Conflitos

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Não sei bem quanto tempo se passou desde que a Senhora Domitéa me deixou sentada naquele colchão, com a cabeça borbulhando de perguntas que não tive a chance de fazer, pois ela foi embora apreçada, explicando que a comitiva a esperava para partir, e ela não podia esperar mais. Disse esperaria por notícias e me desejou sorte.

E foi isso.

Eu ainda estava lá olhando para a caixa com a chave na mão, criando coragem para abri-la.

— E aí, nanica? Até entendo que não tenha gostado de onde ficou, mas errou feio se pensou que poderia ficar com o meu lugar!

Espera, esse "nanica" era para mim?

Virei-me para onde vinha à voz grave, e vi que sim, "o nanica" era para mim. Mas, a menina que falava poderia chamar a qualquer um de "nanica". Ela tinha um palmo a mais de altura do que Anabelle, que já podia ser considerada uma menina alta, e era três vezes mais larga do que eu. E nada dessa largura tinha a ver com gordura e sim com músculos bem trabalhado.

Ela era loira, e trazia os cabelos trançados em duas tranças que desciam firme do alto de cada lado da cabeça se unindo em uma só na base. Usava um vestido simples vermelho que não combinava em nada com ela, mas que deixava claro que pertencia a uma casa tradicional, a dos Guerreiros se não estou enganada. Dessa forma, ela deveria ter quinze anos assim como Anabelle.

Tratei de me levantar o mais rápido e dignamente que a ocasião permitiu. Não queria começar uma briga com ninguém, muito menos com uma menina que parecia ter sido preparada para uma guerra.

— Desculpa, foi um engano. — Preferia parecer burra e covarde, a ter mais problemas com que lidar, queria ir o mais longe dali, e procurar um lugar calmo para abrir a minha caixa.

—Engano é você achar que vou deixar você mexer nas minhas coisas, e ficar por isso mesmo!

—Que? Eu não mexi nas suas coisas, eu só...

Antes que eu pudesse explicar qualquer coisa, a garota já estava em cima de mim tirando a caixa das minhas mãos com facilidade, me deixando em pânico, como alguém tão grande podia ser tão rápida?

— Me devolva isso!

—Não antes de ter certeza que não há nada meu aqui!

A garota tentou abrir a caixa sem sucesso. Ela realmente achava que eu tinha mexido nas coisas dela!

— Me dê a chave!

—De jeito nenhum. Ela não te pertence!

— E nem a você!

Como assim? Que garrota maluca. Ela me afastava com facilidade toda vez que eu tentava tirar a caixa de suas mãos. Varias outras meninas já haviam voltado do almoço e se juntavam a nossa volta tentando entender o que estava acontecendo. A situação estava perdendo o controle. A caixa era minha e ninguém a abriria antes de mim!

Eu estava com medo que aquela criatura acabasse quebrando a apequena caixa, e por isso deveria mudar de tática já que a força eu não conseguiria nada.

— Se acha que mexi em suas coisas, porque não conferem elas? Não precisa abrir a minha caixa.

— Essa caixa não é sua. Não estava com ela quando chegou. E talvez não tenha mexido nas minhas coisas por que eu cheguei a tempo, mas teve tempo de sobra para mexer nas coisas das outras meninas!

— Agora você está me chamando de ladra! Você não sabe o que está falando! Você não me conhece, não tem o direito de fazer esse tipo de acusação!

—Se não tem nada a esconder abra a caixa!

Estávamos berrando novamente. Eu estava com o rosto quente de raiva! Ela também estava alterada e as outras meninas também estavam entrando na discursão. Umas apoiando ela outras tentando acalmar a situação. Anabelle me defendia e tentava ser ouvida em meio à confusão.

Aquilo era um absurdo, eu não ia abrir a caixa de pertences da minha mãe na frente de um monte de desconhecidas. Eu mal consegui fazer isso sozinha! Eu não tinha outra escolha a não ser, convencê-las que a caixa era minha.

— Eu só estava aqui por que a Senhora Encarregada da minha comitiva escolheu esse local para conversar comigo, e foi aqui que ela me deu a caixa! E sim, eu não a tinha quando cheguei, mas ainda sim ela é minha! É só perguntar à Senhora Encarregada e todo esse mal entendido será resolvido.

A menina começou a rir.

— Você deve se achar uma pessoinha muito esperta? Pensa que não sei que as comitivas já partiram? Inventa uma historinha que ninguém pode confirmar? — as meninas começaram a apoiar e tudo estava saindo do controle novamente. — Você não precisa do Mestre da Torre para indicar seu espirito, você certamente deve ser uma ardilosa, sorrateira!

Pois sim! Vou quebrar a cara daquela patife!

Eu nem pensei no que estava fazendo eu só ataquei!

Capítulo curto, atrasado e polêmico!

Contem-me o que acharam. Não se esqueçam de deixar o votinho!

E prometo que posto a continuação dessa treta o mais rápido possível.

Bejokas!


Sete Regiões A lenda dos DragõesWhere stories live. Discover now