Livro 1 - A Elfa, O Homem e a...

By gableaot

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Lannuaine é um nome bastante conhecido pelos elfos de todo o reino. É mais antigo que o reinado dos homens, q... More

Capítulo I - Enquanto Crianças
Parte 03
Parte 04
Capítulo II - O Germinar [Parte 05]
Parte 06
Parte 07
Parte 08
Capítulo III - A Guerreira [Parte 09]
Parte 10
Parte 11
Capítulo IV - O Homem da Virtude [Parte 12]
Parte 13
Parte 14
Parte 15
Parte 16
Capítulo V - Sob as asas da águia [Parte 17]
Parte 18
Parte 19
Parte 20
Capítulo VI - Novos Horizontes [Parte 21]
Parte 22
Parte 23
Parte 24
Capítulo VII - A Rainha e a Prisioneira [Parte 25]
Parte 27
Capítulo VIII - Não Há Mais Lar [Parte 28]
Parte 29
Parte 30
Parte 31
Parte 32
Epílogo

Parte 26

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By gableaot

Ara nunca havia visitado a cidade portuária no nordeste de Talmhainn e a uma cavalgada quase curta de Cáhida. Tão falada sobre, tão relevante. Sabia, ainda assim, que Grande Chifre tinha algumas vantagens para aquela empreitada: era bastante heterogênea e absurdamente movimentada. Navios, comboios, passantes e aventureiros errantes, todos os sóis uma quantidade incontável de criaturas entrava e saía da cidade. Era por entre toda essa confusão que Ara planejava adentrar os muros de Grande Chifre, ela e Iolanda, sem que fossem detectadas.

Vestindo capas e capuzes, as duas escolheram por deixar os cavalos nos arredores da cidade, e caminhar pelo resto do caminho. Ara e Iolanda, ambas tendo passado uma boa quantidade de verões se especializando em um deslocamento furtivo, desapareceram por entre os outros viajantes que se aglomeravam nos portões de Grande Chifre.

Não havia muito controle na entrada da cidade, apenas quatro guardas atentos, preocupando-se com potenciais confusões, e não a identidade daqueles que chegavam. Grande Chifre era o tipo de lugar que recebia a todos. Logo, as duas circulavam pelas ruas de pedra, passando pelo comércio, lojas de todo o tipo de artesão, de meias e sapatos à armas e instrumentos mágicos, pelas estalagens, os bordéis, bordéis disfarçados de tavernas e tavernas que se limitavam à venda de comida e bebida —talvez uma ocasional erva para o fumo.

Enquanto caminhavam, os passos em uma velocidade calculadamente mediana que não chamava atenção de ninguém ao redor, Iolanda puxou a manga da capa de Ara. A elfa observou sua nova companheira, que a encarava, os olhos arregalados. Com um movimento curto do queixo, Iolanda mostrou uma construção pouco a frente. Um prédio, não muito alto, mas construído com pedra e de forma bastante meticulosa. Nada dizia se tratar de um estabelecimento oficial, como prefeitura, ou até mesmo uma guilda, porém o que quer que o prédio abrigasse, o dinheiro investido em sua construção indicava poder. E, dependurados das janelas de vidro grosso do segundo andar, estavam dois estandartes exibindo a águia da Virtude.

— É a primeira que vemos — Ara comentou em resposta.

— Isso é bom?

Iolanda respirava fundo, tentando disfarçar a apreensão que sentia, que seus olhos gritavam. Estivera quieta em sua pequena cabana em uma vila de absoluta irrelevância, mas em vez de manter seu esconderijo, havia ido direto para uma cidade enorme, cheia de guardas e potenciais espiões, e ainda por cima influenciada pela Virtude. A humana começou a questionar seu bom senso em ter confiado na elfa estranha e em sua história forçada de ingenuidade e "querer fazer o certo".

— Se andamos por metade da cidade sem encontrar essa maldita águia, é sinal de que a cidade é, no mínimo, dividida. E pode ser que só quem mora nessa casa apoie abertamente a ordem — Ara tentou tranquilizar a companheira.

Não era o caso.

O caminho mais rápido para o porto passava pelo centro e parte mais rica da cidade e, das muitas glamorosas casas, um número considerável carregava o estandarte da Virtude. Assim que percebeu o padrão, Ara desviou o caminho.

— O quanto você conhece dessa cidade? — a elfa perguntou.

— Vim poucas vezes, mas sei como andar por aqui. Levo jeito com isso — Iolanda garantiu.

— Então você guia, vamos seguir pela parte mais pobre, deixar todas essas mansões pra trás e ver se não encontramos um símbolo mais amigável.

— E o que seria isso? — Iolanda perguntou.

Ara apenas sorriu em resposta. Sentia o peso se seu anel de latão, a cobra engolindo sua próprio cauda, presa no cordão de couro ao redor do pescoço. Lembrou-se do conforto em caminhar pelas colinas de Udalea e ver o símbolo nas portas, pintado em paredes, desenhado em pedras no chão. Sabia pouco sobre Grande Chifre, mas lembrava-se de Maguí contando como a cidade também apresentava enorme disparidade entre suas áreas ricas, e as mais pobres.

Iolanda, sem perder tempo, tomou outra direção. O suor ameaçava a pintura em seu rosto, e ela ansiava deixar Grande Chifre e o Reino. Mesmo que não soubesse exatamente o que havia para além das águas do mar.

Quando os casarões de pedra e tijolo se transformaram em casebres de madeira ou pau-a-pique, as bandeiras com águias sumiram e algumas cobras começaram a surgir. Ara sentiu, observou, em menor quantidade, ainda outro símbolo do qual não tinha qualquer memória ou referência, outro anel, mas este formado por nove pequenos círculos. Não tinha ideia do que se tratava.

— Como vamos saber qual barco é o certo? — Iolanda perguntou.

O plano envolvia embarcar Iolanda escondida em um navio mercante, que primeiro viajaria até a ilha de Ícarus, e depois deixaria o reino que os humanos chamavam de Carstvo. Havia sido uma decisão curiosa para Ara, que nunca ouvira falar que, além do mar, existiam outros reis, outras terras, outros povos, e descobrira que Carstvo e Talmhainn, no fim das contas, não significavam a mesma coisa. Talmhainn era tudo, Carstvo era limitado pelo controle de Lázaro e Valéria.

Ara tinha ficado bastante curiosa com essas outras terras. Por que não havia mapas, livros, ou até músicas em Lannuaine sobre tais lugares misteriosos? Havia elfos por lá? Maguí, mente por detrás da maior parte do plano, não soubera responder, mas imaginava que sim. A humana também tinha poucas informações, apenas conhecia histórias de navios que viajavam até portos estrangeiros para negociar tecidos, óleos, e armas, com humanos de pele estranhamente clara, olhos sempre azuis, cabelos e sobrancelhas tão loiros que por vezes pareciam brancos. Ara se lembrava da descrição de elfos que moravam nas montanhas do norte, era bastante parecido, fora o detalhe das orelhas. Imaginava se haveria algum motivo para isso.

Iolanda também era loira e com olhos claros. Talvez por isso Maguí tenha decidido mandá-la para tais terras.

— As bandeiras do navio. Vai ter uma igual a todas as outras, com o brasão da família real, mas também outra da Ilha de Ícarus. É um sol laranja em um fundo preto. E então procuramos pelo homem usando um gorro verde escuro.

Iolanda assentiu, voltou a baixar a cabeça, escondendo-se por debaixo do capuz, e caminhando em uma velocidade tremendamente comum.

Andaram pelas pequenas vias apertadas, cortando caminho entre carretas, porcos e lama, até voltarem para uma área mais organizada, com pavimentação de pedras, casas de tijolos, apesar de ainda humildes. O cheiro do mar se esgueirou pela via, atingindo-as, e logo podiam ver a água.

O porto era ainda mais cheio que o resto de Grande Chifre. Ara estava tonta. A quantidade de seres que caminhava pelo píer lhe parecia maior do que toda a população de Lannuaine.

E os navios. Ela nunca tinha visto nada igual, barcos sim, vários, mas aqueles eram diferentes. Construções gigantescas, altos, longos, pesados, uma confusão de cordas, tecido, madeira e gente. E atrás de tudo isso, a água.

Ara também nunca tinha visto o mar.

Distraída pela paisagem, em vez de caminhar até os navios e procurar pela bandeira com o sol, Ara desceu escadas de pedra que levavam à areia e à praia desocupada. Afastou-se do píer até conseguir uma visão mais limpa.

— Primeira vez que você vê? — Iolanda, que a seguia, perguntou.

Ara assentiu, hipnotizada pela imensidão à sua frente.

— Já tinha lido sobre. É difícil de imaginar como realmente é.

— Eu cresci perto da água. — Iolanda falou. — Sempre esqueço que muita gente passa anos sem conhecer o mar. É uma visão e tanto.

Elas ficaram em silêncio por um tempo, observando o movimento das ondas, e depois voltaram para procurar o homem com o gorro verde.

Não foi difícil, Ícarus é uma ilha de tamanho médio, com pouca população, e apenas dois navios carregavam sua bandeira. O homem vestindo o gorro verde organizava o carregamento do navio, parado ao pé da rampa que levava à embarcação e ditando ordens.

Ara cumprimentou-o, e disse que Maguí mandava lembranças. O homem as analisou de cima abaixo e respondeu, olhando para Iolanda:

— Você tem uma pequena cabine a boreste, mas chegando em Kuhlmta, eles costumam pedir papéis. Se você não tiver, vai ter que sair carregada dentro de um caixote.

Sem dizer nada, Ara retirou os papéis de sua mochila, entregou para Iolanda.

— Pode subir. Assim que der te mostro a cabine. — o homem falou.

Iolanda pousou seu olhar em Ara, com um sorriso. Também não falou, apenas assentiu, e subiu a bordo.

Ara voltou para a praia, sentou-se na areia e esperou o navio partir. Pôde enxergar a capa acinzentada de Iolanda dentro da embarcação que se afastava.

Suspirou. Iolanda não estava morta, mas havia sumido.

Issolhe dava tempo.

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