𝟒𝟔

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Acordo sentindo minha cabeça doer fortemente, enquanto meu corpo repousava sobre uma cama macia e confortável, mas ainda sim minhas costas doíam como nunca. Abro meus olhos os rodando pelo local, uma casa.

-- Ela acordou!- Me viro vendo um homem de farda encostado na porta.

-- Meu Deus!- Logo Sayuri corre para dentro do quarto me deixando confusa- Que bom que você tá bem!

-- O que você...tá fazendo com eles?- Crio forças pra falar enquanto me sento na cama.

-- Encontramos seu grupo por aí, nos disseram que você sabe a localização da base e provavelmente já entrou lá.- O soldado cruza os braços- Só por isso perdemos tempo para te encontrar.

Seu tom era arrogante e seus olhos me encaravam com desprezo, deixando nítido que ele se achava o superior ali e nós não passávamos de inúteis. 

Niragi estava certo.

-- Não devia ter dirigido que nem louca!- Sayuri me bronqueia.

-- Está se sentindo melhor?- Outro soldado surge na porta.

-- Acho que sim...- Encaro o nada.

Eu me sentia vazia e sem qualquer ar de esperança, eu ainda tinha meus amigos e Leon, mas mesmo assim não era o suficiente pra me fazer querer viver. Eu nunca conseguirei seguir em frente sem Niragi e Sakura...nunca.

-- Então irá nos contar sobre a base e como é lá dentro.- O primeiro soldado murmura impaciente- Ee é que conseguiu entrar.- Sorri debochado.

-- É claro que consegui, não sou uma incompetente igual vocês.- Provoco no mesmo tom e sinto Say me cutucar.

-- Muito bem.- Murmura com desdém e olha para Sayuri- Se junte aos outros, queremos falar com ela a sós.

A japa assente e então sai do quarto, enquanto os dois adentram o mesmo e fecham a porta me encarando com silêncio.

-- Primeiro, onde fica?

-- Fora da cidade, no prédio de-

-- Eu te disse, Itsuki!- O segundo soldado sorri vitorioso.

-- Cala a boca, Souta.- O arrogante que agora sei o nome revira os olhos.- E como é lá dentro?

-- Subindo algumas escadas podemos chegar na máquina principal, onde ela controla quem entra e sai...tem também alguns laboratórios onde ela faz experimentos humanos.- Digo.

-- E como funciona essa máquina?

-- É um computador, mas pelo que presenciei deu defeito.- Se entreolham- Ela não está conseguindo controlar, precisam aproveitar isso e atacar. Hoje.

-- E por que confiaríamos em você?- Souta me encara sério.

-- Vocês não tem muita escolha se não confiar em mim.- Dou de ombros- Porém eu quero ir junto.

-- Fora de cogitação.- Itsuki diz rapidamente.

-- Precisam de mim, eu tenho muitas informações que podem precisar na hora.- Cruzo os braços- É isso ou podem falhar na missão.

Ambos se entreolham parecendo pensar, fazer isso hoje é realmente loucura, eles provavelmente precisariam planejar a missão a cada passo, para que não desse errado.

-- Consegue fazer uma planta do local para nós?- Souta me olha.

-- Só andei por alguns lugares...mas pelo que vi posso fazer uma base.- Sinto minha cabeça doer- Mas preciso de uma remédio pra dor antes...

-- Certo, fará a planta e então irá conosco, mas vai ficar escondida para evitar um ferimento grave.- Itsuki murmura contrariado- Notei que alguns dos seus tem armas.

-- Essa guerra não é só de vocês.- Murmuro- Eles provavelmente também vão querer ir e vocês não poderão impedir, afinal não foram vocês que passaram anos presos nesse lugar de merda!

Souta me olha com compaixão, enquanto Itsuki apenas gostava de se sentir superior e esfregar em minha cara que eu não poderia ajudar em nada. Mas é aí que ele se engana, eu vou acabar com isso com as minhas próprias mãos e ninguém vai me impedir.

-- Certo.- Souta me diz simples.

-- E como vamos salvar as pessoas que estão sendo mantidas lá dentro?- Pergunto.

-- Não vai dar...- Itsuki abaixa a cabeça, demonstrando pela primeira vez um pouco de pena- As pessoas tratadas como experimentos sofreram sequelas psicológicas demais, nunca voltarão a viver igual antes.

-- Assim como a maioria de vocês jogadores.- Souta me encara- Viraram assassinos e viram pessoas morrerem, isso já faz com que nada seja como antes.

Ele estava certo, embora nossas vidas sejam salvas, nós nunca mais viveremos como antes, pelo menos EU nunca mais vou conseguir viver como vivia antes.

-- Por que só vieram agora?- Pergunto.

-- Tudo isso não passa de ciência, garota.- Itsuki diz- Aquela mulher estudou anos para que conseguisse mudar as pessoas e a si mesma de universo, ela estudou para abrir digamos...buracos de minhoca.

-- E como vocês-

-- Achamos algumas de suas pesquisas.- Souta me interrompe- Contratamos o melhor cientista e ele ficou todo esse tempo estudando...até que conseguiu nos mandar para cá.

-- E como vocês saem?- Pergunto.

-- Apenas quem nos mandou pode nos tirar, então ele nos tira quando nós...mandamos um sinal.

Tanta coisa surreal já aconteceu que eu nem pude me perguntar como ele mandava um sinal para um universo paralelo, ou algo assim.

-- Quem os trouxe pra cá foi ela, apenas ela pode os tirar ou então...

-- Ou então...-Tento o fazer continuar.

-- Só destruindo a máquina central, aquela que comanda este lugar, destruindo ela esse universo se reseta e então volta a não pertencer a ninguém.- Itsuki responde por ele.

-- E nós já temos um planto?- Os encaro aflita.

-- Eu creio que sim.- Itsuki sorri de lado.

Não importa o que aconteça, eu não deixarei nada me impedir...eu vingarei Niragi e Sakura.

Custe o que custar.




𝑫𝒐𝒄𝒆 𝑨𝒎𝒐𝒓 - 𝐀𝐈𝐁 #𝟐Where stories live. Discover now