𝑫𝒐𝒄𝒆 𝑨𝒎𝒐𝒓 - 𝐀𝐈𝐁 #𝟐

𝟒𝟐

"A sensação".

-- Por que você não apareceu antes?- Pergunto direcionada á Aguni, que continha a carta rara em suas mãos repletas de sangue- Se tivesse aparecido antes-

-- Violeta...- Niragi me interrompe atraindo meu olhar para si.

O moreno negou com a cabeça. Eu sei que não havia motivos para discutir, mas se ele tivesse aparecido antes poderíamos ter evitado a morte de Clark, ele praticamente deixou que nós jogássemos sozinhos.

Encaro o homem com desprezo e então me viro para sair dali, sendo seguida por Arisu e Karube que se mantiveram em silêncio o tempo todo. Ouvi Niragi falar algo para Aguni, porém não me importei em ouvir, eu só quero ir embora daqui o mais rápido possível.

Passo pela estátua idiota e fito as mesas ainda com alguns celulares e algumas coisas. Cerro meus punhos e em questão de segundos as chuto, fazendo com que elas caíssem no chão.

-- Se divirta, mamãe!- Digo irritada.

-- Não fale isso alto, Violeta.- Arisu me repreende.

Dou de ombros caminhando para fora, em direção ao carro. Eu a odeio com todas as minhas forças, por tudo. Quando eu tiver a chance...eu não vou hesitar em abrir um buraco bem no meio de sua testa.

Encaro o banco da frente do carro vazio, o banco em que Clark viera e infelizmente não retornará...meus olhos voltam para a entrada do zoológico, ao menos ele partiu no lugar que amava.

Noto Niragi voltando com Aguni logo atrás de si, não posso conter uma careta de reprovação e então entro no carro, me sentando no banco de atrás juntamente com os meninos. Cruzo meus braços e encosto minha cabeça no banco, fitando a janela.

Meu corpo está exalando pura triste e raiva, é inevitável demonstrar isso, minha vontade é botar fogo nessa merda de cidade que minha mãe chama de "sua".

Niragi entra no carro juntamente com Aguni, que o acompanhou no banco da frente juntamente de sua espadinha idiota. O moreno deu partida começando a dirigir, dessa vez sem ser em alta velocidade.

Ele costumava dirigir rápido para se divertir com Clark e desta vez...ele não está aqui.

Ás vezes tudo isso me parece irreal, embora tenha passado quase três anos aqui eu ainda não consigo acreditar em tudo o que aconteceu...não consigo aceitar que minha própria mãe foi capaz disso tudo comigo e com meu irmão, não consigo acreditar que aquela mulher bondosa e carismática que penteava meus cabelos todos os dias antes de eu dormir era uma lunática, uma assassina.

Realmente podemos confiar nas pessoas? A imagem que ela me passava sempre foi tão real, real a ponto de eu passar minha vida me dedicando por ela, eu vivi sempre somente por ela. Pra depois descobrir que era tudo feito de mentiras.

Me pergunto até quando isso vai continuar, até quando ela matará pessoas e manterá esse lugar doentio...me pergunto o que mais não sabemos a respeito de Borderland.

-- Vio.- Saio de meus pensamentos pelo toque de Karube- Já chegamos.

Sequer notei o parar do carro, muito menos vi o trajeto.

-- A...obrigada.- Forço um sorriso descendo do carro.

Aguni no banco da frente desceu também, parecendo avaliar o lugar que ficaria a partir de agora, com um leve olhar interessado.

-- Aí, Niragi!- Arisu chama a atenção do mesmo, atraindo a minha também- Valeu aí.- Mostra seu braço ferido, se referindo a hora que Niragi o ajudou.

Posso notar um leve sorriso debochado na face do moreno, denunciando que iria fazer alguma piadinha. Raspo a garganta o fazendo me olhar de relance e então seu sorriso some, ficando sério outra vez.

-- Não foi nada.- Diz simples á Arisu que sorri amarelo em resposta- Violeta.- Seu olhar vem para mim- Eu vou levar o...

-- Tudo bem.- Digo o interrompendo.

Eu preferia mil vezes ter largado ele no zoológico.

Sorrio falsa para o careca e então passo por eles, indo para dentro. Preciso pegar a Sakura e depois irei dormir...esse dia foi péssimo e o pior de tudo....

é que a sensação ainda está aqui...