Minha cabeça doía, eu estava zonza, com a visão embaçada. Anabelle estava ao meu lado e a minha frente eu via uma pequena confusão e no meio dela estava a Mestre Andressa, com a minha caixa na não em quanto às garotas a sua volta tentavam argumentar e explicar o que tinha acontecido.
Levantei com a ajuda de Anabelle o mais rápido possível, e fui para junto do amontoado de garotas. Precisava recuperar a minha caixa.
—Ou todas se acalmam, ou arranjarei uma punição para cada uma de vocês!
Com essa sentença enfim a Mestre Andressa conseguiu o silêncio e a ordem que buscava. E ela não deu oportunidades para explicações apenas continuou.
—Em todo o tempo que sirvo à torre, esta é a primeira vez que presencio tamanha confusão. Estava preparada para lidar com qualquer desentendimento com os meninos, mas vocês?
Eu me senti envergonhada. Eu havia atacado a outra garota como um cão raivoso, e fui jogada contra a parede como um saco de ossos. As outras garotas também estavam constrangidas.
—Não sei o motivo, ou quem começou, mas sei que esta caixa é o centro da discórdia. E este comportamento é completamente inaceitável!
Eu queria me defender, gritar que a caixa era minha e que tudo era culpa da garota maluca. Mas eu sabia que isso só iria tornar tudo pior, e esperei.
—Ela vai ficar comigo, até que Máxine e Celeste entrem em um acordo, e juntas venham resolver isso comigo.
Senti minhas pernas moles, olhei em pânico para Celeste ela me deu um sorrisinho de vitória de volta.
—Mas, Mestre Andressa...—Tentei argumentar.
— Mas, nada! — ela não permitiu que eu explicasse. A única prejudicada nisso tudo era eu! — E, agradeçam que o Mestre da Torre esteja ocupado, do contrario estariam expulsas e sem oportunidade de receberem uma indicação adequada.
Não era justo. Aquela garota tornou a minha vida um pesadelo e agora eu dependeria dela para recuperar a minha caixa, em quanto ela não sofreria com consequência alguma!
— No entanto, as duas estarão fora da lista de indicação até que tenham resolvido isso. Espero que sejam rápidas, pois, se seus nomes não estiverem na lista até amanhã, não haverá nada que eu possa fazer por vocês. E se tiver que presenciar outra confusão, as duas estarão expulsas da Torre mesmo com o Mestre ocupado!
E saiu, sem nem mais uma palavra. Sem nos dar a chance de fazer ou dizer nada.
Simples assim.
Não podia ficar pior!
—O que você esta esperando garota? Assuma que mexeu nas nossas coisas, não acredito que os Ardilosos sejam tão egoístas, não percebe que vai arruinar o nossos futuros?
Enganei-me. Pode ficar pior sim!
— Escuta Celeste, não sou e não serei uma Ardilosa, não que haja algum mal nisso! E pela ultima vez, eu não mexi nas coisas de ninguém!
Eu tentava controlar toda a minha frustração. Mestre Andressa tinha partido com o único elo entre a minha mãe que eu possuía, e o meu futuro poderia ser arruinado pela teimosia preconceituosa dessa garota!
Tudo estava caminhando para o mesmo ponto, onde uma das duas atacaria a outra verbal e fisicamente, e eu não sabia como evitar isso. Celeste era teimosa, e incoerente. Meus argumentos estavam repetitivos, e não estavam sendo levados em consideração. Eu nem tinha certesa se eu estava sendo realmente ouvida por alguém.
Eu estava prestes a chorar quando ouvi a voz doce e conciliadora da Anabelle, vindo ao meu socorro.
—Ninguém vai a lugar algum dessa maneira!
Ela falou firme, mas sem aumentar o tom, e no mesmo instante conseguiu a atenção de todas as meninas. Celeste cruzou os braços fortes sobre o peito e encarou Anabelle, que apenas corou um pouco com toda a atenção em si, e eu olhei agradecida. Por experiência própria, sabia que ela tinha jeito para lidar com conflitos.
— Amanhã será feita a primeira indicação, e ninguém quer ter o sono perturbado com preocupações que poderiam ser facilmente evitadas! — Anabelle tinha a atenção de todas, muitas meninas se manifestaram afirmações tímidas e eu comecei a respirar melhor. — O que tenho em mente é muito simples, Celeste não confia em Máxine, e afirma que ela mexeu em nossas coisas.
Houve um pequeno alvoroço entre as meninas, e tive medo que tudo começasse novamente. Celeste prestava atenção com uma sobrancelha erguida. Mas, nada disso abalou o discurso de Anabelle.
— O que proponho é que cada uma de nós verifique os seus pertences, e que enquanto isso Celeste e Máxine permanecem aqui, para não influenciar em nada. No final disso, Celeste acompanha Máxine na sua própria vistoria e vice-versa. Desse modo todas as dúvidas serão resolvidas e as duas poderão esclarecer o mal entendido com a Mestre Andressa e recuperar os pertences da Máxine, estando prontas para o processo de indicação, e permitindo que todas tenham uma boa noite de sono!
Celeste não pareceu satisfeita, mas ao ouvir todas as meninas em concordando com o plano de Anabelle, não lhe restou alternativa.
— Que seja!
Eu queria abraçar Anabelle de tanta felicidade. Mas decidi que poderia esperar toada aquela confusão acabar.
Todas as meninas foram até seus colchões para verificar seus pertences como Anabelle havia sugerido. Ela, no entanto, permaneceu ao nosso lado. Com as mãos na cintura e um sorriso de satisfação no rosto, na sua melhor representação de Senhora Encarregada.
— E quanto a você, não vai verificar suas coisas?
O sorriso de Anabelle se desmanchou quase que imediatamente com a pergunta da garota, e eu já sabia o motivo, e não tinha nada que eu pudesse dizer para ajuda-la. Fiquei triste por ela, mas ela se recompôs e respondeu.
—Não preciso verificar nada, pois não tenho nada. — Respondeu ela com simplicidade. —É claro que tenho algumas mudas de roupa, mas não é algo que alguém queira roubar e, além disso, só tenho meu colar— Ela fez sinal para um cordão de couro fino em seu pescoço com um pingente prata entalhado.— Mas é sem valor, e além disso, está sempre comigo.
Celeste ficou constrangida, pensei que aquela garota era desprovida de sentimentos. As outras meninas começaram a retornar Anabelle decidiu encerar o assunto.
—Tudo bem, não me preocupo com isso, a partir de amanhã tudo vai ficar melhor. — Disse ela com confiança.
Todas as meninas que chegavam confirmavam o que eu já tinha dito, que eu não tinha mexido em nada. Anabelle e Celeste me acompanharam até o meu colchão onde tive que tirar as minhas coisas de dentro da minha bolsa, para provar que não tinha nada de ninguém ali.
Meu grande livro, meus instrumentos de escrita algumas mudas de roupas e a faixa lilás que pertenceu à minha mãe, tudo ali exposto para todas aquelas meninas que eu quase não sabia o nome. Eu aceitava pagar esse preço para receber a caixa de volta, e por isso fiz tudo de forma rápida.
Como o combinado, Celeste também deveria verificar suas coisas para comprovar que tudo estava em ordem e que nenhum de seus pertences estava dentro da minha caixa. Ela chegou onde ficava seu colchão, e puxou a trouxa que estava na cabeceira e que eu não tinha notado a Senhora Domitéa havia me levado ali. Não sei como, já que era enorme!
Dentro, assim como a maioria, havia algumas peças de roupa. Porém, Celeste usava cada uma para embrulhar algo diferente. Ela desembrulhou cuidadosamente dois pares de facas longas, finas e afiadas com os cabos ricamente trabalhados em madeira escura. Isso chamou a atenção de todas as meninas. Exclamações de surpresa e admiração foram feiras entre comentários e cochichos. Celeste parecia orgulhosa de seus pertences, e continuou desembrulhando coisas, que, seu eu não estivesse tão ansiosa para aquilo acabar, estaria fascinada e provavelmente estaria enchendo a garota de perguntas. Mas agora só estava com pressa mesmo.
Ela tinha uma pedra de fogo, um pequeno frasco de algo viscoso, que me parecia com o que usam como combustível para lamparinas. Tinha uma pedra de afiar, que já estava bem desgastada e um conjunto estranho de tiras de couro, junto de um punhado de esferas que me pareciam serem forjadas de ferro, e que eu não fazia ideia de para que servia. Mas lá do fundo do saco que ela usava para guardar as suas coisas, é que ela tirou o que parecia ter a maior importância e valor para ela.
Era algo pequeno, estava embrulhado em um pedaço de pano vermelho e cabia na palma da sua mão. Todas ficaram curiosas para saber do que se tratava, mas ela tomou cuidado para conferir se estava tudo bem com o seu pertence sem revelar a ninguém do que se tratava. Ela fechou o embrulho novamente, mas não devolveu à sua trouxa, e sim guardou no bolso do seu vestido. Ela guardou o restante de seus pertences da mesma maneira em que estavam antes.
—Parece que a nanica estava certa, foi só um mal entendido.
Ela disse isso deixando claro que era o mais próximo que ela chegaria de um pedido de desculpas. Eu teria protestado em qualquer outra situação, mas agora eu estava ansiosa apenas para resolver de uma vez por todas aquela bagunça.
— Agora,— Ela Levantou em um só pulo.—caminha recuperar aquela caixa estranha e por de volta nossos nomes na lista!
Só tem pessoas Malucas na minha volta!
A garota saiu animada como se não tivesse mais nenhum problema entre nós.
Anabelle estava tão animada com o fim do conflito que não resistiu à suas palminhas habituais. E eu, decidi que era melhor aproveitar a oportunidade e dar fim a toda aquela confusão e segui a menina. Em fim, teria minha caixa!
Queridos leitores, Feliz Ano Novo!
Desculpa pela demora, fim de ano é complicado. Prometo manter as postagens em dia! (promessa para 2018)
Espero que gostem deste capitulo, Não se esqueçam de me contarem o que estão achando da Celeste!
Quero saber de tudo, a opinião de vocês é muito preciosa para mim!
Beijokas!