Olliver
Uma semana se passou e eu estou bem mais próximo da Manu, eu amei essa garotinha, e ainda mais que ela me aproximou da Sofia, a amo duas vezes.
Manu é uma garotinha muito inteligente, eu adoro muito isso nela. Não só isso, ela tem várias outras qualidades, concluindo, é a menina mais adorável que conheço.
Estou aqui agora com a minha irmã em casa, já é umas nove da noite e a doida ainda está aqui me atentando. Falo assim mas eu amo a minha irmã.
- Deixa eu ver se entendi. Você foi embora e largou a mulher que ama deixando ela pensar que você a traiu, e quando voltou ela já está casada e com uma filha?- Resume toda a minha história.
- Isso mesmo.- Suspiro.
- As peças não encaixam em minha cabeça.- Diz pensativa.- Você disse que a filha dela tem três anos, certo?- Afirmo.- Você é burro, Olliver?- Grita do nada.
- O que? Esta louca?- Pergunto assustado com sua atitude.
- Quanto tempo você ficou na França? Quatro anos e alguns meses. Uma gravidez dura nove meses, nove mais sete meses da quanto?- Pergunta e eu não sei o que deu nela.
- Um ano e três meses.- Digo com cara de "não é óbvio?"
- Certo, um ano e três meses mais três anos e sete meses?- Pergunta novamente.
- Quatro anos e dez meses.- Suspiro já cansado disso.- Espera!- Começo a pensar e seguir o raciocínio da minha irmã e eu arregalo os olhos, não pode ser.- Você está querendo dizer que...?
- Eu tenho uma sobrinha.- Ela grita eufórica.
- Não pode ser.- Digo confuso.- Ela tem marido.
- Você já viu o marido dela?- Pergunta e ergue as sobrancelhas.
- Não, mas...- Fico sem saber o que falar.
- Sem "mas" você é papai.- Diz ainda eufórica.
Isso não pode está acontecendo, a Sofia não teria coragem de fazer isso comigo, ela não pode ter feito isso. Eu tenho uma filha? Eu sou pai?
Como a Sofia poderia ter feito isso? Isso será mesmo verdade? Meu Deus, eu gostei tanto da Manu, mas nunca iria imaginar que ela poderia ser a minha filha.
Minha filha! Isso é tão novo.
- Eu vou tirar essa história a limpo.- Não espero a resposta da Lily.
Pego o meu paletó e saio correndo rumo ao meu carro. Eu não posso esperar nem mais um minuto. A Sofia terá que me explicar isso, detalhes por detalhes.
Afundo o pé no acelerador e passo por todos os sinais vermelhos, o trânsito está quieto. Sei que irei levar multas por excesso de velocidade, que se dane as multas.
Paro em frente ao prédio onde a Sofia mora, começo a subir aquelas escadas. Sério, não sei como a Sofia aguenta isso todos os dias, ainda mais sendo do jeito que ela é.
Invado a sua casa e agradeço por a porta está aberta. Sofia esta com Manu nos braços, dormindo. Ao escutar eu quase derrubar a porta, Sofia quase pula do sofá.
- Poxa, Olliver.- Sussurra com cara de raiva.
- Precisamos conversar.- Digo e minha respiração está descompassada.
- Deixa eu colocar a minha filha no quarto.- Diz e leva a Manu para o quarto.
Fico rodando na sala, igual galinha quando está procurando um lugar para botar o ovo. Mas, se brincar, eu estou mais desinquieto que uma.
Sofia volta do quarto e eu sigo todos os seus movimentos. Ela me olha e ficamos parados apenas fazendo isso, nos olhando.
Ela quebra o encanto e se senta no sofá, faço o mesmo, preciso relaxar ou eu farei algo que me faça arrepender.
- Onde está o pai da Manu?- Vejo seus rosto mudar de cor.
- Eu já falei.- Ri nervosa.
- Apenas fala.- Peço mais uma vez. Ela suspira e me olha.
- Ele está viajando.- Diz como se estivesse convicta.
- Uma semana sem ver a filha e a mulher?- Engole em seco.
- Ele trabalha numa exportadora.- Abaixa o olhar.
- Eu sou o pai da Manu, não é?- Pergunto e ela me olha rapidamente.
- Esta louco?- Balança a cabeça para os lados.- Quem te contou?- Pergunta quando eu lanço o meu melhor olhar de "fala logo".
- Eu não sou burro.- Suspiro procurando por calma.
- Sim.- Confessa baixinho.
- Por que não me contou?- Pergunto num fio de voz.
Juntar as peças com a minha irmã, tudo bem, foi uma grande surpresa, mas ouvindo da boca dela, é algo que dói muito em mim. Por que ela não me contou da minha filha?
- Não venha me culpar.- Volta a ser a Sofia que conheço.- O que você queria que eu fizesse? Que eu falasse para o cara mais idiota que iria ser pai, você iria abandona-la na primeira oportunidade, assim como fez comigo.- Começa a chorar.
- Não, eu não iria.- Grito.- Caramba, Sofia, estamos falando da minha filha.- Passo as mãos nos cabelos.
- Você é idiota, Olliver, eu não confiava contar da minha filha para você.- Diz e balança a cabeça freneticamente.
- Quantas vezes eu tenho que te dizer?- Seguro seu rosto em minhas mãos.- Eu.não.trai.você.- Digo compassadamente.- Eu te amava e ainda amo, eu não seria capaz de fazer isso com você, e muito menos com a minha filha.
- Você teve que ir embora, não foi?- Grita e empurra minhas mãos.
- Não sei, Sofia. Eu poderia muito bem desistir da viagem, eu faria qualquer coisa.- Digo a verdade.
- Vai embora Olliver.- Pede entre soluços.
- Só não me afaste da minha filha?- Peço com uma dor no peito.
- Eu não seria capaz.- Confessa.
- Por favor, Sofia.- Tento chegar perto dela, mas ela se levanta.
- Vai embora, por favor.- Pede e me olha com aquele mesmo olhar de quatro anos atrás.- Por favor.
Me levanto e fico a encarando.
- Amanhã eu irei vir ver ela.- Anuncio e saio do apartamento.
Desço as escadas correndo, descontando toda a minha raiva em cada degrau. Chego até o carro e dou vários murros na porta.
Que maldita hora a Rebeca foi aparecer, eu juro que ainda sou capaz de matar essa mulher, é só ela cruzar o meu caminho.
Entro no carro e dirijo até a minha casa. Vejo que a Lily não está mais ali, vou direto para o banheiro e tomo um longo banho.
Visto uma cueca e apenas assim eu durmo, aliás, tombo a noite inteira. O sono não vem, fico apenas pensando na Sofia e a Manu, como a minha vida vai mudar daqui para frente.
***
Acordo e, automaticamente, já entro no banheiro. Faço minhas necessidades matinais, visto uma roupa qualquer e pego as minhas chaves rapidamente.
Olho o relógio e talvez eu consiga pegar a Sofia e a Manu em casa ainda. Não quero esperar nem mais um minuto, eu quero ver a minha filha.
Estaciono o carro em frente ao prédio da Sofia e subo as escadas. Bato na porta e espero que ela atenda, aliás, espero que ela esteja em casa ainda.
Pouco depois, ela abre a porta, esta com um short curto e uma blusa comprida. Seus cabelos bagunçados e, nossa, isso a deixa ainda mais linda.
- Te acordei?- Sorrio.
- Não, eu estava fazendo o café da Manu.- Afasta da porta.- Entra.
Passo por ela e logo vejo a Manu sentada assistindo televisão. Ela está tão envolvida no desenho que até esqueceu do mundo.
- Oi.- Anuncio a minha presença e ela me olha.
- Oi.- Sorri.- Vem assistir comigo?- Bate sua pequena mãozinha ao seu lado.
- Claro.- Sorrio e me sento.
Minha vontade é de pega-la nos braços e apertar até eu me cansar. Mas se eu fizer isso, não irei conseguir parar, é tão linda.
Olho para cada centímetro do seu rosto e meu sorriso idiota não sai do rosto. Eu não posso acreditar que esse anjo é minha filha.
- Poque está me olhando? - Pergunta me pegando no flagra.
- É porque você é a mocinha mais linda que já vi.- Confesso e aperto de leve a sua bochecha.
- Obligado.- Sorri e volta a sua atenção para a televisão.
Sofia volta e entrega um pratinho rosa para Emanuelle, dentro tinha diversas frutas e, claro, uma xícara de chocolate do lado.
Essas duas se parecem mesmo, nunca esqueço de como é almoçar, jantar e, principalmente, tomar café na casa da Sofia, ela sempre faz algo que tenha chocolate.
- Você quer tomar o café com a gente?- Pergunta Sofia a mim.
- Obrigado.- Sorrio e me levanto, a seguindo até a cozinha.
Quando vi a Sofia de costas para mim, apenas fazendo alguma coisa na pia, quase não tive forças para me segurar e não abraça-la agora. Esta ainda mais linda depois que a minha filha nasceu.
- Por que está me olhando?- Pergunta sem nem mesmo olhar para trás.
- Eu... Não estava... olhando.- Digo, mas sei que a minha mentira falhou miseravelmente.- Como sabe?
- Com esses olhos me queimando...- Me encara. Seus olhos percorrem todo o meu corpo, sua boca se abre levemente e leva ar para os seus pulmões, ela ainda sente algo por mim.- Vamos tomar o café?- Sorri nervosa e volta a fazer o que estava fazendo.
Sorrio e passo as mãos nos cabelos. Eu sei que ela ainda sente algo por mim, o nosso amor não é de se durar apenas semanas ou meses, o nosso amor é eterno.
Eu tenho que confessar que eu sou louco por essa mulher. Eu sempre fui, desde antes de conhece-la, já sabia que era o meu verdadeiro amor.
É muito cliché, mas o que posso fazer? É isso que essa mulher faz comigo, ela mexe com o meu psicológico.
Tomamos o nosso café e a Emanuelle só desgrudou do desenho quando a Sofia anunciou que era hora de ir para a creche, claro que ela deu uma birra, mas acabou cedendo.
- Eu tenho que ir.- Sofia diz como se quisesse dizer "vai logo, preciso sair".
- Eu vou te esperar, preciso conversar com você.- Digo e ela olha para todos os cantos da casa, menos para mim.
- Eu tenho faculdade agora.- Diz e eu sorrio.
- Mentira.- Digo sem hesitar.
- Como mentira?- Me pergunta incrédula.
- Você está de férias.- Balanço os ombros e ela suspira pesadamente.
- Tudo bem, volto já.- Pega a mochila da nossa filha e sai com ela nos braços.
- Mamãe, o meu amiguinho não vem?- Pergunta a minha filha com seus olhinhos de súplicas.
- Ele vai depois, meu amor.- Elas somem do meu campo de visão.
Na verdade, eu não sabia que a Sofia estava de férias da faculdade, joguei apenas um verde e parece que funcionou.
Eu preciso mesmo falar com ela, não quero a minha filha me chamando de "amiguinho", eu sou o pai dela e ela tem que saber.
Começo a andar pelo seu apartamento e vejo que ela não mudou nada, tudo está do mesmo jeito que eu me lembro.
Vou até seu quarto e logo sinto um conflito de cheiros, eu conheço muito bem, é o perfume da Sofia e o da minha filha, nem de longe eu erraria essa.
Ando mais um pouco pelo quarto, depois ando pela casa e volto para a sala. La eu vejo um porta retrato em cima de uma estante pequena. Chego mais perto e a foto fica mais nítida, é uma bebezinha linda.
Esta deitada no chão como se estivesse na praia, seu sorriso com dois dentinhos a mostra, seus olhos incrivelmente grandes e lindos, é a bebê mais linda que já vi.
Eu não tenho nenhuma dúvida, essa é a minha filha quando pequena, é tão linda, como eu pude ter feito algo tão belo e puro? Não preciso passar mais tempo com a minha filha para saber que ela é uma menina linda por fora e por dentro.
Eu vou me aproximar da minha filha, e também da Sofia, eu as amo muito, e essa é a minha família, não vou deixar a minha felicidade escapar tão fácil assim, não mesmo.