19.07.18 - Quinta

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De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Festa, túmulos, e um demônio


Olá, amiga...

Não importa o quanto eu diga que falar com você me traz conforto: tem dias que apenas quero sumir do mundo.

Mas não sumi... E sei que você está aí, em algum lugar, olhando por mim. E isso porque é meu anjo. E por isso estou agora pegando no celular e escrevendo...

Acho que, depois desse tempo, já consigo contar sem me sentir tão mal.

Esses dias eu tenho vindo bastante no cemitério. Pois é, estou aqui agora, vendo o sol se pondo. O Seu Antônio (o caseiro que mora nos fundos) estranhou de me ver. Achou que eu viesse visitar alguém... A verdade é que vim para me isolar. Como agora minha casa meio que é a casa dos Belson (porque eles têm a chave, então considero que é parte deles) é como se o meu quarto não fosse exatamente uma concha bloqueadora como era antes.

Pode parecer estranho, mas às vezes eu gosto disso. Ficar sozinho, sem falar com ninguém. Você já se sentiu dessa forma alguma vez?

E o pior é que o Nicolas tem insistido comigo para que eu conte o que aconteceu...

Putz... Ele não tem culpa de nada, e mesmo assim vejo que está todo preocupado, me olhando como se sentisse que devesse fazer algo. Eu tento a todo custo sorrir quando estou perto dele (e às vezes, de tanto fingir, consigo alguns momentos verdadeiros de alegria).

...

Tudo começou naquela sexta-feira, dia 13. Eu não sou supersticioso nem nada, mas às vezes acho que o azar me persegue. E justo numa sexta-13... Eu me vesti para sairmos (camiseta vermelha justa combinando com meu moletom preto) e me encontrei com o Nicolas na varanda de minha casa.

Uma coisa que gosto de lembrar é de como ele me elogiou. Disse que estou bonito, e me abraçou para um beijo. Os braços dele envolvem minha cintura de uma forma tão fácil, que sinto como se eu fosse menor do que na verdade sou.

Não demorou muito, e os amigos do Nicolas chegaram. Eram dois casais, e vieram apenas em um carro para economizar.

Ana com Saulo (o casal que dirigia) e Bernardo com Katia (os que vieram nos bancos de trás). De início foi aquela cena básica de "oi, quanto tempo, como você tá diferente", essas coisas. Pelo que entendi, fazia mais de um ano que eles não se viam.

E depois olharam para mim, com aquela cara de expectativa, esperando eu me apresentar. Então só falei "Sou o Isaac".

Não expliquei nada. Nem sobre ser vizinho, nem amigo, nem namorado. Acho que inconscientemente eu estava testando o Nick. Eu sei, sou horrível, um idiota, bla bla bla. Mas eu só queria ver como seria. Não me julgue por isso...

O rapaz que parecia ser o mais "de boa" (Saulo) olhou para mim e para o Nick, que estava ao meu lado, e perguntou "Então... Aquilo que você comentou no Zap era sério? Eu achei que cê tava zoando".

Na hora eu não entendi bem, mas quando o Nicolas pegou na minha mão e disse "É, a gente tá junto", as coisas ficaram claras. Eu só não senti borboletinhas felizes na minha barriga porque eu ainda estava nervoso sobre a reação deles. E, para minha surpresa, apertaram minha mão, sorrindo.

Eles ficaram meio que "bobos", sabe? Davam risada, mas não de deboche. Era mais aquela coisa do tipo "Nossa, véi, nem acredito", e começaram a conversar comigo... Perguntaram de que cidade eu tinha vindo, e por que havia escolhido aquela casa.

O Monotono Diario de Isaac [BETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora