À beira da fogueira

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— Sinto que tenha assustado as senhoritas novamente. E que tenha escutado a conversa, mas depois de acender a fogueiras, a Senhora Encarregada disse que eu estaria livre até o jantar, contou ele, ­ — Achei que esse seria um bom local para ficar fora de vista.

— Sim, nós pensamos o mesmo não é verdade Maxine?

Anabelle parecia tão animada com a conversa que decidi desistir, concordei com um sorriso torto, e me sentei em um tronco de frente a eles, peguei meu livro de dentro da minha trouxa e comecei a escrever enquanto ele continuava contando sua história. Ele dizia que pensou que que Anabelle tinha visto ele, mas que quando notou que não, ficou sem jeito de se denunciar sem assusta-la. E que depois que eu havia chego e que começamos a conversar sem se dar conta de sua presença, ele percebeu que não seria educado continuar naquela situação, ainda mais que ele fazia parte do assunto que estava sendo tratado, então não teve outra opção e o susto foi inevitável.

— Nós, compreendemos. Disse Anabelle, não é mesmo, Max?

Pois, sim! O que eu menos fazia era compreender aquele garoto. Mas, ela estava contente, e para mim, por hora isso bastava. Então dei o meu sorriso torto mais uma vez, e eles ficaram satisfeitos.

— Quando exatamente você se juntou a comitiva mesmo? Perguntei.

Ele não ficou muito satisfeito pela mudança no ritmo da conversa, mas como viu o interesse de Anabelle, ele respondeu sem muito rodeio.

— hoje pela manhã.

— Não vimos sua chegada, quero dizer, a comitiva sempre para, quando alguém se junta a nós.

Agora foi a vez dele fazer um sorriso torto, ele não se sentia confortável com o assunto e eu não me importo, já que não fui eu quem o convidou para esta conversa. Mas,  já que ele estava ali, eu vou me sentir muito satisfeita se conseguir algumas respostas!

— Bom, sabe como funciona essas coisas? Desde a partida da comitiva a encarregada já tinha sido informada da minha união. Então vocês sabem, não foi preciso muita cerimonia, só uma carta, e pronto aqui estou!

Ele queria demonstrar que estava bem com tudo aquilo, mas estava claro que não. Sendo desta maneira, ele não tinha demostrado habilidades convincentes, para seguir em nenhuma das duas casas de sua família. Hugo demostrava ter tanta certeza de que era um cavaleiro, que pensar nisso chegou a me dar um frio no estomago. Anabelle também passava por algo semelhante, e de alguma maneira era como se estivéssemos ligados pelo mesmo tipo de angustia. No fundo cada um de nos sabia exatamente a qual casa gostaria de pertencer, mas o medo da indicação era o que estava nos corroendo.

O clima pesou novamente entre nós,  Anabelle voltou a se encolher, Hugo começou a riscar o chão com um graveto, e eu me senti como uma criminosa. Estava tudo tão agradável para eles e eu e a minha curiosidade tinha estragado tudo. A noite estava linda, e o céu estava estrelado, o acampamento estava calmo, muitas crianças que assim como nós, já tinham terminado suas tarefas, formaram pequenos grupos entorno das varias pequenas fogueiras e compartilhavam suas historias, e expectativas enquanto aguardavam o chamado para o jantar. Devíamos estar assim, afinal nossas historias não podiam ser muito diferente da deles, ou não estaríamos nessa comitiva, mas de alguma forma sentíamos que não estava certo nós sabíamos qual era o nosso lugar.

Anabelle, Hugo e eu sabíamos a que lugar nosso espirito pertencia. Tenho certeza que eles assim como eu só tinham uma coisa em mente, que esses últimos dias de viagem passassem muito rápido e que na Torre todo esse mal entendido pudesse ser resolvido.

Foi com um alívio que ouvimos o som da pequena sineta que a senhora Domitéa usava para avisar a todos que a refeição seria servida. Nós nos juntamos aos outros, aguardando a nossa vez. O cozido foi servido acompanhado de uma pequena fatia de pão duro. De volta ao o nosso canto, Anabelle mexia no seu prato sem interesse, Hugo comia em silencio, e o meu cozido esfriou enquanto eu escrevia. Aos poucos o acampamento ficava mais silencioso à medida que as crianças terminavam o seu jantar e se recolhiam para dormir em tono das fogueiras.

Anoite estava quente então não foi montada nenhuma tenda, a senhora Domitéa estava acomodada em uma das carroças junto de mais duas auxiliares que a acompanhavam, os demais adultos eram homens que se revezariam na vigília do acampamento.

Anabelle buscou sua trouxa e se preparou para dormir, esticando uma comprida manta próxima à fogueira. Hugo explicou que estava responsável pela manutenção das fogueiras no primeiro turno de vigília, e logo após da refeição ele nos deixou para começar seu trabalho ao longo do acampamento. Aproveitei o sossego, e me recostei no tronco que usamos como banco, e abri o meu grande livro novamente. A luz tremulante da fogueira não era a mais adequada, e tive que forçar a visão, mas chegando à Torre é provável que não terrei muito tempo livre e sendo assim, vou aproveitar cada momento para trabalhar no meu livro.



Nossa! Qual será o destino desse trio?

Ficaram curiosos? Contem nos comentários o que vocês acham!

No próximo capítulo teremos um pouco mais sobre as lendas dessa Terra Fascinante...

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Beijokas...


Sete Regiões A lenda dos DragõesWhere stories live. Discover now