Get Me Out

By ownthe-night

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Nos últimos dois anos tudo o que eu mais queria era não ter que ir àquele manicômio todos os meses para visit... More

Shadows
Loud Thoughts
Unplanned Changes
Church Bells and Phone Calls
Acknowledging Madness
Dream up, Dash off
Catalyst
Highways, Neighborhoods and Lies
Everything I Want, Everything I Need
Antidepressants and Sense of Humor
Taped Confessions
I Dont Want You To Leave
Wait Outside
Forget the Shelves, See the Irony
Brittle it Shakes
Karma
Take Shelter
One love, one house; No shirts, no blouse
Dazed and Kinda Lonely (part I)
Strung out, a Little bit Hazy (part II)
Telekinesis
When did We Grow Old?
Concilium
Tic-Tac
In the Clear Yet? Good.
Rewind
I didn't mean to fall in love tonight
Over (part I)
Red Liquors and Silver Keys
Hi
Until You Come Back Home
Write it down
Caos, herself

Wednesdays

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By ownthe-night

Já passava das 22:30hs quando eu finalmente cheguei em casa. Retirei minhas botas ainda na entrada e pendurei minhas chaves no ganchinho que ficava à direita da porta.

Estranhei o fato das luzes da sala estarem apagadas, já que maratona de filmes à noite já havia virado rotina para nós. O silêncio e a calmaria de uma noite fria de Janeiro, me fizeram sorrir. Não havia percebido o quanto eu precisava do silêncio até me deparar com ele.

Caminhei por entre as poltronas da sala até chegar no corredor da casa. A porta do quarto de Taylor estava aberta, e para minha surpresa, ela não se encontrava ali. Suas cobertas perfeitamente alinhadas na cama e seu urso de pelúcia – presente de Camila – estavam intactos sob a cama.

A última porta do corredor estava fechada, mas era visível que alguém ali dentro estava acordada, devido à luz fraca que se percebia por baixo do feixe da porta.

Girei a maçaneta e adentrei o cômodo a passos lentos. A figura sentada em posição de índio e com o notebook sob as coxas, completamente desatenta à minha presença, estava encantadora. Ainda não estava acostumada com seu semblante calmo e pacífico como vinha apresentando nos últimos dias. Era como se eu já estivesse programada para vê-la em estado de alerta constante ou algo assim.

Digitava sem parar, como se estivesse escrevendo uma carta ou algo do tipo, até que notei o cantinho de seu olho direito subir, e finalmente, notar minha presença no quarto.

"Oi..." Falou crescendo um sorriso largo. "Não tinha visto você..."

"Eu percebi", soltei um riso fraco ao cruzar meus braços um pouco abaixo do peito.

Seu sorriso era hipnotizante. Me transmitia uma paz absurda, capaz de tranquilizar uma pessoa a ponto de um colapso nervoso.

"Como foi seu trabalho hoje?" A voz calma, baixinha.

"Foi melhor do que eu esperava", confessei sentando na beira da cama. A luz amarelada da luminária do lado oposto da cama trazia um clima agradável para a noite gélida lá fora. "Ganhei um escritório só meu e basicamente passei o dia inteiro organizando minhas coisas."

"Você não faz ideia do quanto eu estou orgulhosa", balbuciou empurrando o notebook para frente. Engatinhou até a beira da cama onde eu estava e ficou de joelhos em minha frente antes de segurar meu rosto com as duas mãos.

Cristo, aquele sorriso...

"Estou feliz que esteja orgulhosa", mordi o lábio inferior sentindo minhas bochechas esquentarem. Estar perto, assim como estávamos, com uma Deusa em minha frente, podia ser um pouco intimidador.

Suas mãos estavam um pouco geladas, mas era um gelado confortável. Os cabelos soltos formavam uma cascata em suas costas e as olheiras, quase imperceptíveis embaixo das órbitas castanhas davam um toque sexy aos traços angelicais.

Camila ficava sexy com olheiras. Dá pra acreditar?

"Você acha?" Indagou sorrindo largo.

"Que eu te acho sexy com olheiras?" Gargalhei colocando uma mão sob a dela em meu rosto. Assentiu alargando ainda mais o sorriso mágico diante de meus olhos. "Oh Deus, eu acho sim."

Se aproximou colando os lábios aos meus. Uma linha tênue de divertimento se instalava entre nós.

Era ridículo o quão apaixonada eu me encontrava.

"Eu senti a sua falta hoje", murmurou beijando minha bochecha e a pontinha de meu nariz em seguida. "Ainda não me acostumei em ficar longe de você o dia inteiro."

"Eu sei... Também não me acostumei com isso ainda."

"Podemos almoçar juntas amanhã, que tal?" Propus.

"Mesmo?" Seu olhar se iluminou com a proposta.

"Claro, por que não? Eu tenho minha hora de intervalo. Posso te levar onde quiser."

"KFC", selou os lábios tentando reprimir um sorriso.

"Sério?" Gargalhei enlaçando suas costas com as duas mãos. Assentiu fazendo cara de sapeca antes de esconder seu rosto em meu pescoço. "Okay, então. KFC será."

"Taylor não irá ficar brava?" Murmurou contra meus cabelos.

"Por que Taylor ficaria brava?"

Afastou-se o suficiente para me encarar nos olhos. Inclinou seu corpo para frente, me obrigando a segurá-la para não cair para fora da cama.

"Porque Taylor ama KFC. Seria como quebrar a tradição de comer sorvete no inverno que vocês têm."

Já no meu colo, enlaçou as mãos ao redor de meu pescoço. Os castanhos atentos aos meus movimentos, uma leveza e uma áurea de anjo sugavam meus estresses e medos à medida que os segundos passavam.

"Acho que isso não seria um problema", admiti tentando encontrar razões pelo qual minha irmã ficaria zangada.

"Se você tem certeza..."

"Eu tenho", ri baixinho passando a mão por baixo de sua coxa na tentativa de mantê-la no meu colo sem cair.

Me encarou por breves segundos antes de juntar seus lábios aos meus novamente. Dessa vez, mais rápido. Mais urgente.

Como estava com as duas mãos ocupadas – uma segurando suas costas e a outra por baixo de suas coxas – não podia fazer muita coisa a não ser continuar tentando me equilibrar na beira da cama, enquanto ela devorava minha boca.

Ceder o controle nessas situações também não era uma coisa da qual eu estava inteiramente acostumada.

"Eu te amo, Lauren", murmurou em meu ouvido. O hálito quente somado à respiração ofegante mandaram um arrepio severo para minha coluna.

Endireitou-se em meu colo ficando sentada sobre minhas pernas e colou os castanhos aos meus verdes.

Minha mania frequente de morder o lábio inferior toda vez que me encontrava diante do olhar cativante daquelas órbitas escuras a fazia rir. Me fazia sentir... Amada. Cuidada.

Traçou o indicador pelo meu rosto, começando pela bochecha e subindo em direção ao canto de meus olhos. Me arrepiava inteira com apenas um simples toque. Algo além do simples para qualquer um.

Eu também te amo, Camila, disse em pensamento.

O canto de seus lábios se curvaram para cima. Um brilho singular tilintava o castanho, que agora já não era mais castanho, e sim um marrom alaranjado. Conseguia ver claramente suas pupilas dilatando à medida que continuava a me encarar.

Era isso que eu mais gostava em meu relacionamento com Camila.

Não precisávamos de palavras.

~~

"O que você recomenda?" Indaguei fazendo cara de poucos amigos.

"Recomendo que pare quieta e que repouse", respondeu firme. "Você tem noção do que está fazendo com seu corpo?"

Camila, que permanecia em silêncio na poltrona branca posicionada no canto do consultório, esboçou um sorriso por trás da revista que segurava em mãos.

"Dinah..."

"Sua cintura dói porque você dispensou a cadeira de rodas antes do previsto. E além disso, conseguiu um emprego que te faz andar de um lado para o outro sem parar."

"Quando eu sinto dor, eu geralmente sento."

"Exatamente." Balançou a cabeça de forma negativa. "Você espera que seu corpo lhe diga para parar. Não deveria ser assim."

"Eu não queria me meter nisso", a Cabello falou baixando a revista e lançando um olhar neutro para Dinah e eu. "Até porque isso é entre médica e paciente, mas... Dinah tem razão, Lauren."

Rolei os olhos diante do complô.

"Você não era tão mandona quando não tinha um consultório", balbuciei prendendo minhas mãos entre meus joelhos.

"O que disse?" A enfermeira lançou um olhar de não acredito que ousou falar isso e colocou as duas mãos na cintura.

Neguei com a cabeça e averti meus olhos para a cubana que me olhava em puro divertimento.

"Acho bom", Dinah voltou a falar. "E para sua informação.... O consultório foi ideia de Normani. Jamais teria condições de alugar isso aqui sem a ajuda dela."

"Vocês andam bem próximas ultimamente", Camila observou. "Existe algo que não sabemos?"

Sorri lançando um olhar sugestivo para a mulher que me examinava em minha frente.

"Oh, Jauregui, não me venha com essa cara. Normani é apenas uma amiga."

"Queria ter uma amiga que me bancasse também", Camila riu.

"O irmão dela é traumatologista e teve a ideia de montar uma clínica particular. Eu só estou utilizando o espaço de forma provisória. A ideia inicial é que eu ajude ele e aprenda um pouco mais."

"Sim, claro", murmurei rindo enquanto ela posicionava o estetoscópio em meu peito e rolava os olhos.

"Vocês duas são iguaizinhas", fez sinal para que eu inspirasse fundo.

"Obrigada", respondemos em uníssono.

"Hãn... Você tem notícias da Beth?" Indaguei mudando o rumo do assunto de forma repentina.

"Normani tem ido na clínica com mais frequência que antes. Ela está bem. Só se sente muito sozinha, já que Camila e eu não estamos mais por lá."

Troquei um olhar com Camila e percebi que seu sorriso havia sido substituído por uma expressão de agonia.

"Mas ela está bem?" A Cabello instigou. "Está comendo e dormindo bem?"

"Está, Mila", a enfermeira sorriu. "Normani está fazendo um ótimo trabalho indo lá. Quer dizer, nós três estamos proibidas de pisar em território clínico, então... Vamos esperar por mais notícias, ok?"

Apenas assenti.

~~

"Vão querer alguma coisa?" A garçonete sorridente perguntou enquanto puxava um bloquinho e uma caneta do bolso canguru de seu avental.

Todos se olharam na mesa e começaram a fazer seus pedidos.

Quando chegou a vez de Camila pedir, ela apenas negou com a cabeça e encostou a cabeça em meu ombro.

"Não vai querer nada, meu amor?"

Negou novamente, dessa vez escondendo o rosto em meu pescoço. Diante da cena, encarei a garçonete e pedi uma garrafa d'água.

A mulher se despediu de nossa mesa, e Ally foi a primeira a se pronunciar.

"Tá tudo bem, Mila?"

A Cabello meneou a cabeça em sinal que sim, mas seu olhar distante não convenceria nem um cego.

Decidir puxar sua cadeira para mais perto da minha e abraça-la de lado – considerando que estávamos na área de alimentação de um clube de boliche e não seria inteiramente apropriado coloca-la em meu colo. Por mais que eu quisesse.

"O que você tem?"

"Nada", respondeu baixinho. "Minha cabeça dói. Só isso."

Normani, que estava sentada ao lado de Dinah do lado oposto da mesa, levantou e caminhou em nossa direção. A morena agachou-se em frente a cadeira de Camila e segurou em sua mão.

"O que está vendo, querida?" A encarava como só houvesse elas naquele saguão enorme.

Como já esperado, Camila não precisou falar nada. O olhar de Normani já dizia tudo.

A mulher levantou em um salto e esticou a mão. Camila, incerta do que fazer virou para trás me lançando um olhar confuso.

"Mila", a chamou e a fez virar. "Vem."

Relutante, me deu um selinho antes de levantar e deixar ser guiada pela amiga.

"Voltamos em um minuto", Kordei explicou a todas na mesa.

Confusa, não desgrudei os olhos das duas à medida que iam se afastando da mesa. Notei que no caminho, Normani segurou Camila pela cintura, como se estivesse tentando mantê-la em equilíbrio ou algo do tipo.

No mesmo momento, levantei de minha cadeira para segui-las. Dinah, vendo o que eu estava prestes a fazer, levantou simultaneamente comigo, e esticou sua mão por cima da mesa e segurou meu braço.

"Não faça isso", seu tom era calmo.

"Ela não está bem, Dinah..."

"Sabemos disso", ofereceu-me um sorriso confortante. "Mas Normani sabe o que faz. Fique tranquila."

Respirei fundo voltando meus olhos para a figura das duas mulheres. A julgar para o lado que estavam indo através do saguão, diria que estavam indo para o banheiro.

"Eu me sinto tão inútil em horas assim", admiti forçando um sorriso e falhando miseravelmente.

Ally balançou a cabeça e fez um sinal para que eu voltasse a me sentar.

"Isso é algo que você não pode controlar, Lauren. As duas são iguais. Normani sabe exatamente o que se passa na cabeça dela, e está aqui para ajudar. Considere isso suficiente."

Baixei a cabeça cruzando meus braços. Era uma forma que havia encontrado de me blindar ou algo do tipo.

"Lauren", ouvi Dinah chamar. A figura levantou de sua cadeira e sentou no lugar anteriormente ocupado por Camila ao meu lado. "Hey..."

"É tão errado eu querer ajudar?" Indaguei em pura frustração.

"A diferença entre Normani, eu e você, é que atendemos as necessidades de Camila em três níveis diferentes, querida. E eu sinto em lhe informar, mas isso é do jeito que deve ser."

A encarei sem entender exatamente o que aquilo significava.

"Normani entende o lado espiritual de Camila. Seu lado sobrenatural, o lado onde seus dons se escondem. Por Deus, ela treinou Camila", sorriu. "Eu entendo o lado emocional de Camila. Conheço ela há pouco tempo, mas nesse pouco tempo consegui ler o que ela precisava e eu providenciei isso a ela. Agora você..." Colocou sua mão sobre a minha e a apertou levemente. "Lauren, você completa ela. De todas as formas. Vocês são o quê? Almas gêmeas?" Riu. "Normani e eu podemos entender o que se passa na cabecinha mirabolante de Camila, mas você entende e sabe o que se passa em sua alma. E querida, isso ninguém tira de você."

Sorri com as palavras. Fazia total sentido.

"Apenas aceite que Normani é a pessoa que pode ajudar Camila no momento."

Estava prestes a responder quando a garçonete aparece em nosso campo de visão. Segurava uma bandeja redonda repleta de copos e bebidas. Nosso pedido estava ali no meio, pensei.

Enquanto a mulher se aproximava de nossa mesa, percebi meu celular vibrar contra meu bolso. Pesquei o aparelho com rapidez e uni as sobrancelhas ao notar a palavra restrito piscar na tela. Hesitante, mostrei o aparelho para Dinah, que arregalou brevemente os olhos antes de arrancar o iPhone de minhas mãos e aceitar a chamada sem cerimônias.

"Alô?" Disse firme.

Silêncio.

Seu cenho estava franzido e minha curiosidade aumentava a cada segundo. Nesse meio tempo, Ally estava agradecendo a garçonete por trazer nossos pedidos e dispensando a mesma com certa rapidez para saber quem era o desconhecido na linha.

"Quem é?" Indagou colocando os cotovelos sobre o tampo da mesa.

Apenas dei de ombros, ainda observando Dinah repetir alô diversas vezes.

"Que estranho", ponderou desligando a ligação e me entregando o aparelho.

"O quê? O que é estranho?" Indaguei impaciente.

"Eu dizia alô, mas só conseguia ouvir a respiração da pessoa."

"Você chama isso de estranho?" Meu sangue gelou com as palavras. "Isso é bizarro, Dinah."

"O que você achou estranho?" Ally perguntou com a voz baixa e calma.

Dinah riu coçando a nuca. Estava evidentemente nervosa.

"Eu conseguia escutar pessoas conversando e... Era como se a pessoa estivesse ligando daqui mesmo."

Não preciso dizer que virei uma folha de papel.

"Lauren, eu vou precisar do seu celular amanhã", Ally comentou depois de segundos em puro silêncio.

"Pra quê?"

"Quero rastrear essa pessoa", falou simples bebendo de seu suco zero caloria que não me importava a esse ponto.

"Você está pálida", Dinah colou a mão em minha testa e puxou minhas pálpebras para cima com os polegares. "Lauren, consegue me ouvir?"

"Perfeitamente. Também consigo sentir seu dedo dentro do meu olho e eu ficando cega no minuto seguinte", bufei.

Sorriu torto removendo as mãos de meu rosto.

"Desculpe."

Levantei da cadeira pegando minha garrafa d'água.

"Onde você vai?" A advogada me encara preocupada.

"Atrás de Camila."

[...]

Saindo da mesa a passos largos, caminhei na mesma direção que Camila e Normani saíram. Haviam plaquinhas pelo saguão, e para chegar até o outro lado, eu teria que passar pela pista de boliche – que por sinal, estava lotada no momento.

Completamente distraída e dispersa pela ligação recente que havia recebido, notei uma figura peculiar me observando de um dos bancos da pista 3. Um senhor de idade, cabelos grisalhos, pele pálida e olhos claros. Cara de poucos amigos.

Junto dele e na mesma pista, dois homens se revezavam na pista. Um deles, loiro e alto, falava animadamente no celular, enquanto o outro, de cabelos castanhos e costas largas, terminava um lançamento. Soltou um grito de repente.

Parecia ter feito um strike.

Virou-se para comemorar com homem ao lado – que ainda falava no telefone – quando seu olhar cruzou com o meu e então, naquele exato segundo, eu finalmente entendi porque Camila saiu às pressas com Normani para o lado que agora eu julgo a ser o do banheiro.

Meu sangue gelou quando percebi estar se aproximando de mim. Possuía um sorriso frouxo nos lábios e os ombros pareciam estar relaxados.

"Lauren!" Gritou em meio à multidão como se fôssemos íntimos ou algo do gênero. Tentei apertar o passo para sumir em meio ao bando de adolescentes histéricos da pista 2, porém ele foi mais rápido e segurou meu antebraço antes que minhas pernas conseguissem me obedecer.

O toque foi como se mil agulhas perfurassem o local tocado ao mesmo tempo. Meus sensores de perigo apitavam constantemente com a presença do homem tão próxima a mim.

"Hey!" Sorriu se aproximando ainda mais. Por muito pouco ele não era capaz de invadir meu espaço pessoal e eu sair gritando por ajuda.

Engoli seco sem falar uma só palavra para a figura. Minha cara de nojo e puro desgosto falava por si só.

"Camila está com você?" Indagou ignorando meu comportamento retraído.

Balancei a cabeça negativamente dando dois passos trôpegos para trás. No processo, ele arqueou uma das sobrancelhas ao me ver esbarrar em um adolescente, provavelmente bêbado, da pista 2.

Antes que pudesse falar mais alguma coisa, virei na direção que seguia anteriormente e deixei o homem para trás, rezando mentalmente para que ele não me seguisse.

Quando avistei a plaquinha dos toalhetes, meu coração parecia ter errado uma batida. Engoli seco empurrando a porta do banheiro feminino com toda força que tinha e senti meu peito inflar ao ver Camila de costas para a pia, aos prantos com Normani em sua frente, tentando inutilmente acalmá-la.

Minha respiração ficou falha à medida que eu me aproximava de Camila. Era um misto de urgência com medo e revolta. Não dava para explicar em palavras, então eu apenas tomei a posição de Normani e a abracei.

Seu corpo estava gélido e quase inerte. Chorava sem parar, e mesmo que pudesse incendiar o prédio inteiro apenas com o pensamento, parecia tão frágil quanto uma criança.

"Estou aqui", falei a apertando contra meu peito. Por um segundo senti seus braços me apertarem de volta, mas seu choro era tão intenso que mal prestei atenção neste detalhe.

"Ela está em choque", Normani me explicou enquanto colocava os cabelos de Camila para trás e liberava minha visão do rosto encharcado pelas lágrimas.

"Eu sei", sorri nervosa. "Eu vi ele", crispei meus lábios, me privando de chorar também.

Não conseguia entender por que nos encontrávamos tão frágeis naquela situação. Afinal, o que havia acontecido com toda a minha coragem que eu havia demonstrado no dia que ele resolveu aparecer em meu apartamento para assediar Camila?

O que havia acontecido com a Lauren protetora e que não media custos para ver o amor de sua vida livre e fora de um prédio cinza e sem vida por mais nove anos?

Onde aquela Lauren foi parar?

Minutos passaram e seu choro foi diminuindo aos poucos. Ainda fungava contra meu pescoço quando Normani apoiou a cintura na pia ao nosso lado e riu baixinho.

"Acho que minha teoria estava certa", cruzou seus braços e me olhou brevemente.

"O que quer dizer?" Indaguei afagando as mechas castanhas da mulher agarrada ao meu corpo. "Que teoria?"

"Um tempo atrás eu acreditava que conforme o tempo passa e você passa a conviver com pessoas como Camila e eu... Você querendo ou não, acaba aguçando sua sensibilidade. Hoje eu estou vendo a sensibilidade de Camila em você."

Permaneci em silêncio, apenas escutando o que a morena dizia.

"Lhe cai bem", sorriu. "A sensibilidade não é algo que serve em todo mundo."

"Por que acha que eu estou à beira de um colapso aqui também?"

"Por que você está. E porque você absorve muito o que Camila absorve. Então querendo ou não, você também pressente. É um ciclo muito involuntário, mas acontece."

"Eu não quero fazer parte de um ciclo, Normani", falei irritada. "Eu quero que isso acabe."

Observei a mulher caminhar em direção a saída e puxar a porta. Antes que saísse, olhou para trás e conectou os olhos negros aos meus.

"Não é uma escolha, Lauren."

~~

"Lauren?"

Meus olhos se arregalaram com o chamado repentino. Senti a claridade da luminária de luz amarelada atingir meus olhos em cheio e fechei minhas pálpebras quase de imediato. Abrindo novamente, devagar dessa vez, senti sua mão acariciar minha bochecha e a outra levar meu pulso até seu rosto. Sorri ao vê-la depositar beijinhos suaves nas costas de minha mão e entrelaçar seus dedos aos meus. Era confortante saber o quão bem eles se encaixavam.

O toque suave e delicado me fez fechar novamente os olhos, até que a voz voltou a soar tomando minha atenção.

"Está acordada?"

Ri baixinho diante da pergunta. Sem responder nada, aproximei meu corpo do seu, colocando uma mão em suas costas e a puxando para frente.

"O que você tem?" Indaguei a encarando. Nossos narizes quase se encostavam sob o travesseiro macio.

"Acho que estou em crise", soltou o ar quente dos pulmões pela boca. Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha rosada e, naquele momento eu juro ter visto sua alma. "Me sinto fraca longe de você."

"Camila..."

"É tão frustrante saber que..."

"Shhhhhh..." Tentei impedi-la de formular qualquer frase que acabasse com nosso momento. Quando vi que sua aflição não acabaria com meias palavras, decidi calá-las de vez.

Soltou um gemido fraco em protesto contra o beijo abrupto, mas segundos depois se rendeu a luxúria do momento. Sua mão penetrou meus cabelos e puxou os fios para trás, me fazendo arquear as costas em puro deleite.

Subiu em minha cintura me deixando completamente impossibilitada de relutar. Suas mãos buscaram as minhas, que até então vagavam por suas costas, mas foram rapidamente imobilizadas pelas dela sob minha cabeça.

Beijou-me da forma mais delicada que havia feito desde a primeira vez que meus lábios tocaram nos seus.

Parou por poucos segundos para fitar-me. As respirações irregulares gritavam por algo que nossos corpos já sabiam que estava por vir.

"Eu te amo", balbuciou contra minha boca. Seu hálito era fresco e só instigava meu desejo por mais. "Eu te amo, Lauren. Como nunca amei alguém na vida", suas mãos libertaram as minhas, e nesse momento eu tive a chance de puxá-la para mim.

Um sorriso singular brotou em seus lábios de forma convidativa, praticamente me obrigando a captura-los novamente. O atrito de seu joelho contra meu centro me fez soltar um gemido, que foi rapidamente abafado por sua língua sedenta e outro beijo.

Queria poder eternizar aquilo.

"Camila..."

"Eu te amo, Lauren", murmurou deixando uma trilha de beijos em meu pescoço. "Te amo tanto que meu peito parece que vai explodir quando te vejo. Quando te toco. Quando te beijo", beijou minha testa e desceu até chegar na pontinha de meu nariz. Olhou-me profundamente antes de selar meus lábios delicadamente.

A observei se afastar de meu rosto segundos depois. Ficou ali, sentada em cima de mim, na altura de minha cintura. Seus dedos brincavam com o tecido de minha camiseta e beliscavam a malha de algodão me fazendo tremer sob o toque.

Averti meus olhos sentindo minha pele esquentar. Aproximei meus pés de minha cintura e sorri ao vê-la usar minhas pernas dobradas como encosto para suas costas. Minha respiração estava começando a ficar irregular, descompassada e, curiosamente, aguçada. Podia sentir o cheiro de baunilha e morango exalando da cascata de fios negros em minha frente.

Podia me imaginar naquela posição para o resto da vida.

Os castanhos dançavam em minha frente. Me examinavam, cada centímetro, cada pedacinho de minha pele, de minha roupa. Podia senti-la em mim. Queria senti-la em mim.

Foi quando escutei um estalo em minha mente e, novamente, senti sua boca invadir a minha. Dessa vez, urgente e sem cerimônias. Suas mãos viajaram até meu abdômen de forma súbita. Sua boca nunca abandonando a minha, nossas línguas em pura e total sincronia me fizeram entrar em um estado de espírito que nunca tive a oportunidade de experimentar. Seus dedos, hábeis e rápidos engancharam a barra de minha camiseta e a última coisa que fui capaz de processar, foi ver a peça branca sendo arremessada contra a parede do quarto.

Após isso, cortou o beijo por meros segundos para fazer o mesmo com o moletom creme que havia pego em meu guarda roupa mais cedo. Como a peça era longa o suficiente para cobrir suas coxas, não havia se dado o trabalho de vestir algo por baixo. Então eu estava crente que minhas pupilas já estavam dilatas com a imagem da mulher apenas de calcinha sob mim.

Não sabia se o calor que estava sentindo era de sua pele, ou apenas consequência do momento em si.

Afastou-se para retirar meu short e sorriu ao ver a renda de minha calcinha descer junto. Em um rápido movimento, subiu em minha cintura e colou sua boca na minha. Minha vontade retida de reciprocar seus gestos terminou quando colocou sua mão em minha nuca e me puxou para si, a fim de aprofundar o beijo.

Meu corpo respondia às ações em forma de tremores. Me sentia arrepiada, como se pequenas descargas de eletrochoques se perpetuassem por minha pele.

Um gemido baixo escapou-me a garganta quando colocou um dos joelhos entre minhas pernas e o atrito entre meu centro se intensificou. Podia senti-la rindo em meio ao beijo, como se eu fosse uma piada interna aos seus sentidos ou algo assim.

"Gosto de saber que te entretenho, Cabello", falei virando o rosto por alguns segundos e já usando a oportunidade para recuperar meu fôlego.

Sorriu ainda mais diante das palavras.

"Oh, você definitivamente me mantém entretida..." Mordeu o lábio inferior lascivamente. A pontinha de seu indicador traçando meu ombro e descendo pelo meu peito, até chegar ao bico do meu seio. "Você é extremamente fácil, sabia?" Rolei os olhos ao ouvir aquilo. "Não role os olhos para mim, você sabe que é verdade", riu.

Queria responde-la, ou até mesmo dominá-la e tomar seu controle mudando as posições, mas ser dominada por ela me deixava em uma espécie de transe que era quase impossível de sair. Como um ciclo.

Fechei meus olhos com força depois de vê-la abocanhar meu seio esquerdo sem desconectar seu olhar ativo do meu. O sugava com força e fazia uma pequena pressão na pontinha com os dentes. Sua outra mão não demorou muito para estimular o outro seio, e meus suspiros passaram a se tornar gemidos, o que obviamente alimentou seu humor e a fez sorrir ainda mais diante do meu estado.

Por fim, desceu a boca para o meu abdômen e fez uma singela trilha de mordidas em direção ao meu centro. Segurava minha cintura agora com as duas mãos, vezes até deixando a área avermelhada, como se fosse seu modo sutil de dizer que eu era sua.

Mordeu a barra de minha calcinha com os dentes antes de me lançar um olhar vago, onde eu pudesse interpretá-lo da forma que eu quisesse.

"Por favor..."

Riu baixando o olhar. Me examinou mais uma vez até seus indicadores voaram em direção à barra rendada. A peça deslizou por minhas coxas, e antes que eu pudesse pedi-la para que acelerasse o que estivesse fazendo, o tecido preto já estava em meus pés.

Pousou as duas mãos sobre meus joelhos e os afastou. Antes de acomodar-se entre minhas pernas, beijou o interior de minhas coxas de um jeito dolorosamente lento, fazendo minha pele queimar em desejo.

Minha visão pareceu ficar turva quando senti sua língua tocar meu centro. Era incrível como sabia absolutamente todos os meus pontos certos.

Passou a arranhar meu ventre ao observar minha pulsação. Parecia amar me ver em êxtase. E acontecia de forma gradual: O formigamento começava pela ponta dos pés, e ia se alastrando pelas pernas. Após isso, nos braços, até a parte do peito, onde eu também sentia esquentar. Já não sabia distinguir se a ligeira agonia em meu ventre era causada pelas borboletas em meu estômago ou pela língua de Camila em meu centro.

Segurei em seu cabelo, involuntariamente a empurrando contra mim, como uma forma silenciosa de pedir mais pressão onde sua língua tocava.

Minha garganta secou no momento em que um dedo solitário me invadiu sem aviso. O sentia deslizar sem dificuldade alguma, descaradamente entrando e saindo, fazendo a agonia em meu ventre se intensificar de forma violenta.

No desespero de sentir o alívio se aproximar, abri os olhos, completamente incrédula, ao percebê-la parar os movimentos sutis que fazia com a língua, e dedicar-se somente aos movimentos de vai e vem que fazia com o indicador.

Ao ver minha irritação, somada com a frustração de sentir a pressão em meu abdômen diminuir consideravelmente, adicionou outro dedo e passou a acelerar as estocadas. Não demorou para que meu corpo pegasse o ritmo novamente, e a sensação familiar começasse a pinicar meu ventre outra vez.

"Camila..." Balbuciei batendo a mão contra o colchão e erguendo a cintura do lençol. Uma fina camada de suor passou a se formar em minha pele. Podia senti-la em Camila também.

Sem falar uma só palavra, retirou os dois dedos de dentro de mim e passou a estimular meu centro, fazendo a pressão que eu sentia anteriormente, se tornar agonizante e dolorosa.

"Camila!" Abri os olhos encontrando castanhos em puro deleite. Sorria largo ao me ver naquele estado e aproximou os lábios dos meus. Conseguia sentir o cheiro de sexo invadir o quarto pouco a pouco.

"Goze pra mim", pediu antes de selá-los e invadir minha boca com sua língua.

A sensação não poderia ser descrita de outra forma a não ser dolorosa. Me chame de masoquista, mas era a dor mais prazerosa que eu já havia sentido na vida.

No ápice de minha agonia, a senti abandonar meu centro e me invadir com os dois dedos pela terceira vez. A esse ponto minha visão estava completamente turva, e a imagem da mulher em minha frente não passava de um borrão.

Foi quando aquilo me atingiu.

Eletrizante. Rápido demais ao ponto de não conseguir distinguir o quão perto estava há três segundos atrás. Minhas pernas eram gelatina e meu peito inflou com a sensação de alívio que se alastrava por meu corpo.

Seu sorriso estava lá, intacto, perfeito e brilhante, esperando por alguma frase balbuciada de minha parte, para rir em seguida e me pousar um beijo na testa.

"Eu te amo."

Foi tudo o que eu consegui murmurar antes de sentir minhas forças se esgotarem, e minhas pálpebras pesarem.

~~

Em 1° de Fevereiro de 2012, final de tarde de uma quarta-feira, foi quando meu pesadelo se iniciou.

Tínhamos planejado passar o fim de tarde juntas, assistindo alguma comédia romântica ou comendo besteiras na cama até adormecer e acordar no dia seguinte, mas isso mudou quando eu estacionava o carro que Ally havia me emprestado na garagem de meu prédio.

O alarme já estava acionado e minha bolsa já estava em meu ombro, quando meu corpo entrou em estado de alerta ao ouvir barulhos de pneus cantando. Vinham do outro lado da rua, ou melhor falando, da entrada de meu prédio.

Meus olhos se arregalaram ao associar a presença de algum carro suspeito próximo de minha casa. Camila tinha o costume de descer e esperar por mim na portaria poucos minutos antes de eu chegar, e apenas a ideia de uma coisa poder estar ligada com a outra fez meu sangue gelar.

A passos rápidos e completamente descoordenados, corri em direção a entrada do prédio.

Foi quando eu vi.

Dois homens, em uniforme médico, indo ao encontro da figura inocente e desatenta de minha namorada. Estava sentada em um dos degraus da entrada com um aparelho eletrônico em mãos e não pareceu notar a chegada dos dois homens por estar usando fones de ouvido.

Meu corpo gelou. Estávamos a uma questão de quinze metros de distância e eu podia sentir as células de meu corpo gritando por seu nome, mas minhas pernas simplesmente não me obedeciam. Eu estava paralisada.

"CAMILA!"

Seu nome ecoou no quarteirão inteiro quando um carro familiar surgiu do absoluto nada e a figura de Normani apareceu em meu campo visual.

A Cabello saltou, completamente alerta, porém, já tarde demais. Os dois homens a agarraram pelo braço, não dando a mínima chance de defesa ou fuga.

Normani correu em direção a cena, argumentando e gritando para que os homens largassem Camila, que se debatia incontrolavelmente em seus braços, mas nada foi feito, e a porta traseira da Van foi fechada antes que a morena pudesse fazer alguma coisa.

Eu estava fraca. Ofegante. Meus passos, agora desacelerados, iam de encontro com a mulher que batia na porta do carro para que ele fosse aberto. Os dois homens, após apreenderem Camila dentro do veículo, se aproximaram da clarividente em tom intimidador e a cercaram de forma com que ela não tivesse lugar para correr. Não conseguia identificar o que estavam falando, mas pareciam querer intimidá-la, a ponto de poder sair tranquilamente em direção ao carro, ligar a ignição e sair.

Não demorou muito para Normani me ver e correr ao meu encontro. Até o momento eu não havia percebido que me encontrava no meio da rua, até que a senti me arrastar para a calçada. Sua mão em minha cintura, da mesma forma que segurou Camila no dia em que estávamos no boliche.

"Fale comigo", pediu trêmula. Nem ela parecia acreditar no que acabara de acontecer. "Lauren!"

Me empurrou em direção às escadas da entrada, me obrigando a sentar. Secou meu rosto limpando lágrimas que nem eu havia percebido existir, quando meus olhos focaram no objeto metálico jogado próximo ao canteiro onde Camila estava anteriormente sentada.

A pulseira que Sofia havia entregue a mim no dia que fui até Philadelphia.

"Precisamos ligar para Allyson", a escutei murmurar enquanto pegava seu celular no bolso. "Lauren, fale comigo", pedia nervosa. "Preciso que me diga se está bem ou não."

Imagens da noite anterior invadiam minha mente. Podia sentir seu cheiro impregnado em minha roupa, e imaginar seu toque em minha pele apenas fechando meus olhos.

Me sinto fraca longe de você.

Eu te amo, Lauren.

Foi tudo voltando, como uma espécie de filme. Acontecia tudo muito rápido, os carros atravessando a rua, o modo como as pessoas andavam e se moviam ao meu redor. Era como se eu houvesse parado no tempo.

Meu corpo foi cedendo à medida que eu cedia ao choro contido. Percebi Normani sentar ao meu lado, seu celular ainda em mãos e uma reclamação contínua que não lhe atendiam do outro lado da linha era tudo o que preenchia meus ouvidos naquele momento.

Apesar daquilo tudo, enlaçou o braço em minha cintura e me permitiu chorar em seu ombro.

Queria fugir.

Queria correr atrás dela.

Minhas lágrimas não paravam por um só segundo, quando meu corpo começou a ceder, minha visão a ficar turva e meu pulso enfraquecer.

A última coisa que lembro é de Normani me segurando e minha consciência se apagando.

Não era à toa que eu odiava quartas-feiras.


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A/N: Queriam drama, choraram pelo drama, imploraram pelo drama. Agora pega o drama e leva pra casa.

Beijas, gatxs. /@gay_harmony

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