Afinidades

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O sol já estava clareando, e era óbvio que nossa partida seria atrasada por todo esse alvoroço, isso não impediu que a rotina fosse retomada. Com apenas um sinal de cabaça da Senhora Domitéa, as suas duas auxiliares e os outros adultos do acampamento se puseram a distribuir tarefas para todos nós.

Hugo sugeriu a Senhora Aluízia que seria mais rápido e seguro se ele nos ajudasse com a tarefa da água, ela concordou. Pegamos os baldes e partimos em silencio para o riacho. Já que não adiantaria argumentar, e pelo visto esse moleque pretendia ficar na nossa volta, o jeito era aproveitar no que ele ela útil, afinal iriamos terminar essa tarefa, muito mais rápido com a ajuda dele.

Já tínhamos feito duas viagens ao riacho quando Anabelle tomou a inciativa de quebrar o silêncio.

— Sabe o que eu não entendo?

E confesso que eu estava pensando no mesmo então não me segurei.

— Sei, da onde você brotou Hugo?

— Que?

— Que?

Como, "que"? Fiquei confusa com a pergunta dos dois, se não era isso que a Anabelle estava pensando não faço ideia do se trata! Mas, ainda sim quero saber, mesmo ele me encarando com cara de inocente de sempre. Aproveitei a pausa para descansar os braços e resolvi que era o momento de solucionar isso de vez.

— Como o que? A culpa é sua! E sabe exatamente do que estou falando! Você usa de todas as oportunidades que consegue para ficar espreitando, e nos assustar!

— Do que você esta falando? Disse ele com ar todo ofendido. — Eu chequei logo depois das duas, e o resto eu já expliquei, não tenho culpa se você é distraída.

— Distraída? Pois sim, vou lhe mostrar quem é distraída!

Anabelle se pôs em frente aquele moleque bloqueando o meu caminho, e o atrevido começou a rir.

— Max! O que há com você? O que Diria a Senhora Domitéa se nos vissem dessa maneira!

Senti minha face esquentar, Ela tinha razão. Uma contadora de história não pode perde a calma tão facilmente. Como testemunha de fatos importantes deveria aprender a lidar com todo tipo de gente, inclusive com moleques mal educados! Vendo que Hugo estava se divertindo com a situação, Anabelle adotou uma postura rígida que em muito me lembrou, a da Senhora Encarregada ainda hoje cedo.

— E você, como pretendente a Casa dos Cavaleiros deveria se envergonhar com seus modos! Andar sorrateiramente não é algo que condiz com a sua pretensão!

As palavras de Anabelle bateram fundo em Hugo, o ar alegre desapareceu de seu semblante, e percebi que essa não era a primeira vez que ouvia algo assim. Anabelle me encarrou com o mesmo olhar que a Senhora Domitéa usava quando queria que nos desculpássemos por algo.

Pois sim! Eu que não iria me desculpar, não fiz nada de errado!

Ficamos naquele empasse no que me pareceu uma eternidade. E Anabelle começou a bater o pé assim como a senhora Domitéa quando esta prestes a perder a paciência de vez.

— Max!

— Tudo bem. — Mas só para que ela saiba, que sei lidar com situações difíceis! E para ela parar com aquela encenação de Senhora encarregada. — Hugo. Queira aceitar minhas desculpas!

— Muito bem Max! Ela estava tão contente consigo mesma que até bateu palminhas, não pude deixar de sorrir. Anabelle virou-se para Hugo, que mantinha sua cabeça baixa como se estivesse descoberto algo muito interessante na relva aos seus pés. — Hugo, eu acho que agora é a sua vez não é mesmo?

— Sinto muito, pelo modo como venho me comportando espero que possam me desculpar?

— Fabuloso! Disse ela batendo palminhas, o que trousse o sorriso novamente ao rosto de Hugo. — Agora que resolvemos o mal entendido, é melhor voltarmos para o acampamento.

Tive que rir, Anabelle estava decidida a se tornar uma versão mais doce da Senhora Domitéa, e confesso que ela leva jeito! Aquela seria a nossa ultima viagem até o riacho, e demoramos tanto que quando voltamos à clareira, o acampamento já estava pronto para partir. A Senhora Aluízia não era tão severa quanto às outras encarregadas e nos deixou partir sem ouvir mais uma bronca. Disse que ficar sem o desjejum já era castigo suficiente. Assim nos três fomos para a última carroça em silencio para não chamar atenção de mais ninguém, e em seguida a comitiva seguiu seu caminho.

Infelizmente como essa era a única carroça com vaga, Anabelle e eu ficamos sem nossas coisas, e Hugo ficou sem o seu cavalo, que foi utilizado par ajudar na comitiva. Sendo assim é pouco dizer que estávamos todos de mau humor. Gostaria tanto de ter meu livro para tomar notas sobre a viagem, além do mais, sem ele a viagem se tornava mais cansativa.

Quando percebi estava usando patrulha que passou a acompanhar a comitiva como forma de passar o tempo. Havia muitos detalhes sobre ela para se prestar atenção e isso acabou até se tornando uma distração razoável.

Como o prometido aqui esta um capítulo exta!

No próximo capítulo vamos conhecer mais sobre as patrulhas e um pouquinho mais sobre as casas...

Por falar nisso, Deixe nos comentários se você já sabe a que caso o seu coração pertence!

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Sete Regiões A lenda dos DragõesWhere stories live. Discover now