Cap. 46

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Depois que tomei o banho e vesti minha roupa, fiquei ali em frente ao espelho do guarda-roupa de Fer. O que eu estava fazendo da minha vida, senhor?

Ouço batidas na porta. Olho para a mesma, vendo Jake com a cabeça para dentro do quarto. Suspirei fundo e cobri meu rosto com as duas mãos. Já poderia se ver algumas lágrimas em meu rosto.

— Posso conversar com você? — ele perguntou um pouco seco.

— Pode. — limpo as lágrimas e olho séria para ele.

Ele se sentou na cama, enquanto eu estava no chão.

— Eu quero te pedir uma coisa.

— Diga.

— Fique longe de mim e de minha mulher. Por favor.

Isso foi como uma facada no peito.

— Você está estragando meu relacionamento de três anos. Meu casamento já é mês que vem, esquece tudo que a gente passou e me vê apenas como um amigo, alguém que já tocou o barco. Acho que você deveria fazer o mesmo. Esquece aquele beijo, esquece tudo que um dia passamos. Foi tudo uma aventura. O beijo, foi um erro, eu sei. Foi calor do momento. Você pode me deixar casar e ser feliz em paz? Aquela dança, aquele show que você fez lá fora, eu sei que foi para provocar Marina e eu. Mas, caramba, ela não tem culpa de nada. Não tem culpa de meu antigo relacionamento ter sido contigo. Não tem culpa de nada!

Era difícil ver Jake chorar, mas ele estava. Também, ele demorou tanto para achar alguém perfeito, procurou esse alguém perfeito em mim, e eu não fui merecedora de seu amor. Agora que ele encontrou e está sendo feliz, eu estou estragando tudo.

— Jake. — sorrio sem mostrar os dentes. Enxugo um lágrima insistente. — Eu sei que tive atitudes infantis desde que cheguei aqui. Tentei provocar Marina sim, eu admito. Errei? Errei. Mas agora eu só quero que você seja feliz, mesmo sendo com outra. Não se preocupe, eu não sou aquelas ex namoradas doentes pelo antigo amor. Eu não queria atrapalhar o relacionamento de vocês de nenhuma forma, eu juro. Sabe, como eu não tive infância, e muito menos adolescência, eu acho que vivo todos os meus melhores momentos agora. Me desculpe pelas vezes em que tive atitudes que você não gostou. Ela já foi embora?

— Ainda não, mas quase me jogou na piscina também.

— Olha, eu que sou a culpada por ela ter me jogado na piscina. Eu sou culpada por nossa rivalidade que nem existe. Eu sei que ela pode sim ser alguém do bem, alguém legal e que vai te fazer feliz. Eu sei que se eu tivesse me comportado hoje e não dançando daquele jeito só para te provocar, ela não teria se alterado e me tacado na piscina. Peço desculpas à você, mas também irei pedir à ela. Eu busquei saber mais dela depois que à conheci. Eu achei injusto tirar conclusões precipitadas pela primeira vez que vi Marina. Fiquei sabendo que ela é formada em medicina e trabalha na área obstétrica. Que ela tem vinte e cinco anos. Eu não quero atrapalhar o relacionamento de ninguém, muito menos o casório. — sorrio. — Eu quero que você entre naquela igreja pensando no homem que você é, no homem que sua mulher se apaixonou, o homem que conquistou o Brasil. O verdadeiro Capitão do BPM.

— Obrigado. Eu espero que você seja feliz com Lorenzo. Ele parece ser um cara legal. Vocês merecem tudo de bom, ser felizes.

— Obrigada. — sorrio.

— Eu vou ir. Aproveitei que ela está se despedindo de todos e resolvi trocar essas palavrinhas com você. À partir de hoje eu não serei mais aquele Capitão bonzinho. Nossas vidas no trabalho vai continuar como sempre. Fora podemos ser amigos, mas dentro eu continuarei sendo aquele Capitão egocêntrico e egoísta que você conheceu. Saiba que essa foi a última conversa que você teve com o Jake bonzinho. — dá risada e olha para a porta. — Eu amadureci, e acho que a melhor maneira de nós tratarmos terá que ser assim.

Assinto e o vejo sair por aquela porta.

— Jake!

Saio correndo pelo casa, atrás dele.

— Cadê o Jake? — pergunto para os meninos.

Eles apontam para o portão, onde Marina e ele estavam me olhando. Acho que se despedindo do aniversariante e da namorada dele.

— Marina! Por favor, espere um minuto. — peço ao chegar próximo deles.

— O que você quer, garota? Não cansou de fazer essas cenas todas? — revira os olhos.

— Eu dou a minha palavra, você não vai se arrepender dessa conversa. — digo séria.

Ela olha para Jake, volta seu olhar para mim, suspirando.

— Rápido, preciso trocar de roupa.

— Prometo que serei.

Andamos com uma certa distância até o quarto de Fernanda. Nos sentamos na cama, mas ela não me olhava no rosto.

— Marina.

— O que? — responde seca.

— Eu não quero Jake.

Finalmente ela olha para mim, talvez esperando eu terminar.

— Pelo contrário. Eu sou comprometida, e espero que ele seja feliz. Me desculpe pelas atitudes infantis que tive. Não era a minha intenção. Eu ainda não tinha te conhecido e resolvi tirar uma com sua cara. Mas, por favor, acredite em mim. Eu não quero o Jake! Ele é seu, ele pertence à ti. Eu já sofri tanto nessa vida, Jake esteve em todos esses momentos ruins. Eu conheci um pouco do verdadeiro Jake, de seu sofrimento, de tudo que já passou e sobreviveu. Eu peço-te que seja fiel à ele. Peço-te que ame Jake como nunca amou ninguém. Jake é assim mesmo, parece durão, mas só parece mesmo. Por dentro e um homem cheio de sentimentos, como qualquer outro. Eu sei que enquanto eu estive fora você esteve ao lado dele, agradeço-lhe por isso. Por estar fazendo dele um homem feliz. Eu, do fundo do meu coração, espero que vocês sejam felizes.

— Obrigada pela sinceridade. Agradeço por estar se redimindo. Eu farei Jake a pessoa mais feliz do universo. Pode ter certeza.

— Bom, pode ir, acho que já estraguei demais o seu dia por hoje. — franzo os lábios.

— Eu tenho uma parcela de culpa nisso tudo. Ter te jogado na piscina foi um erro. Uma atitude infantil. Peço-lhe desculpas por isso.

— Não peça, eu que provoquei. Apenas tive o "troco".

— Tchau, espero que você seja feliz também. Desejo muita sorte.

— Obrigada.

Ela saiu de lá e eu fiquei no quarto. Eu não sei o que está acontecendo. Eu amo Lorenzo, mas entregar Jake nas mãos de outra pessoa, me partiu o coração. Será que fiz certo? Errado? Dane-se, o que importa é que eu não vou mais me intrometer no relacionamento dos outros.

Limpei as lágrimas e fui lá para fora, eu tinha que falar com uma pessoa.

— Túlio? — apareci novamente na frente dos meninos.

— Você estava chorando? — se levanta imediatamente.

— Posso conversar com você? — ignoro seu comentário.

— Claro.

— Max, me desculpe por ter estragado sua festa. Fer, me desculpa pela bagunça. E a todos que viram minhas cenas de uma garota rebelde.

— Que isso. Você não fez nada, tenha certeza. A festa está sendo boa, eu agradeço por ter comparecido.

Sorrio de lado com o comentário de Max.

— É, sem você isso estaria sem graça. — Fernanda diz.

Entrei no quarto de Fer e tranquei a porta. Era mais seguro.

— Afinal, o que aconteceu? — Túlio me pergunta.

O Capitão 2 (Concluído)Where stories live. Discover now