Depois de horas amolando o canivete suíço no chão, Nícolas tentou cortar a corda que o prendia. Vamos... por favor... seus olhos doíam de sono e o estômago rosnava; deixara sua parte do biscoito para Rita.
O material da corda era muito resistente e, embora o canivete tenha feito seu estrago, não era o suficiente para cortá-la rapidamente. Nícolas sabia que o trabalho seria mais proveitoso se continuasse a amolar a arma por mais um par de horas... seria o suficiente para escapar daquele inferno.
Enquanto amolava, imaginava-se enfiando o canivete em todo o corpo do diabo que o prendera, transformando-o numa peneira de tripas e sangue. Ah... como ele queria poder realizar apenas esse sonho...
(Só isso, Papai Noel, por favor.)
Contudo, Nícolas estava cansado demais e Rita dormia. De que adiantaria fugir cansado para se render ao esforço e desistir na metade do caminho? Não... ele teria apenas uma chance. Deveria, mais que tudo, aproveitá-la. Depois voltaria, claro.
Voltaria para matá-lo.
Segurando o canivete com toda a força que ainda lhe restava, adormeceu. Pesadelos o assombravam, mas nada tão horrível quanto a realidade.