Cap. 35

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Ligação On

— Amor?

— Oi, amor. Tudo bem?

— Sim, e você?

— Vou bem.

— Eu tenho que te contar uma coisa. — talvez eu tivesse com um tremor na voz.

— Aconteceu alguma coisa? Você parece abatida...

— Não, não, na verdade eu estou feliz. Quer dizer, por um lado.

— Então diga. — ele ri.

— O Coronel me disse que o Capitão que eu estava substituindo vai voltar para seu antigo cargo, sendo Capitão novamente.

— E não era para você estar triste?

— No contrato que fizeram de "empréstimo", dizia que se o Capitão antigo se recuperasse eu voltaria para meu país.

Ficou um total silêncio. Acho que ele estava tentando processar.

— Hum... Isso é bom. — ele não transmitia emoção na voz.

— Você ficou triste?

— Ah, Jade, você sabe que eu não posso me mudar para o Brasil de repente. Vou ter que continuar aqui, pelo menos, por mais um tempo. Hoje sou um dos melhores fotógrafos, estou bem na agência, estou tendo vários trabalhos e propostas de uma vez, não posso largar tudo.

Dessa vez eu que fiquei em silêncio.

— Eu não posso continuar aqui. Tenho que voltar a morar no Brasil, no Rio. Três anos longe de minhas irmãs, dos meus amigos, dos meus sobrinhos. — digo cabisbaixa.

— Amor. — ele me chama, parecia sorrir. — Eu sei, eu te entendo. Não irei te prender. Isso que eu quero para você. Que você seja feliz. E já está perto das minhas férias, daqui à algum tempo eu posso passar uns dias lá. E pode continuar assim. Vou fazer de tudo para nossa relação continuar. Não foram três anos perdidos.

— Que homem incrível! — sorrio. — Você sabe que se não fosse a saudade e as pessoas importantes que estão no Brasil, eu permaneceria aqui com você, todo dia, toda hora, não sabe?

— Sei sim. Já comprou as passagens?

— O Batalhão vai bancar, e o Coronel disse que amanhã o vôo já sai.

— Que horas?

— Na verdade é de madrugada. Às duas e vinte da manhã.

— Então quer dizer que só temos mais algumas horas juntos? — se eu o conheço bem, ele deveria estar com um biquinho e a maior cara de dó.

— Hoje eu não fui e nem vou trabalhar. Por tanto, às seis, depois que você sair da agência, poderíamos ir em algum restaurante ou parque de diversões.

— É, pode ser. Eu sentirei tanta saudade daqueles cafunés diários, aqueles momentos de casal, grudadinhos.

— Eu também, meu amor. Mas você tem que ser forte por você e por mim. São nossos trabalhos que estão em jogo. Antes de nós conhecermos pensávamos no que em primeiro lugar?

— O trabalho.

— E vamos continuar pensando assim. Eu nunca quis namorar alguém para tirar seu trabalho e as oportunidades que essa pessoa tem de vencer e crescer na vida. Não vai ser diferente agora.

O Capitão 2 (Concluído)Where stories live. Discover now