ATENÇÃO: este capítulo ainda não foi revisado. Então o que você está prestes a ler é a primeira versão, ok?
A versão final deste livro receberá ILUSTRAÇÕES NO ESTILO MANGÁ em alguns capítulos (não todos).
Como pode ver, o projeto é ousado... Ficará pronto apenas lá pelo final de 2021.
Por isso PEÇO AJUDA para que você seja MY BETA READER: ao encontrar erros, palavras repetidas, cenas confusas, problemas de continuidade (ou qualquer coisa que interrompa o fluxo de leitura), pode comentar sem medo. Serei grata pela ajuda.
Você está acompanhando o nascimento de um livro! ^_^
13 de Setembro, 2018 – Quinta (22h34)
De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: A guerra vai começar
Essa noite o Nicolas quis fazer aquilo outra vez, mas dessa vez rejeitei. Não vou mais aceitar ser tratado daquela forma. Enquanto ele não conversar comigo, não vamos mais fazer.
Merda... O que você faria em meu lugar, amiga? Não sei se fiz certo ao negar isso a ele...
Ah, estou começando pelo fim. Desculpe... Acontece que o Nicolas parece estar ainda mais enfiado naquele casulo idiota dele, e isso me incomoda demais!
Bom, saiba que a víbora atacou novamente, e foi essa tarde. Estávamos eu, Jack e Jonas com as portas de meu quintal aberto para os clientes da floricultura, e tinha algumas pessoas que os dois estavam atendendo enquanto eu ficava em nosso caixa improvisado.
Lá pelas 16h entraram um homem e uma mulher com jeito de importantes, e disseram: "Precisamos falar com Nicolas Rafael Belson. É aqui que podemos encontrá-lo?". Quem os atendeu foi o Jonas, e logo a Jaqueline se juntou para entender o que estava acontecendo. Como a mesinha do caixa é perto da entrada, onde eles estavam, acabei ouvindo: aquelas pessoas eram do Conselho Tutelar, e estavam investigando denúncias da Sônia a respeito de o pai ter "comportamentos inadequados" diante do Lucas.
Nessa hora eu gelei. Me deu tanta vontade de socar a cara daquela vagabunda mentirosa, que minha raiva deve ter transparecido em meu rosto, porque a Jack me olhou de um jeito alerta e moveu os lábios dizendo "calma". Ela pediu licença e se aproximou de mim, já ligando pro Nick, que estava na faculdade. Demorou um pouco para ele atender, mas assim que o fez a Jack usou da voz mais tranquila que conseguiu para dizer que ele era necessário aqui. Deu para ouvir ele perguntando se tinha acontecido algo, mas ela disse que estava tudo bem, apenas precisava dele para decidir uma coisa importante.
É claro que era uma mentira, mas acho que foi melhor assim. Do jeito que ele tem estado nos últimos dias, se a Jack explicasse por telefone que ele estava sendo investigado pelo Conselho Tutelar (a mando da Sônia), era capaz de dirigir nervoso e causar um acidente.
Ainda bem que foi ela que falou com ele, porque eu com certeza não teria pensado nisso. Acabaria abrindo a boca e deixando ele preocupado e ansioso por chegar logo.
Enfim. Enquanto esperávamos, terminamos de atender os clientes que ainda estavam olhando os vasos, e depois fechamos o portão. Os agentes do Conselho Tutelar esperaram numas cadeiras que o Jonas ofereceu a eles, e nesse meio tempo ninguém conversou – até os velórios que presenciei durante meu bico no cemitério eram mais animados (é sério). A Jack explicou que era tia do Lucas e pediu mais informações, mas eles disseram que só explicariam a questão para o pai da criança.
Passou quase meia hora até que o Nicolas chegasse, e achei que eu não era a melhor pessoa para recepcioná-lo. A sensibilidade da Jaqueline em horas como essa é tudo o que eu não tenho, então fiquei no meu canto, só fantasiando várias maneiras de fazer a Sônia pagar por isso. Enquanto eu via os gêmeos conversando na calçada, antes de falar com os agentes, a cara do Nicolas foi do espanto para a raiva, e depois para a desolação... Quando ele cruzou meu portão para falar com os agentes, que se levantaram, tinha uma determinação fria no olhar dele e ao mesmo tempo cansaço.
Assim que ele mostrou a carta de motorista para provar quem era, finalmente recebeu a explicação exata sobre a acusação da Sônia, sobre ele não dar as condições necessárias para o sustendo deles (pensão), e de estar pervertendo o Lucas através de um relacionamento impróprio e promíscuo com outro homem.
Olha, eu sei que já falei antes, mas tenho que repetir: aquela mulher é doente! Completamente louca e do-en-te! Se a situação não fosse tão ruim, eu teria dado risada da cara deles e pedido para investigarem onde a puta estava gastando o dinheiro da pensão. Mas, enfim. Nessa questão eu era só um espectador inútil, e se eu falasse algo poderia acabar piorando a situação já ruim dos Belson. Tanto eu quanto o Jonas ficamos meio de lado, só ouvindo a conversa enquanto o Nicolas explicava que pagava um valor suficiente para que eles se mantivessem, o que foi confirmado pela Jaqueline. Quando os agentes pediram provas, ele usou o celular para procurar os depósitos bancários que fez à Sônia nos últimos meses. E pela cara que os agentes fizeram, parecia que estava tudo em ordem. A moça de terno olhou pro colega e comentou algo sobre a Sônia ter acusado um valor bem menor, e a Jack disse que aquilo não era verdade.
"Você pode enviar pra gente os comprovantes dos últimos 24 meses? Acho que vamos ter que investigar isso". E o Nicolas garantiu que entregaria, e aproveitou para comentar que ele suspeitava que o dinheiro estava sendo usado para comprar drogas ilícitas. Nessa hora, percebi que os agentes se olharam (como eu queria saber o que estavam pensando). Até que finalmente chegaram na outra questão das acusações:
"É verdade que está se relacionando com outro homem?"
Essa pergunta disparou meu coração de uma forma tão dolorosa que achei que fosse perder os sentidos lá mesmo. Olhei para a nuca dele, esperando. Em várias situações, o Nicolas assumiu namorar comigo (tipo com os velhos amigos e os colegas da faculdade – sem falar que ele não tem vergonha de andar de mãos dadas comigo em público). Mas quando a coisa envolvia de alguma forma a Sônia, ele sempre foi cauteloso. Tipo aquela Festa Junina na escolinha do Lucas, quando ele me apresentou como amigo. E como dessa vez o Pinguinho estava envolvido, eu tinha certeza que ele usaria a mesma estratégia, dizendo que a Sônia provavelmente interpretou mal a amizade da gente, etc. Até abaixei a cabeça para que meu choque não ficasse tão evidente no momento em que a resposta viesse.
Quando o Nicolas falou, estava com a voz mais baixa que o normal: "É verdade, sim... E tem algum problema quanto a isso?".
Amiga... Ele não me rejeitou... Diante do Conselho Tutelar, que estava nos acusando de coisas absurdas, ele me assumiu! Virou para trás, onde eu estava, e me chamou para o lado dele. Tive que reunir forças nas pernas para que se movessem, pois pareciam fortes como gelatina, e leves como chumbo.
Enquanto eu me aproximava dos agentes, percebi os olhares acusadores de ambos. Se eu pudesse traduzir em palavras, diria que pensavam algo como "então é esse o prostituto que está pervertendo a criança?", ou sei lá. Algo assim. Mas claro que eles não disseram isso. Apenas perguntaram se eu sou o "tal Isaac", e o Nicolas confirmou que sim. Nessa hora, até o Jonas se aproximou, e tanto ele quanto a Jaqueline começaram a falar quase ao mesmo tempo em como o nosso relacionamento é respeitoso diante do Lucas, que não fazemos as coisas que a Sônia acusou, e que eu trato o Lucas melhor que a própria mãe.
Bom, para falar a verdade, essa foi a parte mais constrangedora da conversa, e a que mais me fez querer sumir de raiva, porque eu era o foco das atenções, como se meu namoro com o Nicolas fosse um escândalo absurdo. A Jaqueline chegou a perguntar se existe alguma lei que proíbe nosso relacionamento (é claro que era uma pergunta retórica, pois ela sabia a resposta), e aproveitou para entrar no mérito das saídas constantes da Sônia.
Para a nossa sorte, parece que a curiosidade deles sobre o relacionamento homossexual do Nicolas esfriou, ao passo que começaram a perguntar coisas sobre a Sônia. Os gêmeos então contaram sobre as recentes descobertas de ela agredir a própria mãe na frente do Lucas e sobre o fato de que, se não fosse pela Jack, o Lucas não estaria indo à escola nem comendo direito (já que ela teve que ir ao mercado para a avó, que não tinha mais dinheiro para o básico).
Pronto. Bastou isso para varrer a "fofoca gay" do pensamento deles. A mulher olhou para cada um de nós e finalmente pro Nick: "É verdade, isso?", e ele respondeu que a Dona Rosa, o Claus e a professora do Lucas poderiam comprovar. "Garanto que vamos falar com eles. E com alguns de seus vizinhos, também".
Vimos eles se afastando e, em vez de entrarem no carro e se mandarem, bateram na casa da Dona Onésia. Alguns minutos depois, se despediram e foram embora. A Jaqueline pediu para que todos ficássemos onde estávamos enquanto ela falava com nossa vizinha. Quando voltou, disse:
"Eles perguntaram sobre o relacionamento de vocês. A Dona Onésia garantiu aos agentes que vocês agem normalmente, e que o Lucas gosta bastante de você, Dáki...".
Além disso, ela contou que a Dona Maionese também fez o favor de comentar com eles que a Sônia é estúpida, e contou aos agentes sobre uma vez em que ela defendeu o Lucas da grosseria da Sônia e por isso acabaram discutindo (eu não sabia dessa história porque foi no início desse ano, antes de eu me mudar para cá).
Uma parte de mim ficou exultante com isso, porque a Sônia deixa pistas em todo lado de como é uma mãe desnaturada. Ela devia estar muito chapada para fazer aquelas acusações, achando que colaria.
Depois disso voltamos a abrir a floricultura, mas não veio quase ninguém mais (apenas curiosos que compraram vasos baratos). A Jack disse que essas energias ruins estão afastando os clientes, e mesmo não entendendo dessas coisas místicas, acabei concordando.
Quando o sol estava se pondo, o telefone do Nicolas tocou, e ouvi ele dar um gemido de dar pena ao ler "Sônia" no identificador. Quando ele atendeu, os xingos encheram minha sala, onde esperávamos o jantar preparado pela Jack e Jonas. No meio das maldições que ela rogou pra cima da gente, consegui compreender o suficiente para saber que os agentes do Conselho Tutelar haviam batido na porta dela para investigações detalhadas. Pelo que entendemos, ela não os deixou entrar, e disse que acionaria o advogado para tirar do Nicolas o direito de ver o Lucas (aquela tal Guarda Unilateral que o Claus comentou segunda-feira, na lanchonete). A ligação terminou com a Sônia dizendo que ele poderia esquecer de ver o Lucas nesse fim de semana de novo.
Sabe o que mais me impressiona no Nicolas? Ele ouvia tudo quase sem falar nada. Em um momento ou outro ele respondia ou perguntava algo, mas era só. Eu já tinha visto isso antes, na época em que nem tinha a Belson's Flora e a monstra levava o Lucas na Casa das Flores. Quando perguntei sobre isso na época, ele respondeu que "não adiantava falar com uma porta". Eu ri naquele dia, mas hoje essa mesma porta surda me dá muita raiva. A vontade é de amarrar a Sônia e colocar um esparadrapo naquela boca imunda. Fazer ela entender o quão doente é pelas coisas que faz. Fazer a desgraçada ouvir sem ficar cacarejando em resposta. E depois bater na cara dela, para mostrar como a Dona Rosa se sente...
Acredito que, naquela hora, os agentes devia ter acabado de sair da casa dela, porque pouco depois de a louca desligar (na cara dele) o Nicolas recebeu outro telefonema, dessa vez do Conselho Tutelar, dizendo que eles precisariam abrir uma investigação para entender o caso, que estava cada vez mais estranho. O Nick concordou, desligou e foi sentar de pernas cruzadas diante da televisão (com cara de zumbi) até o jantar ficar pronto.
Comemos sem conversar muito, só um comentário ou outro, e a Jaqueline voltou para a Casa das Flores com o namorado.
Quando me aproximei do Nicolas, de volta no colchão da sala, perguntei como ele estava e pedi para que conversasse comigo. Ele me olhou com uma cara triste e me beijou. Era como se estivesse tentando me distrair de minha tentativa de conversa com os beijos lentos que ele sabe que eu amo tanto. Por um momento eu deixei (fazia uns dias que ele não me beijava assim), mas quando percebi que ele iria querer transar mais uma vez como forma de fuga, afastei as mãos dele.
"Não, Nick. Não quero fazer desse jeito de novo... Porra, como você acha que eu me sinto? Agora vai ser assim: ou você conversa comigo direito, ou essa noite vou dormir sozinho lá em cima, na minha cama".
Por um lado, me senti mal por ter dito isso. Mas, caralho! Eu não sou obrigado a transar com meu namorado se a coisa não está boa para mim!
O Nicolas fez uma cara de chocado, mas durou apenas um segundo. Logo ele suspirou, como se estivesse conformado. Sem me olhar, disse: "Desculpa, Zak, mas não tô com cabeça pra conversar... Ainda tenho que explicar pra Lílian o que está acontecendo pra ver como ela pode ajudar, então... Boa noite".
Senti meio como se ele estivesse me expulsando de minha própria sala. Ele se levantou e foi até a mesa, fuçar no celular dele. Quando subi as escadas vi que digitava algo, totalmente concentrado. Provavelmente conversava com a Lílian (aquela advogada que cuidou de meu caso com o Marcus, lembra?).
E foi por isso que subi pro meu quarto e comecei a te escrever esse e-mail. Ainda não estou com sono para dormir, então falar com você ajuda a diluir os pensamentos confusos.
Saber das acusações da Sônia me deixam com muita raiva, e ao mesmo tempo triste pelo Lucas. Ele vai passar esse final de semana enfurnado lá novamente, e sabe-se lá o que a monstra vai fazer dessa vez. Essa coisa de o Nicolas acionar a advogada faz eu perceber que uma guerra silenciosa está começando, e quem mais sofre com isso são o Nick e o Lucas.
Eu queria poder ajudar em algo, mas parece que só atrapalho quando tento conversar. Não que uma conversa resolva os problemas, mas... Você sabe. Assim como me sinto melhor quando falo com você, queria que o Nick se sentisse assim comigo.
Ah, enfim, amiga... Vou finalizar esse e-mail e ver se consigo pegar no sono. Boa noite.
Se estiver com um tempinho, poderia responder a estas perguntas?
1) No geral, o que achou do capítulo?
2) Tem algo NA ESCRITA que poderia melhorar? Me deem dicas para a revisão ^_^
3) Votaria neste capítulo para me ajudar?
Muito obrigada por acompanhar meu trabalho! ^_^
K I S S E S ~ K I S S E S
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