Uma semana depois
Já tem uma semana desde o meu encontro com o Olliver, e posso dizer que ele é um pé no saco. Ele está me infernizando a semana toda.
Tudo bem que ele é lindo e tal, mas, caramba, precisa ficar em cima direto? Melhor dizendo, ele está tentando me conquistar.
Mas é até bonitinho, ele me traz flores, chocolates, nossa, e que chocolates, eu me esbaldo bastante. Me leva de volta para a minha casa depois do trabalho.
E eu não sei, mas me sinto estranha em relação a isso, não entendo o que acontece. Quando eu o via me sentia nervosa, agora eu me sinto bem mais a vontade, mas ainda me atrapalho.
Me lembro do dia em que ele foi jantar em minha casa, sim, jantamos às onze da noite. Eu fui o servir e ele tocou em meu braço, fiquei nervosa e derrubei a comida em cima dele.
Rio até hoje disso. É só olhar para a sua cara e tudo volta, ele também ri quando lembra e assim nós comentamos sobre as besteiras que fizemos juntos.
Sem falar que ele sempre vai na lanchonete, o apresentei como meu amigo para as meninas e ele se sentiu incomodado com isso. Não sou nenhuma boba e sei muito bem que ele não queria ser apresentado assim.
Mas eu já falei para ele que quero ir com calma, sem atropelos. Não sei se é por medo de acontecer tudo de novo, ou se é por ser assim o meu jeito.
E agora estou indo para casa, estou extremamente cansada. Já são onze e eu ainda estou saindo da lanchonete. Hoje teve muitos clientes, e alguns pareciam que não queriam sair.
Ao chegar na porta da lanchonete, vejo o carro preto do Olliver. Ele está me esperando? Coitado, deve ter ficado de molho por um bom tempo.
Chego perto do carro e percebo que ele está dormindo, o que me faz ter certeza que ele estava aqui há muito tempo. Eu já falei para ele que não precisa, mas é teimoso.
Volto até a lanchonete e pego o vidro de ketchup sem as meninas verem. Corro para o carro e coloco uma boa quantidade em sua mão.
Passo meu dedo de leve em sua testa e ele apenas mexe a cabeça. Rio e passo o dedo novamente, até que ele vai coçar e o ketchup espalha por seu rosto.
Começo a rir e ele abre os olhos assustado. Gargalho como uma hiena descontrolada e ele começa a acordar.
- Poxa, Sofia.- Reclama e depois ri.- Você é muito levada.- Balança a cabeça e limpa o rosto com as mãos.- Poderia passar em você.
- Você não é louco.- Paro de rir e fico o encarando séria.
Ri e eu volto a rir.
Olliver tirou o carro do estacionamento e fomos para a minha "casa". Em instantes ele já estava estacionado.
- Sofia.- Olho para ele e o mesmo abre e fecha a boca repetidas vezes.- Eu não aguento mais.
Ao dizer isso, segura minha nuca e me dá um beijo. Beijo esse que é o melhor que já me deram.
Coloco minhas mãos em seus cabelos e o puxo mais para mim. Sua língua invade a minha boca e suas mãos passeiam por meu corpo.
- Esta louco.- O empurro e saio do carro.
Quando vou para entrar no prédio, ele segura meu braço e me beija novamente. Esse homem é muito convencido, acha mesmo que me fará mudar de idéia com um beijo?
Como minhas mãos são traiçoeiras, as coloco em sua nuca e ele me puxa ainda mais de encontro ao seu corpo.
- Isso é errado.- Toma meus lábios novamente.- Você nem pediu minha permissão.- Me cala novamente.- Você é um idiota.- E mais uma vez.- Você não pode fazer isso.- Já estava sem forças para falar.
- Só cale a boca.- Pede e me beija novamente.
Não conseguindo me controlar, o deixo me levar. E assim fomos até o meu apartamento, nos beijando. Não paramos de nos beijar nem um segundo.
E ali ele me amou, me fez dele, eu me senti completa e feliz. Foi a minha melhor noite. Se bem que eu dormir logo, ele me cansou.
Acordo com beijos sendo deixados em meu pescoço. Me espreguiço e abro os olhos lentamente, ali eu vejo o Olliver abraçado a mim, enquanto me dá vários beijos.
- Bom dia, dorminhoca.- Sorri e beija meus lábios.
- Ainda não foi embora.- Seguro seu rosto em minhas mãos.
- E você quer que eu vá?- Pergunta confuso.
- Não, mas é que os homens tem essa mania, dorme com a mulher e no outro dia sai sem deixar rastro.- Percebo que ainda estamos nus.
- Com você é diferente.- Revela e me aperta em seu corpo.- Como eu queria passar o dia assim.- Afunda o rosto em meu pescoço.
- Não seria uma má idéia.- Revelo e mordo sua orelha.
- Você é uma pessoa muito mau.- Diz e ri.
- Vamos, ainda tenho faculdade.- Reviro os olhos.
- Não faz isso.- Pede e me aperta ainda mais.- Fica linda quando faz isso.
Rio, porque é a coisa mais boba que ouvi. Nos levantamos e tomamos banho, fomos tomar o café, o que era nescau cereal e nutella com bolacha.
- Aqui tem alguma criança?- Pergunta irônico.
- Não, se não quiser, me dá que eu como.- Digo e ele ri.
- Pode deixar, eu mesmo como.- Diz e começa a comer.
Começamos a nos beijar por um bom tempo, tanto que acabei perdendo a hora de ir para a faculdade. Olliver aproveitou bem isso e ficamos em meu apartamento.
Chegamos à lanchonete. Quando ia saindo do carro, ele segurou meu braço e me deu um beijo. Terminamos o beijo com selinhos, sorrimos e eu saí do carro.
Entrei na lanchonete a todos os sorriso. Hoje eu não iria reclamar do meu trabalho, pois estou muito feliz. Não sabia que o Olliver tinha esse poder sobre mim.
Graças a Deus eu não estou arrependida de tudo, não tinha nem como arrepender. Ele foi demais, carinhoso e atencioso, mas teve os momentos dele, claro.
Renata e Michele ficarão me enchendo, dizendo que eu estava feliz, e queriam, de um jeito ou de outro, descobrir essa felicidade toda. Há tão pouco tempo, mas elas me conhecem muito bem.
- Tudo bem, eu e o Olliver passamos a noite juntos.- Disse por fim.
- Garota, era só um beijo.- Diz Michele surpresa.
- Pra quem não queria nem beijar, você foi rápida, hein.- Diz Renata e eu rio.
- Ah, sei lá, eu achei que fosse o momento.- Disse e acendi um cigarro, aproveitando que não tem ninguém na lanchonete.
- Me da um aí.- Renata pede, Michele não fuma, então eu nem ofereço.- Ta certa, Sofh. A vida é curta para ficar esperando.- Acende o seu cigarro.- Se bem que você ainda demorou.- Gargalha e eu cruzo os braços.
- Vamos ficar falando da minha vida sexual agora?- Semi-cerro os olhos.
- Vamos trabalhar porque nós não estamos no filme "ta chovendo hambúrguer".- Diz Renata e termina seu cigarro.
Rio e volto ao trabalho.
(...)
Tá, retiro o que disse, eu vou sim ficar estressada com o trabalho. O que é isso? Fizeram oferta relâmpago e eu não estou sabendo? Porque, meu Deus, isso esta parecendo um formigueiro.
Não deu nem para parar e fazer um lanche, Marcela precisa contratar alguém urgentemente, só assim eu vou poder visitar a cozinha com mais frequência. Estou com uma baita fome, não estou me aguentando.
Até que ouço o tintilar da porta novamente, poderia praguejar, mas ao ver o Olliver entrando, senti um enorme alívio. Ele abre um sorriso ao me ver e vem em minha direção.
- Boa tarde.- Diz e me da um selinho. Bato em seu peito.
- Esta louco?- Rio sem graça ao ver algumas pessoas nos olhando.
- Louco por você.- Sussurra em meu ouvido.
- Estou trabalhando, Olliver.- Me afasto e atendo uma senhora, queria a conta.- E você não trabalha não é?- Pergunto ao vê-lo atrás de mim.
- Você não sabe o que passei na empresa para estar aqui.- Resmunga.- E você me recebe assim?- Se faz de vítima.
- Claro, o que você queria, "eu te amo, meu amor, me dá um beijo"?- Ironizo e ele ri.
- Você é muito hilaria.- Diz se doendo de rir.
- Idiota.- Escondo o meu sorriso.
- Quero ver se você não vai me dar atenção.- Diz e logo não sinto a sua presença.
Olho para trás e o encontro sentado numa das mesas. Começo a ri e vou atender outro cliente, ele fica emburrado e eu atendo os clientes, me segurando ao máximo para não rir.
Depois de eu ter atendido todos os outros clientes, vou até ele. Ele finge estar com raiva, e eu me viro, mas antes que eu pudesse sair, ele segura o meu braço e me vira para ele.
- Eu poderia não pedir nada, menina malvada.- Diz e eu sorrio.
- Fala logo, chorão.- Digo e ele aperta os olhos.
- Eu quero um hambúrguer e um refrigerante da Pepsi.- Diz e eu anoto o pedido.
Sinto seu olhar em mim, fico nervosa e acabo barruando em uma cadeira. Olho para trás e o vejo se desmanchando de rir, idiota.
Entrego três pedidos a Renata e espero ali mesmo, não quero vê-lo ou ele me fará ter imaginações nada agradáveis nesse momento.
Entrego o pedido aos devidos clientes e, por fim, entrego a ele. O mesmo sorri e eu saio de lá, esse sorriso dele, deve haver alguma droga, fico entorpecida.
- Você vai me dar o troco de novo?- Pergunto assim que ele tira o dinheiro da carteira.
- E por que não?- Balança os ombros.
- Bom, não vou recusar nada, não sou disso.- O vejo com os olhos brilhantes em minha direção.- Aliás, as vezes eu recuso.- Digo ao perceber a maliciosidade em seus olhos.
- Te vejo a noite.- Sussurra com a voz extremamente rouca e eu me sinto nervosa.
- Não terá nada demais.- Pego o dinheiro que está estendida em minha direção e saio.
Sorrio ao chegar na cozinha e coloco as mãos fechadas em cima do meu coração que parece querer sair do lugar. Ele tem esse efeito sobre mim.
- Alguém está apaixonada.- Diz Renata e eu me recomponho.
- Não estou não.- Acendo o meu cigarro para ver se eu me acalmo.
- Nem oferece.- Resmunga. Entrego um a ela.- E então, o que foi que o senhor bonitão lá disse para deixar você assim?- Pergunta e eu sorrio.
- Disse "te vejo a noite".- Tento imitar sua voz.
- Acho que esse "te vejo a noite", teve um pouco de duplo sentido.- Solta a fumaça e rir.
- Também.- Suspiro.
- Ih, esse daí fisgou mesmo a minha amiga.- Diz e volta ao trabalho balançando a cabeça.
Sorrio ao pensar que ele parece está com o meu coração. E olhe que ninguém nunca conseguiu isso, ele foi o primeiro a conseguir me conquistar.
(...)
A noite chegou e eu não tinha como explicar o meu nervosismo, minhas mãos tremiam e parecia até que seria a nossa primeira noite juntos. Eu ainda mato esse homem por isso.
- Boa noite.- Antes que eu possa sair da lanchonete, sinto braços em volta a minha cintura.
- Boa noite.- Sorrio nervosa e as meninas me olham maliciosas.- Espera até os clientes saírem.- Me viro em seus braços.
- Podem ir, Sofia. Nós cuidamos aqui.- Diz a Renata.
- Bom, eu poderia não deixar, mas é uma boa causa.- Diz a Michele com um sorriso.
- Vocês não tem jeito.- Rio.- Me espera aqui, vou trocar de roupa.
- Tá.- Me solta e eu fui até o meu armário.
Tiro a minha blusa e o avental e coloco a minha roupa. Pego a minha bolsa e saio em direção ao carro, já que ele está lá.
Entro e logo ele dirige até o meu apartamento. Não esperamos nem chegar e já fomos nós beijando como dois loucos no meio do corredor.
Essa noite foi muito melhor que a outra, o que pensei que nem fosse possível. Esse homem foi esculpido pelos deuses, só pode.
Me aconchego em seus braços e o espero dormir, assim que o faz, pego meu cigarro em minha bolsa e o acendo, fico o admirando enquanto termino.
- O que você fez comigo?- Sussurro e acaricio de leve os seus cabelos.