- Você ainda não me disse o que, segundo você, contaria depois. - Jade se aproxima.
- Daqui a pouco eu brinco mais com você, tabom? - sorrio. Ben assentiu e saiu correndo em direção aos seus amiguinhos. Volto a encarar a minha namorada.
- Vamos, pode me dizer.
- Jade... Não era nada de interessante. - sorrio. - Tanto que nem lembro mais o que ia dizer. Tenho certeza que não era nada sério.
- Absoluta?
- Absoluta.
- Qual é o nome dessa música?
- Ah... - ela para e presta atenção. - Ivete Sangalo - Quando a chuva passar. Eu te amo demais.
Sinto seus lábios nos meus. No mesmo momento eu sinto como se fosse uma onde de eletricidade por todo o meu corpo. Um arrepio, talvez. Um filme começou a passar em minha cabeça.
Flashback On
- Jade! Eu já deixei claro que o que rolou entre nós ontem ficou no passado! Será que você não entende?
- Você não quer assumir que gostou, isso sim.
- Você, esse caso, tudo isso é passado. Eu estou prestes a me casar, e não é você que vai estragar esse momento importante para mim.
- Ah, sério? Eu te conheço, você não gosta tanto dela quanto de mim.
- Se eu gosto ou não da pessoa da qual eu vou me casar, o problema é meu! Agora, vaza da minha sala, antes que eu chame os agentes superiores e fale que você fez coisas da qual não fez.
- Jake...
- Vaza! Será que você não entende? Vai atrás do seu namoradinho.
- Você sabe que eu não estou mais namorando.
- Uma pena, então vá arrumar o que fazer, porque aqui, você já me tirou o resto da paciência que eu tinha. Se eu ver você de novo por aqui, eu juro que faço você ser mandada embora.
Ela assentiu e saiu com uma cara amarrada, mas por incrível que pareça, ela não chorou. Diferente de todas as outras que eu já fiquei.
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- Jake Dornan, você aceita Marina Meireles como sua legítima mulher?
- Não.
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- Olha, se você veio aqui... - ela me beijou.
- Quer namorar comigo? - sorri de lado e passei a mão no cabelo, o arrumando.
- Sim. - sorriu.
- Bom, entra, namorada. - risos.
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- Verdade ou desafio? - Hugo pergunta.
- Verdade.
- É verdade que você gosta da Jade? - olho para ela sem reação e a mesma levanta as sobrancelhas e da risada, como se estivesse surpresa.
- Se eu gosto? - risos. - Eu amo esse serumaninho!!! - abraço ela de lado e lhe dou vários selinhos seguidos um do outro, fazendo-a sorrir.
- Aaeeeee, o casal finalmente se assumiu!!!!!! - Diego levanta e bate palma na irônia.
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- Você poderia dormir lá em casa, o que acha? - sugere.
- Por mim tudo bem.
- Estou bem cansada, quando chegar em casa eu quero abraçar minha cama e dizer o quanto eu estava com saudade dela.
- Nossa, bom saber que você sente mais saudade da cama do que de mim.
- Quem disse? - risos. - Você vem em primeiro lugar sempre. Mas é que sinceramente estou morta, quebrada, esquartejada...
- Mas também, você não dormiu essa madrugada, ficou indo para lá e para cá, não parou um minuto sequer.
- Estou.Morrendo.De.Sono. - boceja.
- Sua cara não esconde. - risos.
- Como assim? Está tão na cara assim?
- Essas olheiras, olhos caídos... Já diz tudo.
- Estou precisando seriamente da minha cama.
- Nossa, pensei que diria que precisava seriamente de mim, mas beleza, né, a gente tem que lidar com esse tipo de situação na vida... - dou de ombros.
- Nossa, amor, você está muito carente. O que aconteceu com você? - dá risada.
- Quando se tem uma pessoa linda, da qual estou completamente apaixonado, mas não posso ficar com ela toda hora porque sempre tem algo que estraga nossos momentos, isso é chato.
- Wooont, como ele está fofo hoje.
- Eu sou fofo. - digo óbvio.
- Tô sabendo agora.
Flashback Off
- Jake? - olho assustado para ela. - O que aconteceu? Você ficou pálido.
Minha cabeça estava explodindo. Tudo estava girando. Entrei correndo para dentro da casa e me tranquei no banheiro. Jade clamava por meu nome, parecia preocupada.
- Jake, o que aconteceu? Você está bem? Está passando mal? Abre, eu posso te ajudar.
Um dor de cabeça inexplicável estava me atingindo. Eu não conseguia raciocinar direito. Além daquele, teve outro filme na minha cabeça. Um filme de momentos. Com pessoas e em lugares diferentes. Eu era impossibilitado de responder Jade. Eu me contorcia todo, era algo desconfortável.
- Jake, por favor, confia em mim. Me diz o que está acontecendo. Eu estou ficando preocupada.
Ela batia na porta com uma voz de desespero.
Não era possível. O que eu tinha certeza que não iria acontecer, aconteceu.
- Aaahhh...
Coloco as mãos na cabeça e me contorço mais no chão. Eu grunhia baixinho, doía demais. Era como se em um minuto eu lembrasse de toda a minha história, de toda a minha vida. Eu não falei para ninguém, nem mesmo para Jade e o médico responsável pelo meu caso, mas eu lembrei de algumas coisas durante esses meses. Eu pensava que nada disso era, de fato, uma lembrança. Eu pensava que eram pensamentos, sei lá, qualquer coisa do tipo, menos lembranças. Eu me via beijando Jade, abraçando ela, mas era tudo muito rápido, um flashback de segundos, por isso eu pensava que só fosse vontade, não, lembranças.
- Jake, por favor, abre. Eu quero poder te ajudar. - ela insistia.
Quer dizer que aquelas porcentagens do médico estavam erradas. Eu ultrapassei todas as pesquisas que fizeram sobre mim. Todas as hipóteses. Mas eu entendo o porquê ele deu esse diagnóstico errado. Eu menti. Não falei dessas lembranças. Mas continuo achando que estava certo em mentir. Eu não sabia se eram acontecimentos reais. Não poderia tomar conclusões precipitadas.
Só Deus sabe quantas noites eu pedia a Ele para que minha memória voltasse a ser a mesma de antes. Só Ele sabe o quanto eu pedia. Ninguém sabe a dor que é acordar e não se lembrar de nada. Não se lembrar da sua cachorra, dos seus pais, irmãos, amigos, e dos últimos acontecimentos. Ninguém sabe até viver aquilo. Eu me sentia vulnerável, impossibilitado de fazer alguma coisa, eu me sentia uma criança novamente. Pior são os casos em que as pessoas não voltam com as suas memórias. Deve ser horrível. Como foi ruim esses meses em que não pude trabalhar no BPM, não pude segurar numa arma. Ser policial sempre foi o meu sonho, não trabalhar lá por três meses é um pesadelo, como se tudo que você construiu até hoje fosse por água a baixo.
- Jake? Eu sei que você está me ouvindo. Eu fiz algo que você não gostou? Por favor, diga.
Jade me ajudou muito nesses últimos meses. Ela praticamente me educou de novo. Me apresentou sua casa, as coisas e pessoas que eu conhecia, ela me fazia tentar lembrar. Me fez viver com ela momentos inesquecíveis. E meus pais? Nossa, que saudade deles. Não, saudade que o antigo Jake sente. O novo Jake não sentia o amor verdadeiro dos pais que o criaram. Meus olhos lacrimejavam, era algo que eu queria muito. Eu estava tão feliz.
- Jake... - suspira. - Quando quiser falar comigo eu estarei por aí.
Eu acho que ela havia chamado por mim umas cinco ou seis vezes desde que me tranquei aqui. Abri a porta com aquela cara de choro.
- Você está bem? Eu fiquei tão preocupada. Você saiu de repente, pensei que...
- Jade. - seguro seus braços. - Esse filho que espera, é meu, não é?