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"As Cartas Restantes".


Saio do quarto assim que Sakura solta minha mão, sinalizando que havia pegado no sono.Arisu estava pondo a mesa enquanto Kuina preparava algo para comermos juntamente com Chishiya.

-- Amanhã temos que ir ao mercado...- Digo me aproximando.

-- Você pode ir com o Chishiya.- Usagi sorri pra mim, me fazendo a fuzilar com o olhar. 

Já faz tempo que eles andam marcando "encontrinhos" para mim e o platinado.

-- Claro, vou levar a Sakura também.- Sorrio cínica.

-- Posso olhar ela pra vocês.- Sayuri entra na conversa.

-- Não, vai ser bom pra ela sair de casa.

As vezes eu acho que eles esquecem que o Chishiya armou toda aquela confusão no nosso último dia na praia, ele não é uma pessoa tão boa, mas mesmo assim eles o perdoaram sem pensar duas vezes, enquanto Niragi ainda tem a fama de ruim da história.

Não que eu passe pano pra ele, na verdade não passo pra nenhum dos dois, ambos fizeram merda e deveriam ser tratados igualmente por isso.

"Sakura precisa de um pai" essa frase me irrita profundamente, eu tenho a capacidade de criar ela sozinha, de que um homem serviria afinal? A filha é minha e eu não preciso de mais ninguém pra cuidar dela.

-- Não precisa ficar com a cara emburrada, Violeta, era brincadeira.- Kuina ri, colocando um coelho assado em cima da mesa.

É disso que nos alimentamos sempre, na verdade, quando estávamos com a minha mãe comíamos comida de verdade, afinal de contas ela tinha acesso as coisas da "outra Tóquio", o que sempre me fez desconfiar que ela tem uma espécie de "portal" que a permite ir e voltar quando bem entender.

Infelizmente eu nunca encontrei nada disso lá dentro, e as pessoas de lá também não pareciam saber de nada. Ah, as pessoas, eu já contei essa parte da história?

Minha queria mãe faz experimentos em pessoas e cadáveres. Lindo, não?

-- Violeta, depois de amanhã você já tem que jogar.- Karube me desperta dos meus pensamentos.

-- Sim, eu sei.- Suspiro.

Sakura completou dois anos a dois dias, o que significa que eu devo voltar ás arenas. O que me preocupa é com quem ela irá ficar.

-- Eu vou jogar amanhã a noite.- Leon murmura.

-- O que?- O olho.

-- Se eu jogar amanhã meus vistos vão ser renovados pra mais três dias, vou poder olhar a Sakura enquanto você sai pra jogar com os outros.

-- O combinado é que ninguém jogue sozinho.- Digo.

Fizemos um combinado a algum tempo, ninguém joga sozinho e ninguém joga junto. Irei explicar, se todos jogarem o mesmo jogo, teriam grandes riscos de aparecer um de copas, como por exemplo o jogo em que Chota morreu.

Se não estivéssemos todos juntos o jogo não teria sido de copas, afinal estaríamos jogando com desconhecidos, nós não iriamos ter sentimentos nenhum envolvidos ali. Então chegamos a conclusão que evitaremos que todos joguem juntos, pra evitar jogos como aquele.

Sendo assim, jogaríamos sempre em duplas apenas, para não arriscar.

-- Então eu vou com o Leon, jogaremos nos mesmos dias, assim ninguém vai ter que enfrentar os jogos sozinho.- Arisu diz.

-- Arisu...- Usagi o olha preocupada.

Ah, e sim, eles finalmente anunciaram um relacionamento, estão juntos a um ano e meio, se não me engano.

-- Você pode jogar com a Violeta, eu e Leon ficaremos bem- O moreno sorri fraco.

-- Me desculpem por isso.- Murmuro.

De certa forma é minha culpa todos os imprevistos que acontecem, uma criança atrapalha muito mesmo que eles não gostem de admitir.

-- Relaxa, Violeta, amamos a Sakura.- Kuina sorri.

-- Ainda temos mais uma coisa pra nos preocupar.- Chishiya diz- As cartas de figuras...até agora só apareceram cartas comuns nos jogos.

-- Minha mãe disse que todos os jogos seriam valendo as cartas que faltavam, por que isso não acontece?- Pergunto.

-- Acho que ela quer que fiquemos mais tempo aqui...por isso não inclui as cartas restantes nos jogos.- Karube comenta.

Desde que entramos na fase dois, eles não jogaram nenhum jogo diferente ou mais perigoso, apenas jogos que já conhecíamos, como o do coisa que de acordo com eles se repetiu inúmeras vezes nesses dois anos.

-- As cartas realmente são a única maneira de voltar?- Pergunto- Eu acho que devem existir outros meios.

-- Acho que juntar as cartas é a maneira dos jogadores zerarem o jogo e voltar pra casa, mas isso não significa que seja a única saída, afinal agora nós sabemos que a mestra do jogo é humana e fez tudo com ciência.- Usagi diz.

-- E eu tenho quase certeza de que ela sai e volta desse mundo sempre que quer.-Murmuro.

-- Eu também acho isso, ela sempre desaparecia de repente.- Leon concorda.

-- Nunca repararam em nada?- Chishiya pergunta.

-- Eu tentei, falei com todas as pessoas de lá, desde os pacientes até os guardas.

Ah, os guardas, eu nunca esperaria que minha mãe fosse alguém tão importante e de tão alta classe. Ela tem de tudo na sede, médicos, dentistas, cientistas, farmacêuticos e até policiais, todos trabalhando pra ela.

Também tem uma sala de entrada restrita, onde apenas os criadores dos jogos podem entrar, eu diria que eles estão bem sem criatividade, já que de acordo com o pessoal os jogos tem sido os mesmos.

-- O importante é que sobrevivemos até agora.- Say sorri- Estamos bem, não estamos? Não temos do que reclamar.

-- Você tá certa.- Arisu diz- O que importa é que estamos vivos.

𝑫𝒐𝒄𝒆 𝑨𝒎𝒐𝒓 - 𝐀𝐈𝐁 #𝟐Where stories live. Discover now