.

-- É...quer dizer...- Coço a nuca- Ainda está perdendo sangue?- Mudo de assunto brutalmente.

-- Parou...mas eu sinto meu corpo fraco.- Murmura.

-- Já estamos chegando?- O homem que viera conosco pergunta.

As duas garotas haviam morrido na mansão, assim como os irmãos que acompanhavam este homem.

-- Já...- Niragi murmura de mal humor.

Seus olhos estavam focados no trajeto e ele se mantinha em silêncio, sempre me olhando pelo retrovisor quando eu dirigia a palavra para Clark, que estava no banco da frente ao seu lado.

Adentramos o estacionamento do hotel, muitos dos carros já haviam chegados e estavam estacionados com pessoas descendo, ou já vazios. Niragi estaciona ainda em silêncio e desce do carro batendo a porta com força.

Desço também abrindo a porta para Clark, Niragi me encara por alguns segundos e então ajuda seu amigo a se levantar, passando seu braço por cima de seus ombros.

-- Acho que eu morro hoje...- O ruivo murmura dramático, me fazendo rir.

-- Que humor bom pra quem quase morreu.- Niragi me lança um olhar mortal enquanto íamos para dentro

Me separo deles indo atrás do pessoal, torcendo mentalmente para que todos estivessem bem e vivos. A carta rara ainda estava em meu bolso, mas eu sei que terei que a dar para o chefe, afinal Clark não vai mentir e me deixar esconde-la, muito menos Niragi.

Não demora muito para que eu os achasse, todos juntos e procurando algo com os olhos, suponho que seja eu, já que era a única que faltava.

-- Ei!- Grito chamando a atenção deles que logo correm até mim.

-- Porra, que susto!- Leon resmunga me abraçando com força- Que bom que está bem...

-- Onde está a Sakura?- Pergunto.

-- Dormindo no meu quarto, relaxa que ela está bem.- Me tranquiliza.

-- Meu jogo foi uma merda.- Chishiya murmura- 7 de ouros.

-- O meu e da Usagi foi 9 de espadas.- Karube diz e era nítido sua expressão de cansaço.

-- O meu e da Ann foi 6 de paus.- Sayuri diz sem ânimo.

-- O meu foi um 5 de copas, mas foi tranquilo.- Kuina dá de ombros.

Todos me encaram esperando minha resposta, levo minhas mãos para meu bolso e tiro a carta de lá. 

-- Ás de espadas.- A mostro.

-- Esconde isso!- Chishiya manda enquanto olhava em volta, para garantir que ninguém havia visto.

-- Clark e Niragi já viram, não adianta guardar essa.- Murmuro a colocando de volta em meu bolso.

-- Agora só faltam quatro cartas raras...- Arisu murmura.

-- Nem quero imaginar como vai ser a ás de copas.- Faço uma careta.

Conversamos mais um tempo sobre a dificuldade das cartas e então cada um foi para seu quarto, a fim de descansar - ou talvez tentar -. Passei no quarto de Leon antes para pegar Sakura e então a coloquei em minha cama para continuar dormindo.

Tomei um banho quente e vesti uma roupa mais confortável. Preciso ver como Clark está e conversar com Niragi, ele está estranho.

Sai do quarto caminhando calmamente, tentando imaginar para onde ele teria levado o ruivo e como eu chagaria até lá sem conhecer nada deste lugar.

-- Ei!- Chamo a atenção de uma garota que estava passando- Onde fica a enfermaria ou-

-- No próximo corredor, está escrito na porta.- Ela me interrompe sem parar de andar.

Continuo andando rumo ao próximo corredor, eu realmente espero que Clark fique bem e que os "médicos" daqui sejam realmente competentes. Eu me sentiria mal se ele morresse...muito mal pra ser sincera.

Abro a porta onde estava escrito "enfermaria" e entro, logo vendo o ruivo sentado em uma maca enquanto uma médica costurava sua pele. Sua expressão e seus xingamentos baixos estregavam que ela estava fazendo tudo sem anestesia.

-- Porra...oi, Violeta.- Clark murmura ao me ver.

-- Tenta distrair ele, é irritante!- A médica me pede .

-- Ah...então...tudo bem?- Pergunto.

-- Eu pareço bem pra, ai caralho!- Resmunga assim que a enfermeira enfia a agulha em sua pele outra vez- Deve estar atrás do Niragi...ele foi pro quarto dele ou sei lá.

-- Quer que eu fique aqui?- Pergunto.

-- Não...porra!- Seu grito foi mais alto dessa vez, me fazendo rir da cara que a médica fez- Pode descansar...

-- Venho te ver amanhã.- Aviso.

-- Certo...

Saio dali girando meus pés em outra direção, quarto de Niragi, o que me faz lembrar da "ordem" que ele me deu mais cedo. Porém não acho que ele se lembre disso, ele estava irritado no caminho de volta pro hotel e temo que seja por conta de Clark.

Mas o que eu poderia fazer? O ignorar sempre que ele conversasse comigo? Eu nunca faria isso por conta do ciúme bobo de Niragi.

Abro a porta de seu quarto e não é preciso que eu entre para saber que ele não estava ali. Arqueio minha sobrancelha confusa. As roupas que ele usou no jogo estavam jogadas pelo chão, sinalizando que ele tomou banho, mas para onde foi depois disso?

Caminho pelos corredores a procura dele, confesso que estou quase desistindo. Eu estou cansada demais para ficar andando atrás dele.

Um assobio no fim do corredor chama minha atenção, reviro os olhos ao vê-lo encostado na parede de braços cruzados. Milagrosamente sua arma não estava junto dele. Reviro os olhos por conta do assobio, sempre odiei quando me chamavam desse jeito.

Niragi se desencosta da parede vindo até mim, sua face estava sério e ele parecia nervoso. Cruzo os braços esperando os prováveis xingamentos que ele me diria.

-- Foi ver o Clark?- Me pergunta.

-- Fui.- Sorrio falsa o fazendo me fuzilar com o olhar- Tá com ciúme dele? Sério?

Niragi não me responde nada, apenas agarra meu pulso e praticamente me arrasta para uma das portas que tinha ali. Era uma espécie de biblioteca, com algumas mesas e estantes, bem menor do que a da praia.

-- Você merece uma lição pelo que você fez hoje.- Murmura por trás de mim e logo eu sinto suas mãos em minha cintura, me virando para si bruscamente.

Não hesito e então avanço em seus lábios, o sentindo passar suas mãos por todo o meu corpo, de maneira desesperada.