Cap. 14

2.3K 137 4
                                    

- O que? Como assim? Ele está bem? Como aconteceu? Me fala! - meus olhos começam a lagrimejar.

- Calma, ele está bem, já está em casa. Porém está bem fraco, bem cansado. Ele pegou uma faca e cortou os braços bem fundo.

- Ele perdeu muito sangue? Como ele está?

- Ele recebeu uma bolsa de sangue, está bem melhor agora. Está tomando um monte de remédios. Mas, e você?

- A mesma coisa. Tomando remédios, cansada, fraca...

- Vocês dois têm miolas na cabeça, só pode. - revira os olhos.

- Sim, mas não farei de novo. Foi uma lição para eu aprender como eu fico cansada e fraca. - faço linha reta com os lábios.

- Sim. Estou com um pouco de sono, trabalhei a madrugada e o dia inteiro, acho que vou dormir, se importa?

- Não, relaxa, depois nos falamos. - sorrio de lado.

- Beijos. Fique bem, quero minha garota saudável e forte novamente. - sorri.

- Beijos, ficarei bem. Até mais.

Fecho a tela do notebook, coloco ele na mesinha, pensando no que Nathan me falou. "Jake tentou se matar". Por que? Será que ele chegou ao mesmo ponto que eu? De não aguentar a própria mente falando que fizemos um erro? Ou os outros falam e cismam em continuar tocando no assunto? Não sei, mas ainda bem que ele está bem agora. Que coincidência, ele tentou cometer suicídio três horas antes que eu, ou seja, no mesmo horário que eu cometi, às 20h15, porém, com essa diferença de três horas.

- Jade... Você está... Abalada. O que aconteceu? Foi a notícia que recebeu? - Lorenzo vem e se senta ao meu lado com um olhar de preocupação sobre mim.

- Er... Eu só... Não estava imaginando que ele seria capaz. - limpo as lágrimas.

- Bom, agora você sabe que ele está bem. - põe sua mão em cima do meu ombro esquerdo, de alguma forma, me confortando. - E é você que precisa ficar bem. Tente se acalmar. Quer que eu te faça um chá?

- Você já fez muito para alguém que nem conhece.

- Sei seu nome. Para mim é muito. - sorri e se levanta. - Vou fazer um chá para você. Pode te ajudar a se acalmar e até te fazer dormir. - entra na cozinha.

Meus braços estavam doendo, um pouco mais do que o normal. Claro, nada gritante, mas já incomodava.

Jake Dornan On 05/04

Acabei de chegar do Batalhão, resumindo, uma operação importante e cansativa, que sugou toda a minha energia. Abri a porta do apartamento e não vi ninguém, nem meus pais, nem meus irmãos. Ótimo. Agora que meus pais estão muito ocupados na empresa, Lucca com seu filho e sua namorada, e Matheus, focando na Delegacia e cada caso que aparece, estou ficando mais sozinho e tendo mais tempo para pensar, refletir, um momento preciso em alguma parte da vida. Eu estava prestes à tomar banho. Meu celular tocou no bolso da calça. Estranhei. Quem estaria me ligando uma hora dessas? Olhei o visor e era um número do qual nunca tinha visto antes.

- Alô?

- Jake Dornan. O causador da dor imensa que Jade Williams deve estar sentindo agora. Sabe por que? Porque você não soube ouvir ela. Você não soube ter paciência para ouvir o que ela tinha à dizer. Você lhe disse coisas horríveis. Você foi e ainda é um mostro para ela. Achas mesmo que ela esquecerá aquela cena? Da briga que à levou a ter certeza do que estava fazendo? Da briga que fez ela aceitar aquela proposta? Pois é, meu caro. Talvez, se não fosse tão duro e amargo com ela, provavelmente ela ainda estaria aqui, contigo. E, vejamos. Ela está agora? - uma lágrima pesada escorre por meus olhos e eu dou um soco na parede. - Isso, Jake. Você é o culpado das noites que ela passa sem dormir, pensando em você, no que você deixou de ser, no que ela teve que deixar para trás para tentar te esquecer. Já pensou nisso? Já pensou no erro que você é? Garotinho, pare de de se fazer de inocente.

A ligação foi encerrada. A voz que havia falado tudo aquilo era meio robótica, deveriam ter mudado em algum computador. Mas... Não importa! Tudo que diz é verdade. Eu que à deixei ir. Agora ela deve estar me odiando, com razão. Como eu fui burro à ponto de deixá-la ir? Meu Deus, que merda que eu fiz? Lágrimas quentes e pesadas escorriam por meu rosto. Como eu pude ser tão idiota?

- Aaaahhhh. - soco a parede várias vezes seguidas. Minhas mãos estavam vermelhas, arranhadas, mas nada doía mais do que o remorso que eu sentia agora. Me apoiei com as duas mãos na pia do banheiro, respirando aceleramente, como se estivesse corrido numa maratona. - Por que eu deixei você ir? POR QUE?

Me sentei no chão, chorando, raivoso. Com as mãos na cabeça, encolhido, como se estivesse acabado de passar por um choque, um trauma, talvez. A verdade é que um balde de água fria me deixou assim. Eu tremia, era algo inexplicável e surreal! Comecei a suar frio. Para muitos isso seria drama, muito drama. Para mim, não. Eu sei que todos aqueles momentos que eu e Jade passamos juntos foram bons. Até demais para tê-la deixado partir. E por isso agora estou me sentindo um completo idiota! Peguei impulso e me levantei. Parecendo um psicopata, saí louco e atordoado pela casa. Não sabia o que eu estava procurando, mas facilitaria se encontrasse isso logo. Entrei na cozinha. A primeira coisa que eu vi e que eu tinha certeza que era o que eu estava procurando. Uma faca. Aquelas afiadas, de cortar carne, por exemplo. Andando meio estranho, até por que, eu não estava no meu melhor estado. Somente peguei a faca do escorredor e passei rapidamente pelo braço esquerdo. Foi tão rápido que no momento não senti dor. Depois começou a arder e sair muito sangue, cobrindo o meu braço inteiro. Minha respiração começou a ficar mais descompassada ainda. Meu peito subia e descia, meus cabelos já estavam molhados na parte da frente com o calor do momento. Engoli seco e peguei a faca com a mão esquerda, pronto para fazer o mesmo com o braço direito. Mesmo que o esquerdo esteja fraco e dolorido. Passei rapidamente a faca super afiada no braço.

- GRR!!!!!!! - gritei com todas as minhas forças que me restavam. A faca caiu da minha mão. Em segundos eu comecei a deslizar pela pia, indo ao chão. Quando finalmente caí, me senti fraco o bastante para não me aguentar mais do jeito que eu me encontrava. Caí para o lado. Perdendo totalmente a consciência.

Lucas Dornan On

Era mas ou menos umas 20h40.

- Tchau, meu amor. Amanhã logo cedo venho te ver. Só tenho plantão, então dá para passar o dia com vocês. - olho nos olhos de Cecília e aperto de leve as bochechas de meu filho. - Vê se esse não é o garotão mais lindo que eu conheço? An? An? É sim!!! - fico brincando com ele nos braços de Cecília.

- Tchau. - me beija.

Entro no carro, pronto para voltar para casa. Como meu apartamento não era tão longe a viagem foi bem rápida, como imaginei. Deixei o carro no estacionamento, desliguei o mesmo e entrei no elevador. As portas se abriram, saí, procurei pelas minhas chaves dentro da mochila, no bolso da frente, até que às encontrei. Abri a porta de casa.

- Jake, você não acredita. Pedi Cecília em casamento. Sim, eu estava meio apreensivo mas deu tudo certo e... - quando termino de fechar a porta e olho para trás, não vejo sinal de Jake e nem sua resposta. Arqueei as sobrancelhas, estranhando. Eu vi ele saindo do Batalhão e falando que vinha para casa. Será que ele passou em algum lugar e ainda não chegou? Bom, acho que vou comer alguma coisa. Estou varado de fome.

Caminhei até a cozinha. Assim que entrei me deparei com a pior cena do mundo. Por mais que ele fosse meu irmão, e irmãos briguem, eu nunca estaria preparado para isso. Comecei a tremer e engolir um seco. Eu não sabia como reagir.

- Jake, me diz que isso é uma pegadinha. Cadê as câmeras? - sorrio com lágrimas nos olhos. - Me diz que isso é sangue falso e fala logo que é trolagem. - choro.

O Capitão 2 (Concluído)Where stories live. Discover now