Um Perverso Tom de Vinho

By Mundim

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Numa cidade boêmia como Nessuno, tem-se a impressão de que a noite existe para abrigar os fracassos, os pecad... More

Prólogo: sacrifício em holocausto - Parte 1 de 8
Prólogo: sacrifício em holocausto - Parte 2 de 8
Prólogo: sacrifício em holocausto - Parte 3 de 8
Prólogo: sacrifício em holocausto - Parte 4 de 8
Prólogo: sacrifício em holocausto - Parte 5 de 8
Prólogo: sacrifício em holocausto - Parte 6 de 8
Prólogo: sacrifício em holocausto - Parte 7 de 8
Prólogo: sacrifício em holocausto - Parte 8 de 8
Capítulo 1: terra di nessuno - Parte 1 de 2
Capítulo 1: terra di nessuno - Parte 2 de 2
Capítulo 2: sagrada quinta-feira - Parte 1 de 1
Capítulo 3: um cavalheiro em toda a extensão da palavra - Parte 1 de 3
Capítulo 3: um cavalheiro em toda a extensão da palavra - Parte 2 de 3
Capítulo 3: um cavalheiro em toda a extensão da palavra - Parte 3 de 3
Capítulo 4: grilagem, especulação e morte - Parte 1 de 4
Capítulo 4: grilagem, especulação e morte - Parte 2 de 4
Capítulo 4: grilagem, especulação e morte - Parte 3 de 4
Capítulo 4: grilagem, especulação e morte - Parte 4 de 4
Capítulo 5: militares, indígenas e uma cachaça para começar - Parte 1 de 1
Capítulo 6: das cinzas como eu, papai - Parte 1 de 2
Capítulo 6: das cinzas como eu, papai - Parte 2 de 2
Capítulo 7: o sentido da vida - Parte 1 de 2
Capítulo 7: o sentido da vida - Parte 2 de 2
Capítulo 8: mais álcool no sangue e menos roupa no corpo - Parte 1 de 1
Capítulo 9: há esperança no cômodo escuro - Parte 1 de 1
Capítulo 10: lembranças da Segunda Guerra - Parte 1 de 3
Capítulo 10: lembranças da Segunda Guerra - Parte 2 de 3
Capítulo 10: lembranças da Segunda Guerra - Parte 3 de 3
Capítulo 11: adentrando o cerrado com os caipiras - Parte 1 de 2
Capítulo 11: adentrando o cerrado com os caipiras - Parte 2 de 2
Capítulo 12: o convite da morena - Parte 1 de 1
Capítulo 13: cogumelo de zebu e algumas poças de sangue - Parte 1 de 4
Capítulo 13: cogumelo de zebu e algumas poças de sangue - Parte 2 de 4
Capítulo 13: cogumelo de zebu e algumas poças de sangue - Parte 3 de 4
Capítulo 13: cogumelo de zebu e algumas poças de sangue - Parte 4 de 4
Capítulo 14: colarinhos brancos e o velho sobe e desce - Parte 1 de 1
Capítulo 15: Geena? - Parte 1 de 1
Capítulo 16: segunda-feira - Parte 1 de 2
Capítulo 16: segunda-feira - Parte 2 de 2
Capítulo 17: o que vão fazer? Chamar a polícia? - Parte 1 de 2
Capítulo 17: o que vão fazer? Chamar a polícia? - Parte 2 de 2
Capítulo 18: seis amigos - Parte 1 de 1
Capítulo 19: amour fou - Parte 1 de 3
Capítulo 19: amour fou - Parte 2 de 3
Capítulo 19: amour fou - Parte 3 de 3
Capítulo 21: o sabor de se envolver com a pessoa errada... - Parte 1 de 2
Capítulo 21: o sabor de se envolver com a pessoa errada... - Parte 2 de 2
Capítulo 22: o sabor é amargo - Parte 1 de 1
Capítulo 23: o medo some longe do perigo - Parte 1 de 1
Capítulo 24: sonhos de cólera - Parte 1 de 3
Capítulo 24: sonhos de cólera - Parte 2 de 3
Capítulo 24: sonhos de cólera - Parte 3 de 3
Capítulo 25: o trabalho continua no escuro - Parte 1 de 1
Capítulo 26: o sangue aduba o solo - Parte 1 de 2
Capítulo 26: o sangue aduba o solo - Parte 2 de 2
Capítulo 27: o paradoxo da saudade - Parte 1 de 3
Capítulo 27: o paradoxo da saudade - Parte 2 de 3
Capítulo 27: o paradoxo da saudade - Parte 3 de 3
Capítulo 28: a chance e o abandono - Parte 1 de 2
Capítulo 28: a chance e o abandono - Parte 2 de 2
Capítulo 29: faroeste mineiro - Parte 1 de 3
Capítulo 29: faroeste mineiro - Parte 2 de 3
Capítulo 29: faroeste mineiro - Parte 3 de 3
Capítulo 30: o ápice da felicidade - Parte 1 de 2
Capítulo 30: o ápice da felicidade - Parte 2 de 2
Capítulo 31: alguns pela água; alguns pelo fogo - Parte 1 de 1
Capítulo 32: o covil do diabo - Parte 1 de 1
Capítulo 33: Geena, enfim - Parte 1 de 1
Capítulo 34: depois do desfecho - Parte 1 de 2
Capítulo 34: depois do desfecho - Parte 2 de 2
Capítulo 35: se você fecha a porta, a noite dura para sempre - Parte 1 de 2
Capítulo 35: se você fechar a porta, a noite dura para sempre - Parte 2 de 2
Capítulo 36: sentimento de justiça - Parte 1 de 1
Capítulo 37: tem um trago? - Parte 1 de 1
Capítulo 38: há muitos filhos do mal para um só inferno - Parte 1 de 2
Capítulo 38: há muitos filhos do mal para um só inferno - Parte 2 de 2
Capítulo 39: eu te amo; sempre te amei - Parte 1 de 2
Capítulo 39: eu te amo; sempre te amei - Parte 2 de 2
Capítulo 40: um herói - Parte 1 de 2
Capítulo 40: um herói - Parte 2 de 2
Capítulo 41: velhos conhecidos - Parte 1 de 1
Capítulo 42: o medo, a morte e o inferno - Parte 1 de 1
Epílogo: o depois - Parte 1 de 1
Considerações finais: Um Perverso Tom de Vinho
LIVRO FÍSICO

Capítulo 20: agradeça a Deus pelos canivetes suíços - Parte 1 de 1

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By Mundim

Rita abraçou Nícolas com mais força quando sentiu os passos estalando a madeira no cômodo ao lado; o monstro estava chegando.

A fome e o medo já eram intrínsecos às crianças. Elas se sentiam tão famintas que comeriam mesmo sentindo o cheiro adocicado... mesmo achando que a carne poderia ser...

Deus! Que não seja! Não isso! Por favor!

A porta se abriu.

– Trouxe um novo amiguinho pra vocês, crianças. – Carregava nos braços um

(estoque)

menino magro e baixo, como alguns que ali estavam.

Os pequenos se encolheram, temendo serem levados para o fogo.

Genésio entrou no quarto, caminhando até a parede, onde prenderia o menino em uma das grossas cordas presas às argolas de aço nas quais seu papai prendia os cachorros – mas isso foi há muito, muito tempo; ele ainda vai voltar para termos mais cachorros caçadores, vai sim. O monstro tropeçou em um rato, tombando o menino em seus braços. No movimento, um objeto fora atirado do bolso do moleque para o lado, caindo próximo de Nícolas, que o pegou com agilidade. Genésio ignorou o animal, chutando-o e, por fim, amarrou a criança, que começava a acordar – não de um pesadelo, mas para um pesadelo – pelos tornozelos. Ele pegou as vasilhas no chão e saiu por um momento, voltando com água e lançando alguns biscoitos que comprara com seus poucos cruzeiros que ele guardara antes de sua insanidade o consumi-lo. Não seria hoje que os pequenos morreriam de fome. Estes se esticaram ao máximo, apertando ainda mais seus tornozelos contra a corda, e, como cães de rua famintos, atacaram a comida e bebericaram a água.

A porta voltou a se fechar. Talvez não houvesse fogo aquela noite.

O único que não avançou em direção à comida foi Nícolas. Apalpava o novo e estranho objeto que caíra aos seus pés. Um canivete suíço, ele sabia. Sabia, pois seus pais – principalmente sua mãe; não, meu filho, isso não é brincadeira pra criança – nunca o deixaram ter um em sua vida. Eram raros os meninos que possuíam um daqueles; todos na escola pediam para vê-lo e brincar com ele, e se você fosse apanhado com um desses... era bom você gostar de tomar pauladas na palma da mão. Contudo, às vezes, as estatísticas trabalham em prol dos oprimidos. Não muitas vezes, é verdade, mas Nícolas louvou os pais – ou o tio, não são sempre os tios? – que acharam uma boa ideia dar um canivete suíço para um menino de nove, dez anos.

(Obrigado.)

Voltando engatinhando, com um pedaço de biscoito de polvilho na mão, Rita perguntou:

O que cê tá fazeno, Nico? Tó – disse, oferecendo-lhe seu pedacinho de biscoito, ainda que continuasse faminta.

– Pode ficar, Rita – ele respondeu, sorrindo e passando a mão em seus cabelos, agora já muito oleosos.

Com a outra mão ele amolava o canivete no chão. Passara-o em seus dedos, não havia corte. Não se pode ter tanta sorte não é mesmo?

Eu vou te tirar daqui... – ele sussurrou.

Rita o abraçou, chorando.

– Eu te amo, Nico. Te amo muitão.

Ele também a amava.

Nícolas continuou a amolar a lâmina no chão. Imaginava-se enfiando o canivete em ambos os olhos do monstro; sorria com tal ideia. Que pensamento deleitoso!

Ele só queria sua vida de volta. Só isso. A infância e a inocência ele já havia perdido.


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