Cap. 86

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- Jake... - abri meu melhor sorriso. - Eu nem acredito que estou vivendo esse momento tão especial. Eu nunca imaginei que essas coisas de filmes e livros de romance pudessem acontecer, mas seja lá como, isso aconteceu, está acontecendo. Logo eu, uma menina que ninguém dava nada. Ninguém apostava. Minha vida foi tão sofrida, tão dolorosa. Claro, assim como a sua.

- Isso é um sim? - sorriu.

- Claro que sim. - seguro suas mãos por cima da mesa.

- Olha, eu sei que nossas vidas foram e ainda continuam difíceis. Durante anos eu tentei encontrar a pessoa certa, mas esqueci que ela vem com o tempo. Em toda a minha vida eu sonhava em trabalhar, ajudar minha mãe e meus irmãos, ter sucesso, e construir a minha própria família, ter uma mulher, filhos. Minha mãe "morreu", eu não conseguia ver chão por onde eu passava. Tudo se tornou escuridão. Eu já fui aquele cara chato que pensa vinte e quatro horas por dia em trabalho, e, que, na maioria das vezes, esquecia da vida pessoal. Quem diria que após você entrar no Batalhão, com aquele sorriso largo, feliz e despreocupada, aqueles olhos verdes que brilham diferenciadamente dos outros, se tornaria alguém tão especial para mim.

- Eu te amo tanto... - lágrimas rolam por meu rosto, eu não pude controlar.

- Eu queria que esse pedido fosse especial. Que o lugar, o clima, tudo fosse diferente. Eu estava tão ansioso que nem me importei muito, mas queria pedir desculpa.

- Jake, quando há amor, não tem lugar, não tem pessoa, não tem nada que faça esse sentimento mudar. - sorrio. - Confia em mim, eu adorei. Estar em um dos melhores restaurantes de Copacabana, ao lado da pessoa que eu sempre amei, esperando um filho dela, é a melhor coisa que poderia acontecer comigo. Eu sonhei tanto com isso, com esse dia.

- Eu quero te ver logo naquele vestido branco, subindo no altar, prestes a dizer sim. - ele sorri em meio às lágrimas.

- Eu mal posso esperar por isso. - me levanto e me aproximo dele, selando nosso lábios.

- Ei, você me desculpa por ter brigado contigo antes da sua partida?

Tento lembrar do que ele quis dizer com aquilo.

- Ah, Jake...

- Foi estúpida aquela minha atitude de jogar a aliança e sair feito uma criança que não entende o significado do não. Fui criticado, fui esculachado, e, no início, eu não entendia o porquê. Para mim, eu estava certo. Mas agora, depois de três longos anos, eu amadureci e aprendi que devemos entender o lado do próximo sempre. Imaginar-se no lugar do próximo. E durante todos esses anos foi o que eu tentei fazer para entender você, o seu lado, as suas atitudes. Você estava certa. Você foi certa em não me dar ouvidos. Eu não sei como eu estaria agora, o sentimento de arrependimento apertando no peito ao te ver desistindo de seus sonhos. Tantas e tantas vezes eu fui recrutado para alguma operação e acabei vendo você e suas maravilhosas operações bem sucedidas. Eu tive tanto orgulho. - desliza seus dedos da mão direita em meu rosto. - Eu tenho muito que agradecer a você. Eu aprendi a ser mais humilde, comigo mesmo. Aprendi a aceitar a opinião dos outros. Graças a Deus a nossa história estava escrita, e hoje estamos juntos de novo. Aquilo foi uma prova de que, por mais longe que estamos um do outro, o amor prevalece. Eu lembro que a cada parte do meu apartamento que eu ia eu lembrava você. A cada canto daquele Batalhão, a cada lanchonete por perto. Eu via você eu tudo. Eu estava ficando louco. Lembro até hoje do dia que tentei cometer suicídio. Depois da falsa morte da minha mãe, foi a primeira vez que me senti vulnerável. No chão daquela cozinha, vendo o sangue escorrer, eu fiquei tão aliviado, aquela dor estaria acabando, tudo estaria no fim, até mesmo a minha dor. Mas não. Foi apenas o início de tudo. Hoje eu levo comigo essa enorme marca no braço. Para eu sempre lembrar do dia em que me senti fraco o suficiente para cometer tal besteira. Eu te amo tanto. Você não tem noção. Eu nunca conseguiria provar o tamanho do meu sentimento para você.

- Olha, essas marcas também foram feitas em um momento de fragilidade, insegurança. Mas foi uma das poucas vezes que me senti vulnerável.

- Me desculpa.

- Pelo quê?

- Por te causar essas cicatrizes. Nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido um tremendo babaca com você antes da viagem. Eu lembro que na época suas irmãs falaram um monte para mim, que eu era o culpado, que se você morresse a culpa seria minha, e eu realmente me senti culpado. Eu era o culpado. Você até precisou de sangue, eu sei.

- Já passou, todos nós passamos por perrengues pelo menos um dia de nossas vidas. Agora eu estou com você, estamos juntos. Isso que importa.

- Promete que nunca vai me abandonar?

- Responde você.

- Eu prometo que não, e você?

- Eu juro por mim. - sorrio.

- Aqui estão os pedidos.

O garçom deixou os nossos pratos e as bebidas em cima da mesa.

- Ei, calma, agora eu estou grávida, vou engordar, como você quer que a gente case? - tenho uma crise de pânico.

- Calma, mulher. - risos. - Primeiro que, você não está gorda. Segundo que, todos já sabem que você está grávida. Terceiro que, nós vamos nos casar mês que vem.

- O que? E você já arrumou a igreja, o padre, as coisas? Está muito em cima da hora.

- Eu dou meu jeito.

- O vestido não vai caber em mim.

- Jade Williams, você não está gorda! Você nem engordou direito ainda. - revira os olhos. - E mesmo que sua barriga estivesse grande, é nosso filho, tem que ser perceptível mesmo. - se gaba.

A noite foi perfeita. Imagina estar com o amor da sua vida, num jantar à luz de velas, pedindo você em casamento, esclarecendo todos os motivos pelos quais errou com você, estar esperando um filho dele, e multiplique por mil. Sim, é muito melhor do que eu pensava.

- Vamos, noiva?

Acabo rindo com seu comentário.

- Vamos, noivo. - risos.

Voltamos para o apartamento depois de uma noite gostosa ao lado de quem eu amo. Aquela aliança em meu dedo era o motivo de toda essa felicidade. Eu estava tão alegre, parecia que, como sempre, alguma coisa de ruim aconteceria. Não sei, mas se esse for o meu último dia de vida, eu estaria grata por ter encontrado alguém que me amasse tanto quanto eu amava ela. Eu estaria grata por minhas irmãs estarem felizes com seus filhos. Grata pela amizade. Grata pelo trabalho. Grata por tudo que consegui até o meu último suspiro. Uma coisa que eu nunca me perdoaria, era perder essa filho se eu partisse. Sabe, se for para eu morrer, que eu morra quando ele nascer. Se for para algo acontecer comigo, que seja quando ele estiver respirando. Eu nunca me perdoaria se eu vivesse e meu filho estivesse embaixo de terra. Mas de uma coisa eu sei, eu estou feliz.

- Você está pensativa.

- Eu só estou... Feliz. - sorrio sem mostrar os dentes. - Depois de tantas coisas ruins na minha vida, caos, violência, infância destruída, uma vida cheia de traumas, eu nunca me imaginária como eu estou agora.

- Como?

- Noiva e esperando um filho do homem que eu amo.

- Eu te amo.

- Eu te amo. - selamos os nossos lábios em um farol vermelho.

- Quando eu te conheci meu primeiro pensamento foi "Lua de mel em Dubai, sete dias, dois filhos e um cachorro. - risos.

- Nossa, que planejamento profundo para alguém que nem me conhecia direito. - dou risada.

- No fundo eu sabia que ia gostar de você. Era o destino.

O Capitão 2 (Concluído)Where stories live. Discover now