Livro 1 - A Elfa, O Homem e a...

By gableaot

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Lannuaine é um nome bastante conhecido pelos elfos de todo o reino. É mais antigo que o reinado dos homens, q... More

Capítulo I - Enquanto Crianças
Parte 03
Parte 04
Capítulo II - O Germinar [Parte 05]
Parte 06
Parte 07
Parte 08
Capítulo III - A Guerreira [Parte 09]
Parte 10
Parte 11
Capítulo IV - O Homem da Virtude [Parte 12]
Parte 13
Parte 14
Parte 15
Capítulo V - Sob as asas da águia [Parte 17]
Parte 18
Parte 19
Parte 20
Capítulo VI - Novos Horizontes [Parte 21]
Parte 22
Parte 23
Parte 24
Capítulo VII - A Rainha e a Prisioneira [Parte 25]
Parte 26
Parte 27
Capítulo VIII - Não Há Mais Lar [Parte 28]
Parte 29
Parte 30
Parte 31
Parte 32
Epílogo

Parte 16

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By gableaot

Acostumada com a enormidade do palácio real, Raquel conhecia todos os cantos do castelo, mas localizar três seres sem a ajuda dos guardas se demonstrava uma tarefa bastante complicada, e já não aguentava mais passar por cômodo atrás de cômodo, corredor atrás de corredor, sem encontrar o que procurava. Ainda assim, não queria perguntar onde estavam os elfos. Ao se utilizar dos caminhos oficiais, o correto seria se dirigir ao Duque quando os encontrasse, afinal de contas, ela era a herdeira do trono. Porém Raquel não confiava no Duque elfo, pelo simples fato dele ter vindo até Cáhida para se encontrar com seu tio.

O plano da princesa era primeiro conversar com a guarda-costas de Ghrèin, queria descobrir se a floresta ainda era a mesma que seu pai tinha se apaixonado, o lugar paradisíaco sobre o qual seus livros contavam, e, principalmente, se a Virtude permanecia longe de suas fronteiras, assim como todo o tipo de organização humana sempre estivera. Tinha pouco tempo, a comitiva de Lannuaine deixaria a cidade real naquela mesma tarde.

Para seu alívio, acabou por encontrar a elfa primeiro, ela estava sentada em um banco de pedra no pátio central, rosto virado para o céu, olhos fechados, como se estivesse absorvendo o calor do sol. Nossa, o cabelo é lindo, a princesa pensou. Já havia visto vários elfos em sua vida, mas nunca nenhum com cabelos de uma cor tão intensa. Ela parecia uma estátua sentada ali, algo esculpido, inventado. A pele tão clara, quase acinzentada, o cabelo de um azul tão forte, os traços finos, alongados, do rosto. Raquel se aproximou e se deu conta de que não sabia o nome da elfa. Perguntava-se como chamá-la, para tirá-la de seu aparente transe, quando ela abriu os olhos e virou o rosto em sua direção, encarando a princesa com curiosidade. Raquel percebeu de imediato que a elfa não a reconhecia. Não soube se isso era bom ou ruim.

— Olá. Você veio da floresta, não? Lannuaine?

A elfa pareceu surpresa, mas assentiu.

— E como você se chama? — a princesa continuou.

— Ara.

Raquel se apresentou apenas pelo nome e sentou-se do lado da elfa.

— Meu pai adora todas as histórias que escuta sobre a sua floresta. Ele sonha em visitá-la algum dia.

Ara sorriu, disse:

— Ela não é minha, nem de nenhum elfo. Nem mesmo daquele que vocês chamam de Duque. Mas é sim um lugar que vale visitar, é lindo. — a elfa pausou, refletiu por um momento, e continuou. — Talvez seja uma boa ideia encontrar um guia antes de entrar em Lannuaine só, os humanos tem bastante dificuldade em seguir as trilhas.

Raquel ergueu as sobrancelhas.

— Eu sempre ouvi falar que não existia qualquer trilha lá.

Ara deu de ombros.

— Elas existem, mas vocês não conseguem ver, eu acho. E nós precisamos perder nosso tempo ajudando exploradores perdidos que não fazem ideia de onde estão.

A princesa riu, falou:

— É a primeira vez que vejo um elfo reclamado de algo ser desperdício de tempo, vocês tem tanto.

— Estando aqui nesse castelo, nem parece que temos tanto assim. Vocês fazem tudo tão devagar, se eu não soubesse nada sobre humanos, acharia que vivem o dobro do tempo que os elfos.

Raquel considerou aquela fala por um momento com uma careta no rosto, depois se lembrou de todas as burocracias e reuniões que seu pai tinha que enfrentar em seu governo, e acabou por concordar.

— O reino dos homens não tem nada de incrível por si só. Mas e a floresta? Pode me contar mais sobre ela?

Ara levantou novamente o rosto para o céu. De olhos fechados, descreveu da melhor forma que pôde a floresta, a vila élfica e o grande carvalho onde morava. Sua fala era melódica, beirava uma música. Elfos tinham dificuldade em não cantar quando contavam sobre algo que amavam tanto. O relato fez Raquel sorrir.

— Parece incrível. Vocês têm muitos visitantes?

A elfa balançou a cabeça, em negativa.

— Não muitos. Você conhece as lendas sobre a floresta em si, certo? Poucos têm coragem de entrar. Acham que vão se perder e nunca ser encontrados, ou que as árvores vão puxá-los, arrastá-los para um lugar escuro debaixo do chão. Eu não garanto que não vá acontecer, a floresta não gosta de estranhos, e as vezes se sente ameaçada.

Raquel arregalou os olhos em surpresa. Tinha, sim, escutado muitas lendas, mas as considerava exageros dos aventureiros perdidos e assustados. Aquele que está sozinho em um lugar desconhecido, ainda mais a noite, pode confundir o som de um esquilo com o de uma besta.

Ara continuou:

— Apesar desse receio, visitantes são sempre bem vindos. Quer dizer, quando eles não têm más intenções com a floresta. Temos pouquíssimo contato com o mundo de fora, pelo menos a maioria de nós, aqueles que não são mercadores nem guerreiros, esses quase nunca saem da floresta. Então é divertido escutar as histórias dos aventureiros.

— Então Lannuaine continua assim? Isolada? — Raquel perguntou, sentindo uma onda de alívio passar pelo seu corpo. Seu pai talvez conseguisse realizar esse sonho, ao menos a floresta ainda estava lá, do jeito que ele ansiava em ver.

A elfa assentiu em resposta.

— Eu mesma, até pouco tempo atrás, nem sabia que esse castelo existia, e que tínhamos um Rei. Lia sobre isso de vez em quando, mas sempre achava que era coisa do passado.

— Então você não é guarda-costas do Duque há muito tempo? Imagino que se fosse, sairia mais pelo reino.

— Não. Primeira vez, mas Ghrèin não sai muito também.

Raquel notou que a elfa falava de seu líder pelo primeiro nome, considerou um bom sinal. No entanto, algo no tom de voz de Ara indicava alguma preocupação, um receio. Talvez ela também não goste do meu tio, a princesa pensou. Teve dúvidas se era inteligente perguntar sobre o assunto, mas decidiu por arriscar.

— Sendo assim, deve ter sido algo bem importante que o fez vir para cá conversar com o Príncipe Zaras. — Raquel disse, tentando fazer se comentário soar despretensioso.

Ara não demonstrou estranhamento que a humana soubesse exatamente o que seu líder viera fazer no palácio real, talvez estivesse mesmo completamente desacostumada com qualquer costume que não fosse o dos elfos da floresta. E, pela forma que havia falado dos visitantes, quando alguém ficava no palácio de carvalho de Lannionad era provável que todos os elfos soubessem quem era e a razão de estar ali.

A expressão no rosto da elfa tornou-se ainda mais acentuada. Algo sobre aquela visita à Cáhida a incomodava, isto estava claro. Mas, ela não disse nada, apenas concordou com a cabeça.

Raquel considerou o significado daquilo. A vinda do líder de Lannuaine para a cidade real, ter com Zaras, havia sido de fato algo excepcional, mas a Virtude ainda não havia chegado na floresta. Lannionad parecia continuar sendo a vila que Lázaro sonhava em visitar e, mesmo que Ghrèin tivesse intenções de se relacionar de alguma forma com Zaras, havia pessoas próximas à ele que não gostavam muito da ideia. Tudo isso significava que qualquer introdução da organização na floresta, caso acontecesse, teria de se dar de forma gradual, bastante sutil.

Seu pai, infelizmente, não tinha todo esse tempo. Por mais que Lázaro estivesse melhor desde que havia tomado o chá de ervas raras, no dia anterior, continuava sem ter tanto tempo de vida. Se fosse para Lannuaine, tudo indicava que encontraria o que desejava. A Virtude seria algo com o que Raquel teria de lidar depois.

Satisfeita com o rumo que a conversa havia tomado, a princesa falou:

— O Rei gostaria de visitar Lannuaine.

— O Rei?! — Ara perguntou, erguendo as sobrancelhas.

Raquel assentiu.

— Acha que seria possível que ele fosse com vocês amanhã? Afinal, você mesma disse que é melhor entrar em Lannuaine com um guia. Quem melhor que o líder dos elfos e sua guarda-costas?

Ara parecia divertida com a possibilidade.

— Não vejo nenhum problema, mas é claro, quem poderá dizer é Ghrèin.

Raquel se levantou.

— Excelente. Pode me levar até ele então?

A elfa a imitou e assentiu, ainda parecendo confusa. Elas começaram a se dirigir ao interior do castelo.

— Ah, um detalhe importante, quando for anunciar minha entrada à Ghrèin, é bom me chamar de Princesa Raquel.

Ara riu e concordou. Teve vontade de dizer àRaquel que ela era bem mais simpática que o tio, mas se conteve.

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