18/07 quarta-feira
Nesse tempo que passou Jake estava vendo uma casa para comprarmos. Ele queria comprar a casa com o dinheiro dele, mas eu disse que nem entraria se não dividíssemos o dinheiro para pagar. Não quero depender de homem nem botar tudo nas costas dele, aproveitar da boa vida financeira que ele tem. Eu não sei o tamanho, não sei onde fica, só sei que ele diz ser surpresa. Aff, ele sabe que sou muito ansiosa para esse tipo de coisa e ainda fica fazendo suspense, mereço.
Ele é um amor de pessoa com o nosso filho. Mesmo sem ver o rostinho dele ou dela ele é fascinado por esse bebê. Trata como se já estivesse em seus braços. Todas as noites conversa com ele. Pois é, quem diria. Jake mudou, e para melhor. Eu nunca duvidei que ele pudesse ser um bom pai, mas também nunca imaginei ele sendo um.
- Vai amor, assim vamos nos atrasar. Não estou a fim de esperar mais horas para saber o sexo do bebê.
Ele dizia isso pela vigésima vez. Esse realmente estava ansioso. É, eu estava a mesma coisa, não nego.
- Já estou pronta. - apareço na sala com a saia e a blusinha solta.
- Nossa, desse jeito eu irei ficar com ciúmes.
- Ciúmes?
- Não sei se você se lembra mas o médico do seu pré-natal é homem. - revira os olhos.
- Relaxa, vida, eu só tenho olhos para você. - dou-lhe um selinho e acabo rindo ao lembrar de seu comentário.
- Você viu o grupo hoje? Choveu de notificações sobre nós.
- Quê? Como assim?
- As meninas e os meninos afirmam que, se não falarmos sobre o sexo do bebê ainda hoje eles fazem uma semana de silêncio com a gente. - balança a cabeça em forma de negatividade e acabamos rindo.
- Ai, ai, esse povo...
Peguei meu celular e a bolsa com os documentos do hospital e blá blá blá. Saímos do apartamento, trancamos, então pegamos o elevador vazio para descer até o Hall.
- E a casa? Vai parar com esse suspense?
- Não.
- Aff. E o preço? Pode pelo menos me dizer para podermos dividir? - cruzo os braços.
- Não sei porque você cisma tanto com isso de dividir. Eu não preciso que você pague ela comigo.
- Mas eu quero! Mesmo que eu não precisasse provar, você sabe que eu não gosto e nem quero que pensem que eu estou com você pelo seu dinheiro. E além do mais, meus pais sempre me ensinaram a ser humilde.
- Ok, Jade Williams. - eu conheço bem essa frase. Ele só usa ela quando estamos prestes a brigar, como um ponto final para evitar que isso aconteça.
Passamos a maior parte do caminho de casa até o hospital conversando sobre o bebê. Eu queria tanto ouvir o coraçãozinho dele/dela de novo. Já imaginava a grande emoção que eu iria sentir novamente. Nunca fui mãe, nunca pretendi ser, e agora que serei, eu quero aproveitar cada momento, cada detalhe.
Seria a primeira vez que Jake escutaria o coraçãozinho do nosso bebê. A última vez que vim a ultrassonografia ele ainda não tinha recuperado a memória. Era tão lindo ver a curiosidade dele. Felizmente eu já tinha ouvido desde o terceiro mês (agora estou com quatro), ou seja, mês passado.
- Como que é ouvir o coração? - ele apertava minha mão, nervoso.
- Calma, amor. - sorrio. - Mas pode ter certeza, é umas das melhores sensações do mundo.
- E já dá para saber o sexo? Tem certeza? Ainda está tão pequenino. - passa a mão por minha barriga.
- O médico disse que se ele ou ela colaborar abrindo as pernas, sim. - risos.
- Filha, eu não quero que faça isso nunca mais na sua vida, ou pelo menos, até os trinta e sete anos de idade, mas, por favor, só hoje, abra as pernas, please.
Acabei gargalhando com o comentário dele. Jake era muito comédia em relação ao filho ou filha que esperamos.
- Jade Williams.
O médico chama da porta do consultório dele com um sorriso no rosto.
Respiramos fundo e entramos. A cada vez que entro naquela sala eu me sinto tão feliz. É sempre bom lembrar que a cada mês você vai ali e colhe informações sobre o seu bebê.
- Olá, papai e mamãe. - ele diz enquanto arrumava algo na tela onde vemos o feto.
- Olá. - respondemos em uníssono.
- Estão ansiosos para saber do sexo do bebê?
- O senhor nem imagina. - respondo.
- O que acham que é?
- Menino.
- Menina.
- Ok, vamos ver então. - ele riu com a disputa. - Primeiro vamos ouvir o coração.
Jake olhou para mim nervoso, era possível notar em seu olhar. Depois disso ele parou seu olhar na tela. Jake estava tão apaixonado, aqueles olhinhos brilhando, parecia que ele nem acreditava que aquele ser pequeno era nosso, fruto do nosso amor.
Tum Tum, Tum Tum, Tum Tum. Era o som que ecoava pela sala. Meus olhos se encheram de lágrimas novamente, eu tenho certeza que até o final da gestação será assim, cheio de emoções. Era difícil ainda acreditar que eu estava grávida. Às vezes eu me pegava pensando, mano, é verdade, eu estou grávida, isso não é apenas um sonho.
Olhei para Jake, em um mar de lágrimas. Ele sobrepôs seu olhar ao meu, soltando aquele sorriso pelo qual me apaixonei.
- O bebê está saudável, com aproximadamente 236 gramas e 15 centímetros. Nesse início do segundo trimestre as orelhas já estão se formando no lugar, o rostinho está se formando, como as pálpebras, os dedinhos dos pés e das mãos, como podem ver. Nesse período também os pulmões já são formados, e o feto começa a simular os movimentos da respiração. E agora, o mais esperado, creio eu, o sexo do bebê. - ele ri.
Ele fez um breve suspense, queria mesmo nos ver nervosos daquele jeito. Pelo visto era assim com todos os casais.
- É uma menininha. - ele sorriu de orelha a orelha, assim como Jake quando o olhei.
- Eu sabia! Desde o início eu sabia. - mais lágrimas desciam por seu rosto.
- Meu Deus, uma menininha. - meus olhos estavam em baixo de águas claras.
- Aqui está o CD com o som do coração e também a pasta com as imagens e as informações da ultrassonografia de hoje. Lá fora poderão marcar a próxima. Vejo vocês em breve. - sorriu.
Aquele médico era muito sorridente, bem visível isso. Na verdade, ele é muito feliz com a profissão dele. Ainda bem que escolhi ele para fazer o meu pré-natal.
- Meu amor, eu estou tão feliz com isso. - ele me presenteia com um milhão de selinhos seguidos um do outro. Jake realmente ficou emocionado e feliz.
- Eu sou grata por vocês dois em minha vida. - lhe abraço. - Mais uma menina para o time.
- Estava precisando. - risos.
- Parece que sua intuição estava certa, Jake Dornan.
- Eu sempre soube. - se gaba.
- E aí, vamos fazer um churrasco hoje para comemorar e contar a novidade? - sorrio.
- Sim, sim. Já estou até vendo você fazer vários stories pela casa gritando e dizendo que espera uma menina para os seus fãs.
- Está me tirando? - risos.
- Estou mentindo?
- Não queria admitir, mas não. - reviro os olhos.
O celular dele começa a tocar ao som de never give up - Sia.
É minha mãe.
Ele informa por leitura labial depois de atender.
Eu falo?
Assinto com um sorriso no rosto.
- É uma menina, mãe.
Escutei o grito dela, mesmo sem a ligação estar no viva-voz. Estou até vendo a vó babona que minha filha vai ter.
- Sim, vamos fazer alguma coisa para celebrar e contar a novidade sim. Só não conta para ninguém. É, finge para o meu pai e quem perguntar que hoje não foi possível ver o sexo.