A Torre

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Os sinos badalaram chamando a atenção de todos no acampamento. Nossa chegada atrasada dificultou um pouco a nossa acomodação no pátio da Torre. Na verdade não nos acomodamos de forma alguma. As carroças apenas foram parando no local em que a patrulha indicou como o que era reservado para a nossa chegada. E nós sequer tivemos tempo de descer das carroças quando ouvimos as primeiras batidas do sino.

A Senhora Domitéa, e as outras encarregadas apreçaram todos a se reunir em frente a uma espécie de palco que havia sido montado em frente à entrada principal do Castelo, para que o Mestre da Torre pudesse falar e ser ouvido por todos no pátio. Em fim iriamos conhecer aquele que tem o nosso futuro em suas mãos. Meu coração estava apertado, eu estava ansiosa para saber que tipo de pessoa era o Mestre da Torre.

Quando os sinos pararam de tocar, todos do pátio do castelo já estavam em frente ao palanque. Demorou mais um momento para que os encarregados de todas as comitivas conseguissem que suas crianças ficassem em silêncio. Quando não se escutava mais nada, uma pessoa subiu no palco. Não era o que eu esperava, e pelo murmúrio gerado não era o que ninguém esperava!

Uma mulher, de não mais que trinta anos. Baixa, magra com cabelos longos e morenos e lisos, preso na nuca. Trajava um vestido longo de corte reto, sem mangas, e bege! A mulher era uma Mestre de Ofício, assim como a Senhora Domitéa. O fato de ser ela, e não o Mestre da Torre, ali, diante de nós surpreendeu até a Senhora Domitéa, que deixou escapar um resmungo.

— E agora essa!

Houve mais um breve burburinho, desta vez entre os responsáveis pelas comitivas, antes que a mulher começasse a Falar.

— Sejam todos bem vindos ao Castelo da Torre. — Ela não esperou por reações apenas seguiu com o discurso ensaiado. — Meu nome é Andressa, Filha de Aurora da Casa dos Mestre de Ofício, para aqueles que me conhecem sabem que sou a assistente Do Mestre, e para quem não me conhecia, saibam que serei a responsável pela a integração de todos, junto à rotina do Castelo.

— Mas, e o Mestre? Perguntou uma voz na multidão.

— O que aconteceu? Perguntou outra.

— E as primeiras indicações? Muitas outas questões estavam sendo levantada pelos responsáveis pelas comitivas. As crianças voltaram a conversar, confusas, estre si.

Andressa pediu calma com as mãos, e todos aos poucos foram se recompondo. Quando havia silencio o suficiente para ser ouvida, Andressa voltou a falar.

— Estou ciente que, as comitivas pretendiam partir com os jovens indicados à Casa dos Mestres de ofício como é costumeiro, Devido a aos acontecimentos que desestabilizaram nossa rotina, as indicações começaram a partir de amanhã, seguindo a ordem de costume. — Mais falatório. — Os jovens indicados à Casa dos Ofícios serão acolhidos na cidade da Torre. Desta forma a partida das comitivas não será atrasada mais do que já foram.

Ela não respondeu o que tinha acontecido com o Mestre da Torre, e pareceu não se importar com o descontentamento dos responsáveis pelas comitivas. Apenas deu intrusões que indicavam que exceto pelo que tinha ocorrido até agora, a rotina na torre permanecia igual. Ela se retirou do palco, e os encarregados, apesar de aborrecidos retomaram a suas funções.

A Senhora Domitéa, mandou que a seguissem de volta para onde estavam as nossas carroças. Ela estava visivelmente chateada. Mal esperou que estivéssemos todos juntos e começou a falar.

— O atentado ao Rei, mexeu com a programação de todos. Tenho certeza que o Mestre da Torre Deve ter um bom motivo para não nos recepcionar este ano. — Ela parecia estar tentando convencer a ela mesma, e não nós. — Em fim, cabe a cada um de nós, fazer o possível para que tudo volte ao normal.

Os garotos foram instruídos a seguirem com o Mestre Guilherme. As meninas deveriam seguir com a Senhora Aloísia. A boa notícia era que não veria Hugo, a má noticia era a comitiva partiria logo pela manhã, e eu não teria mais a segurança que eu já tinha me acostumado no orfanato, não teria a Senhora Domitéa para me socorrer ou me apoiar, pois agora como ela mesma disse, pertencíamos à Torre. Ela nos desejou sorte na nossa jornada e nos apreçou em seguir nosso caminho. Não foi possível me despedir de ninguém na comitiva, e isso me deixou muito triste, afinal aquela era a única família que eu conheci

Sete Regiões A lenda dos DragõesWhere stories live. Discover now