31.05.18 - Quinta

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De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Gotas brancas na minha cadeira...


Hey, amiga! Boa noite! A cidade de Vale do Ocaso não decretou o Corpus Christi como feriado obrigatório, então houve expediente normal.

O trabalho está indo bem... O que não vai bem são os seres humanos.

Eu não ligo de trabalhar que nem um camelo no deserto. Não me importo que me peçam almoço, café, chá, ou que mandem eu ir até o banco fazer um pagamento, ou entregar X e Y em tal lugar com minha bike pra economizar gasolina. Também não fico incomodado de ouvir bronca se eu preencher algum campo errado no formulário, ou de ter que ficar horas estudando um monte de apostila sem graça, só para entender melhor minhas funções.

Sério, eu faço tudo isso numa boa, porque me sinto útil.

Mas quando os colegas de trabalho começam a me olhar torto, aí sim, dá vontade de explodir tudo. E me desculpe por esse desabafo... É que eu estou com um pouco de raiva (mentira, estou com MUITA raiva), por causa de uma brincadeira besta.

Hoje, quando eu voltei do banheiro do escritório (só fui mijar, puta que pariu) tinha uma galerinha rindo e olhando pra mim. Eu pensei que tinha algo estranho na minha cara (ou algo grudado em minha roupa), mas quando cheguei no meu lugar vi que tinha uns respingos brancos na minha cadeira.

Putz... E quando eles notaram minha cara de chocado, gargalharam. E ficaram zoando, como se eu tivesse deixado aquilo ali antes de ir para o banheiro. "Ê, novato, a necessidade é tanta que nem aguentou segurar antes de chegar no banheiro?".

(quantos anos tem aquele povo mesmo? Achei que eu estivesse num escritório, e não no jardim de infância)

Nem todos riram, só alguns. O cara que senta mais perto de mim não estava achando graça (o nome dele é Jorge, um indiano meio fechadão, um tipo de nerd anti-social) e ele me explicou que alguém tinha colocado algum creme na minha cadeira enquanto eu não estava. Quando eu limpei, senti pelo cheiro que era hidratante (ao menos não era nada nojento). Mas só o fato de terem feito isso me deixou puto. Eu continuei trabalhando no que eu tinha que trabalhar, sem olhar na cara de ninguém (e com a orelha fervendo).

Umas pessoas ficaram falando "Xii, ele ficou bravinho... É zoeira, Isaac! Só trote porque você é novato".

Mas quero que se fodam todos os que riram. E pior que eu não sei se isso é só por eu ser realmente um novato, ou se é por outro motivo... Eu não tenho um jeito "afetado" de agir, então não sei se eles sacaram sobre mim. Mas eu tenho essa aparência um pouco andrógina que faz com que as pessoas olhem para mim uma segunda vez. E isso é péssimo, porque o que eu menos quero é chamar a atenção.

Então, num dos momentos em que eu fui fazer um chá pro Soares (o supervisor da nossa seção) uma das funcionárias veio para a cozinha junto e me disse cheio de risinhos que aquilo tudo era só brincadeira, e talz, que não era para eu ter ficado tão chateado. E ela ainda arrematou dizendo que eu sou "muito gatinho".

Eu não sei que expressão fiz para ela nessa hora (porque eu estava tão puto que nem prestei atenção nos meus nervos), mas ela deu aquela engolida em seco e saiu de perto de mim murmurando um pedido de desculpa.

Pensei "vai, some".

Ela tinha rido da minha cara com os colegas, e depois vem falando que sou "gatinho"? É sério, isso? Se ela queria minha amizade com esse elogio, começou mal. E se ela queria me conquistar... Bem, o tiro saiu mais pela culatra do que ela pode supor.

Queria que mais pessoas no mundo fossem como os gêmeos, e como você. É que vocês compreendem as pessoas pelo que elas são, e as respeitam. Sou grato a você e aos Belson por isso...

Bom, pelo menos o Jorge não riu (se bem que desconfio que ele não tenha rido porque ele não parece MESMO ser o tipo de pessoa que dá risada... se vc visse a carranca dele me entenderia - mas mesmo assim o nerd indiano ganhou pontinhos comigo, por ter me explicado o que eram as gotas brancas).

Eu decidi que não vou ficar amiguinho de ninguém ali. Trabalharei, conversarei o necessário e responderei o que me perguntarem (desde que seja conveniente, claro). Mas... Amiguinho?

No, thanks.

E no almoço eu vi o Nicolas mais uma vez... Somente a visão dele fez eu esquecer (por um momento) os neandertais do escritório. Todas as últimas vezes que nos encontramos (quando jantei na casa dele, quando fomos na sorveteria, e hoje) dá a impressão de que ele está segurando mais uma vez alguma informação.

Da primeira vez essa sensação veio logo após nosso primeiro beijo, e o que aconteceu em seguida foi a explosão de saber que ele tem um filho (por quem eu me deslumbrei, mesmo não querendo).

Mas agora estou de novo sentindo aquela tensão maldita mais uma vez. Como uma mola se encolhendo, prestes a pular.

E eu astou ficando doido por causa disso. Não quero mais surpresinhas.

Pensei em perguntar para a Jack (e dessa vez FAZÊ-LA FALAR), mas quando mandei um "oi" no Whatsapp perguntando se poderíamos conversar, ela disse que estava na casa daquele pessoal, e que estava ocupada.

Bom... Amanhã ela não me escapa. E eu volto para te contar, pode ter certeza.

Desculpe por eu estar escrevendo pouco esses dias. É que o trabalho ocupa boa parte do dia, e com isso acabo não tendo novidades... =/

Espero que esse final de semana algo mude. Estou meio ansioso para a tal Parada LGBT de Vale do Ocaso (a tal "Parada do Vale"). É definitivamente um acontecimento diferente.

Uma bela noite para você, amiga!

Tenha bons sonhos, anja-irmã ^_^



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O Monotono Diario de Isaac [BETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora