Get Me Out

By ownthe-night

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Nos últimos dois anos tudo o que eu mais queria era não ter que ir àquele manicômio todos os meses para visit... More

Shadows
Loud Thoughts
Unplanned Changes
Church Bells and Phone Calls
Acknowledging Madness
Dream up, Dash off
Catalyst
Highways, Neighborhoods and Lies
Everything I Want, Everything I Need
Antidepressants and Sense of Humor
Taped Confessions
I Dont Want You To Leave
Wait Outside
Forget the Shelves, See the Irony
Brittle it Shakes
Karma
Take Shelter
One love, one house; No shirts, no blouse
Dazed and Kinda Lonely (part I)
Strung out, a Little bit Hazy (part II)
Telekinesis
When did We Grow Old?
Concilium
Tic-Tac
In the Clear Yet? Good.
I didn't mean to fall in love tonight
Over (part I)
Red Liquors and Silver Keys
Wednesdays
Hi
Until You Come Back Home
Write it down
Caos, herself

Rewind

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By ownthe-night

"Namorada?" Os olhos arregalados voaram em direção aos nossos dedos entrelaçados.

Eu meio que tinha vontade de correr.

"É realmente uma longa história", murmurei.

"Camila", largou minha mão e estendeu na direção da mais velha com um sorriso confiante no rosto. "É um prazer conhecê-la Sra. Jauregui."

O olhar estático de minha mãe já estava começando a me preocupar. Eu não havia pensado que isso tudo poderia dar errado. Ou muito errado, até então.

Engoliu seco me encarando com incredulidade. A mão de Camila ainda permanecia no ar, esperando por uma resposta educada e minha ansiedade estava escorrendo em forma de suor em minha testa.

"Me chame de Clara", virou o rosto na direção da Cabello e sorriu largo ao finalmente estender a mão e cumprimentá-la. Um riso nervoso escapou pelos lábios segundos depois. "Deus, a quem eu estou querendo enganar? Venha cá."

Cambaleei para trás e franzi o cenho ao ver o abraço atrapalhado compartilhado entre as duas. O rosto de Camila estava completamente escondido entre as madeixas escuras de minha mãe, e não me permitiam ver qual era sua reação no momento, mas eu sabia que ela estava tão nervosa quanto eu.

"Mike!" Gritou milésimos após se separar do embraço. As mãos repousando nos ombros da mais nova e um sorriso de orelha a orelha já estavam começando a me assustar. "Você precisa ver isso!"

Dei outro passo para trás passando a ponta dos dedos embaixo dos olhos. Eu deveria estar sonhando ou coisa assim.

"Eu tenho uma nora?" Ouvi Clara indagar. Descrença mesclada com irritação. "Lauren, eu tenho uma nora e você só me fala disso agora? O que diabos você tinha na cabeça, garota?"

"Eu... Eu não..."

"Mija!" Levantei o rosto percebendo meu pai parado ao lado da porta. Os ombros largos e relaxados escorados no lastro branco e uma das mãos no bolso da calça. Seu olhar pousou sobre Camila e uma expressão confusa pincelou os traços familiares.

"Sua filha decidiu aparecer aqui com companhia. Temos uma nora, Mike", sorriu orgulhosa apertando as bochechas de Camila e a fazendo corar violentamente.

"Camila? É essa Camila que você me falou?" Indagou perplexo apontando para a mesma.

"Eu—"

"Você sabia disso?!" Minha mãe gritou. "Isso aqui é um complô ou algo do tipo? Por que eu fui a última a saber?!"

"Mãe, eu sei que você está feliz e tudo mais, mas francamente, você está assustando ela", me aproximei de Camila contornando sua cintura e recebendo um sorriso gratificado como resposta. "E sim, papai já sabia."

"Isso é um absurdo", rosnou afundando as mãos no bolso frontal do avental que usava. "Absurdo!"

"Mike", meu pai estendeu a mão na direção da Cabello. Fez uma careta ao fitar Clara de soslaio. "Desculpe por isso."

"Nada que eu já não tenha visto", me lançou um olhar divertido e cumprimentou o homem.

Ok, ela queria dizer o que, exatamente? Que eu era tão dramática quanto minha mãe?

"Podemos entrar?" Rolei os olhos.

~~

30 de dezembro de 2011, 2:35PM

"Dez dias", crispou os lábios. "Foi o prazo máximo que consegui negociar. Começando a contar a partir de hoje."

"Isso não pode estar acontecendo."

"Eu passei a quinta-feira inteira no telefone, e acreditem em mim, eu tentei. Mas..."

"Allyson, ela não pode ir. Não pode."

"Eu não sei mais o que fazer, Lauren. Nós estamos sem opções e recorrer não me parece uma saída muito eficaz no momento."

"Eu não dou a mínima se é eficaz ou não. Eu quero que você tente."

"Lauren eu não—"

"Minha namorada não vai voltar pra lá em dez dias", falei firme. "Não vai."

"Eu sei que você está com raiva, mas não há mais nada—"

"Eu não ligo se você está sem opções! Crie uma! Pelo amor de Deus, você é a melhor advogada que eu conheço. Não consigo acreditar que você não consiga pensar em algo extra pra reverter isso."

"Lauren, eu sou boa no que faço, mas há casos..."

Rolei os olhos. Essa conversa já estava me dando nos nervos.

"Ignore ela, Ally", ouvi Camila murmurar do canto da sala. "Você fez o que pôde. Eu agradeço por isso, mas... Não precisa mais se preocupar. Apenas esqueça isso."

"Camila, não fala bobagem", estalei a língua.

"Você está parecendo uma lunática tentando convencer Ally a criar uma saída que não existe. Dez dias está mais do que bom."

"E depois vai acontecer o quê? Você volta pra lá e fica trancada até seus últimos dias? Nem te ver eu posso mais porque o ridículo do monsenhor me proibiu de pisar lá. Não é uma hipótese válida. Você não vai pra lá, está me entendendo? Não vai."

Cruzou os braços e bateu as costas contra a parede. A texana estava quieta demais e aquilo era apenas mais um sinal de que as coisas realmente pareciam sérias.

"Eu não sei o que vocês planejam fazer amanhã, mas... Se precisarem de mim, eu vou estar com meu celular ligado. A mãe de Troy vai fazer um jantar e convidar alguns familiares. Se quiserem, eu posso conseguir uma liberação pra que vocês e Taylor passem a virada de ano com a gente."

"Taylor resolveu passar o ano novo com Chris. Lauren a fez jurar que não falaria nada sobre o acidente e as duas acabaram discutindo", a morena sorriu triste. "E é muito gentil da sua parte, Ally... Mas... Não precisa. Lauren e eu vamos ficar bem aqui."

"Tudo bem", suspirou fundo e levantou da cama. "Acho que já vou indo. Violet anda com cólicas horríveis e Troy não sabe como lidar com elas", riu baixinho.

"Dê um beijo nela por mim", a cubana disse.

"Eu dou. Pode deixar."

"Vocês duas estão de brincadeira comigo? Você vai embora assim? Me dá um prazo de dez dias e simplesmente sai?"

"Lauren—"

"Deixa ela, Ally", Camila a cortou. "Pode ir. Eu me resolvo com ela."

A advogada assentiu. Colocou a alça da bolsa sobre o ombro e rumou em direção a saída. Um silêncio desconfortável se instalou no quarto quando me vi sozinha com Camila. Me fitava séria. Se não estivesse tão transtornada com as notícias eu diria que estava brava comigo.

"Qual é a porra do seu problema?" Indagou após segundos de pura mudez.

"Perdão?"

"Sua amiga faz de tudo pra conseguir achar a melhor solução e você age como se ela fosse uma incompetente ou algo do gênero."

"Oh! Me desculpa se eu estou tentando te manter longe daquele inferno", respondi cética. "Falando assim, parece que até quer voltar pra lá."

"Você é ridícula."

"Camila, você acabou de dizer que dez dias está mais do que bom. Será que não percebe o que isso significa? Em dez dias eles vão mandar um carro preto lá pro nosso apartamento e vão te levar à força. Será que a ficha não caiu? Em que mundo paralelo você tá vivendo?"

"Eu só acho que se desesperar não vai adiantar muito. Só isso."

Engoli seco sentindo meu sangue borbulhar. Como eu posso ser a única a enxergar a tragédia de forma antecipada?

"Ela nos deu dez dias. Se eu fosse você, eu trataria de me desesperar."

"Cristo, você está sob efeito de medicação e essa adrenalina toda está te deixando assim", afundou o rosto entre as mãos. "Lauren, não há nada que possa ser feito."

"Camila, nós precisamos tentar!"

"Quer saber?" Jogou as mãos para o alto. "Não consigo conversar com você nesse estado", caminhou até a porta a passos rápidos e pulou para fora do quarto. A batida da madeira contra o lastro me fez pular sobre o colchão.

Dez dias.

~~

"Você quer alguma coisa, querida? Chá, água, café, suco? Temos refrigerante também, mas desde que Clara começou com uma dieta maluca, nós decidimos esconder as garrafas na garagem."

Camila encarou meu pai como se fosse um alien.

"Huh... Eu estou bem. Obrigada, Sr. Jauregui."

"Mike", pediu. "Por favor, me chame de Mike."

"Okay", sorriu nervosa. "Eu não quero nada não, Mike."

"Me avise quando quiser, tudo bem?" Piscou tentando fazer graça e quebrar o gelo.

Claramente não estava funcionando.

"Pai... Nós te avisamos", alertei.

"Sem problemas."

"Nós vamos subir um pouco. Nos avise quando o jantar ficar pronto, sim?"

"Eu peço à Taylor. Podem subir."

Sorri ao sentir a cubana agarrar minha cintura e me guiar em direção às escadas como se a vida dependesse daquilo. Me empurrou degrau por degrau até chegarmos no segundo andar da casa. Um sorriso brincalhão chamou minha atenção quando paramos no topo da escada.

"O que foi?" Indaguei.

"Por que você não tinha me contado que seu pai sabia?"

"Ah... Digamos que no mesmo dia que ele soube sobre você, eu cheguei no meu apartamento, nós duas acabamos transando pela primeira vez e eu meio que esqueci de mencionar esse detalhe super importante."

Riu jogando a cabeça para trás. Deus, eu amava quando ela fazia isso.

"Você parece nervosa", notei. "Tá tudo bem?"

"Não estou nervosa. Chocada, talvez. Só não imaginei que eles fossem ser tão gentis."

Franzi o cenho crispando os lábios. As mãos na cinturam foram um movimento automático.

"Tenho genes fantásticos, ok? Achei que soubesse disso."

"Você é tão boba", enlaçou minha cintura me empurrando contra a grade de proteção lateral da escada. "E tão linda."

"Não esqueça que não estamos em casa", balbuciei. Meu corpo todo parecia se arrepiar com o mero toque dela.

"Não é o que parece."

"Por que você ama me provocar?"

"Porque eu te amo", falou simples. "E porque eu amo ver como você reage aos meus toques."

Rolei os olhos diante do sorriso parafusado que via em minha frente e a puxei pelo braço em direção ao corredor.

"Vamos pro meu quarto antes que alguém apareça."

~~

30 de dezembro de 2011, 6:35PM

"Achei que sua namorada fosse passar o dia com você", comentou enquanto trocava os curativos. Um sorriso acolhedor pincelava os lábios e por algum motivo, o óculos apoiado na ponte do nariz, me fez rir.

"Ela vai. Apenas deu uma saída e já volta."

"Vocês duas têm sorte. Sabe disso, não?"

"Eu não acho que passar o ano novo em um quarto de hospital seja a definição mais apropriada de sorte, mas... É. Acho que tem razão."

Lançou um olhar reprovador. Tive a sensação de que lutou um sorriso. Recolheu as gases e colocou as tesouras sobre a bandeja prateada. O barulho metálico me trazia lembranças da pancada no dia do acidente e consequentemente me fez fechar os olhos como reflexo.

"Isso passa um dia", falou. "O medo, quero dizer. Um dia você supera."

Respirei fundo e sorri.

"Bom saber."

"Alguém em casa?" Escutei a voz familiar ecoar no quarto. Abri meus olhos e sorri ao perceber a figura familiar parada na porta.

"Eu já vou indo", a enfermeira informou ao caminhar em direção à saída e dar espaço para a nova visitante.

"Obrigada, Amber", assenti. O par de olhos negros fixados em meus curativos recém trocados me fizeram rir internamente. "Não é tão ruim quanto parece."

"Você vai ganhar cicatrizes fodas, garota", riu.

"Eu espero que sim", sorri. "O que está fazendo aqui? Achei que só viesse de novo amanhã."

"Meus pais moram aqui por perto. Decidi aproveitar e dar um olá antes de ir para lá."

"Como pode ver... Estou inteira", abri os braços com uma expressão óbvia. "Mas foi gentil da sua parte", ri.

"Eu sou um poço de simpatia, ok? Não me teste."

"Eu sinto que eu vou ter várias oportunidades para isso. Não se preocupe."

Caminhou até a ponta da maca e sentou na beira do colchão. Senti vontade de rir quando apoiou a mão sobre meus pés.

"Onde está Camila? Achei que ela ficasse com você o dia inteiro."

"Ela fica. Apenas deu uma saída rápida. Precisava resolver alguns assuntos com uma amiga."

"Ah... Dinah."

Ri baixinho ao lembrar do pequeno detalhe. Engoli seco ao conectar meus olhos com os dela por breves segundos.

"Vocês são iguais, não é?"

"Camila?" Balancei a cabeça. "Sim. Sim, nós somos iguais."

"Eu tenho tantas perguntas..."

"Lauren, eu te ajudei depois de um acidente. Acho que já passamos da fase de quebrar o gelo."

"Normani..."

"Não, é sério. Pergunte o que você quiser. Vai ser divertido."

"Você disse que estava dois carros atrás de nós quando o acidente aconteceu e que foi até lá para se certificar que estávamos bem porque teve uma intuição de que precisava fazer tal coisa."

"O que você quer saber exatamente?"

"Não foi intuição, não é?"

Riu sem humor. Inclinou as costas para trás e correu os dedos pelos cachos.

"É... Não foi."

"O que te puxou até nós? O que te fez caminhar até lá e nos socorrer?"

Respirou fundo me lançando um olhar sério.

"Camila gritou por ajuda. Foi por isso que fui até lá."

"O quê?"

"Camila. Sua namorada. Desde o minuto que vocês duas entraram no carro, até a avenida do acidente. Ela gritou por ajuda."

"Eu não entendo... Ela estava conversando comigo o tempo todo—"

"Nossos planos são diferentes", sorriu. "Não entenderia nem se quisesse."

"Como vocês conseguem isso?" Pisquei confusa. "Até hoje eu tenho dificuldades em acreditar que Camila ergueu um livro do chão na minha frente, sem usar as mãos ou qualquer coisa do tipo."

"Temos esse efeito", riu. "Mas... É divertido. Não consigo explicar de outra forma."

"Ah, claro. Ver as reações espantadas dos outros deve ser um dos seus passatempos preferidos."

"Você não faz ideia."

"Eu queria entender como essas coisas funcionam. Não é qualquer um que pode dizer que a namorada faz coisas flutuarem."

"Existem situações onde a pessoa é instruída e ensinada desde pequena a controlar os poderes. Também existem casos onde os pais condenam e tratam o filho como uma aberração — não é comum, mas também não é raro. E pode acontecer da pessoa não saber do que é capaz até a fase adulta por falta de orientação ou algo do gênero. É tudo muito relativo."

"Camila não teve orientação nenhuma", ponderei. "O que isso significa?"

"Significa que ela não faz a menor ideia do que é capaz de fazer. O que me fascina e preocupa ao mesmo tempo. Por exemplo, da mesma forma que é fantástico saber que ela está se descobrindo, eu também acho que é perigoso despejar um balde de informações sobre ela de uma só vez."

"Balde de informações?"

"Aquele livro de telequinésia que ela carrega pra todos os cantos. Não recomendo que ela leia. É muita coisa..."

"O que quer dizer?"

"Tudo tem dois lados, Lauren. Clarividência não é diferente. Ela pode ser usada para o bem ou para o mal. E aquele livro não diferencia lados. Ele apenas expõe o que ela pode fazer, e cabe a ela decidir se deve fazer ou não."

"Isso é complexo demais", ri. "Quer dizer, é apenas um livro. Ela está se informando. Isso não é bom?"

"Até certo ponto, sim."

"Onde quer chegar?"

"Eu leio pessoas", falou séria. A voz baixando gradativamente como se estivesse entrando em assunto confidencial. "Não demorou muito até que eu descobrisse que vocês estão com mais problemas do que podem lidar. E que aliás, o acidente foi apenas uma das consequências."

"Isso é... Muito bom de ouvir", fiz uma careta.

"São pessoas perigosas, é só isso que eu estou tentando dizer."

"Okay... E você quer que eu faça o quê? Camila não pode voltar para a clínica e minha advogada está se desdobrando em duas para fazer o que pode. Não é como se nós tivéssemos muitas opções."

"Vocês têm uma opção", sorriu.

"Estou ouvindo."

"Eu quero treinar Camila. Do zero. Ensiná-la tudo o que eu sei. Desde levitação até total controle mental."

"Eu não sei o que dizer..."

"Vocês têm dez dias", arqueou as sobrancelhas. "Não é como se tivessem muito tempo a perder."

~~

"Você tem um gosto peculiar", ponderou ao entrar no cômodo que um dia eu já ocupei durante a infância.

"O que diabos isso significa?" Ri fechando a porta.

"Que você tem bom gosto", girou os calcanhares sobre o carpete felpudo e me lançou um olhar divertido. "Muito bom gosto."

"Não é exatamente igual ao que eu tive quando eu era mais nova. Há alguns anos atrás, minha mãe decidiu fazer essa reforma gigante, e isso incluiu o meu quarto e o dos meus outros irmãos", fiz uma careta. "Foi isso e... Adeus paredes roxas."

"Eu queria ter visto isso", admitiu rindo.

"Não queira. A Lauren de agora é muito mais interessante do que a de antes."

"Bom, tecnicamente isso não é verdade. Porque, vejamos, a Lauren de agora é minha namorada, e por namorada, eu quero dizer alma gêmea. O que significa que mais cedo ou mais tarde eu vou ouvir todas as suas histórias embaraçosas de quando você era menor", se aproximou de mim e afastou uma mecha de cabelo de meu rosto. "Nem ouse fugir disso."

"Devo sentir medo, ou...?"

"Medo? Sou sua namorada, não o cara que flerta no bar e te deixa desconfortável até você se ver obrigada a mudar de lugar."

"Essa foi uma comparação e tanto", sorri a vendo se afastar e caminhar em direção às estantes.

Pareceu encantada com os inúmeros porta-retratos de família espalhados de forma aleatória.

"Eu sou uma caixinha de surpresas, meu amor. Achei que já soubesse disso."

Sentei na beira da cama e fiquei observando a figura de pé do outro lado do quarto. Eu não sabia exatamente o porquê, mas eu não conseguia parar de sorrir.

"Você e Taylor eram bem próximas, não?" Perguntou pegando um porta-retratos em particular.

"Não muito, por mais chocante que isso soe. Taylor sempre teve uma conexão maior com Chris do que comigo."

"Não acredito muito em você, mas... Ok."

"Eu era problemática demais", grunhi batendo as costas contra o colchão. "Taylor fez uma boa escolha."

"Ela falava tão bem de você quando estávamos juntas no Kings Park. Talvez você tenha interpretado o comportamento dela de forma errada? Quer dizer, quem ia visitar ela quinzenalmente e levou ela pra casa não foi Chris. Foi você."

"Eu sei, mas—"

"Jauregui's são complicados demais", murmurou colocando a foto de volta ao lugar. "E eu sei que eu já deveria ter me acostumado, mas... Caramba."

Gargalhei com a frase.

"Você tem razão. Nós somos bem complicados mesmo."

Caminhou até minha direção e sentou sobre minha cintura na cama. Os olhos fixos nos meus.

"Você pode até ser complicada", traçou os dedos sobre o decote da minha blusa. A pulseira dourada que eu havia dado fazia cócegas sobre minha pele, e o sorriso constante em meus lábios parecia deixá-la hipnotizada. "Mas eu te amo mais do que tudo nesse mundo."

"Você está tão romântica ultimamente."

"Você acabou de me pedir em namoro na beira da praia e me deu uma pulseira com pingentes de Sodalita. Eu não fazia a menor ideia o que Sodalita significava até meia hora atrás. A romântica aqui é você. Não eu."

"Você é fofa", ri baixinho. "Mas não quer dizer que suas tentativas de me fazer corar não sejam românticas também."

"Ok, agora quem vai corar sou eu", cobriu o rosto da forma mais adorável possível.

"Cristo, eu te morderia todinha se você não estivesse em cima de mim."

"Amoooor!"

"Eu quero te mostrar uma coisa", levantei as costas do colchão. Nossos rostos separados por meros centímetros.

"Estou ouvindo", riu colocando as mãos ao redor de meu pescoço. Colou a testa à minha e riu baixinho.

"Eu preciso levantar e pegar uma coisa."

"Nooooo..."

"Você vai gostar", ri.

Levantou a contragosto cortando contato e me permitindo pular da cama. Caminhei até meu guarda roupa e abri a terceira porta. Sorri ao perceber que o objeto permanecia no mesmo lugar onde eu havia deixado pela última vez.

"Eu queria uma recordação nossa", admiti puxando a máquina para fora da prateleira. Os olhos castanhos pareceram triplicar de tamanho ao perceber o que eu tinha em mãos.

"Eu teria um livro de fotos disso se pudesse", admitiu se aproximando. Tocou o aparelho com a ponta dos dedos e sorriu. "É linda."

"Era da minha mãe. Ela passou para mim no dia da minha formatura porque sabia que eu era apaixonada por fotografia. Inclusive eu tenho um álbum de fotos que eu tirei do jardim que tínhamos."

"Você fotografando o jardim de casa com uma polaroid", riu apoiando a cabeça em meu ombro. "Acho que consigo te imaginar fazendo isso."

"Eu era uma ótima fotógrafa, ok?"

Riu ao pegar o objeto de minhas mãos. Virou a lente em nossa direção e clicou o botão sem aviso.

~~

31 de dezembro de 2011, 11:40PM — 20 minutos para a meia-noite

"Por que estamos aqui?" Indaguei cobrindo o pescoço com o cobertor enrolado meticulosamente ao redor de minha cintura.

"Porque eu me recuso passar a meia noite naquele quarto", sorriu.

Travou a cadeira de rodas e puxou um banco de madeira que havia ao lado de meia dúzia de vasos de flores.

"É uma vista e tanto. Agradeça por não estar nevando, caso contrário nós iríamos congelar."

"Temos tempo", enlaçou as mãos com as minhas.

"Tem certeza?" Indaguei por impulso.

"O quê?"

"Nove dias, Camila. O tempo está passando."

Engoliu seco. Baixou a cabeça tentando esconder o nervosismo.

"Eu não sei o que você quer que eu diga. Sim, eu estou com medo e eu não faço a mínima questão de voltar pra lá, mas Ally já disse que fez tudo o que pôde. Não há mais alternativas. Você sabe disso, meu amor."

"Normani veio me ver."

"Quando?"

"Ontem. Você tinha saído com Dinah para conversar sobre Beth ou coisa assim."

"Você... Você não me contou."

"Ela me propôs uma coisa um tanto audaciosa, e em outra ocasião eu provavelmente iria te convencer a dizer não, mas... Nossa situação não nos dá muitas escolhas."

"Você está me assustando."

"Normani acha que deve treinar você", falei sem rodeios. "Do básico até a coisa mais avançada que uma clarividente pode fazer."

"O-kay...?"

"Ela é como você, caso não tenha percebido ainda", ri. "Mas... Ela diz que é para a sua segurança, e sinceramente, eu a entendo. Se você voltar pra lá, seus castigos e punições vão ser mais severos e só de pensar nisso, eu já fico nervosa. Mas a verdade, é que você vai precisar se defender, meu amor."

"Isso é loucura."

"Camila..."

"Lauren, eu estou perfeitamente bem lendo aquele livro e aprendendo as coisas de um jeito lento. Eu nem sei como me sentir em relação a tudo isso."

"Eu sei que é um assunto extremamente delicado, mas... Se alguém te agarrar à força lá dentro. Se te amarrarem ou fizerem alguma coisa com o intuito de te machucar física ou emocionalmente. O que você vai fazer pra se defender?"

"Eu não sei."

"Normani vai te treinar", a encarei séria. "Eu não sei não é uma resposta válida, entendeu? Lá dentro você vai precisar saber."

Permaneceu em silêncio com a cabeça baixa. Tive a leve sensação de que estava realmente considerando a proposta.

"Onde isso vai ser? O treinamento em si?"

"Nós não conversamos sobre isso, mas... Talvez aqui. Eu não faço ideia de quando eu vou receber alta e você precisa ficar por perto."

"Eu sinto muito que isso teve que acontecer justo com você", sorriu triste. Apertou meus dedos com delicadeza e apoiou a cabeça em meu ombro. "Eu queria que fosse diferente."

"Amor..."

"Olha como a sua vida está. Olha a quantidade de coisas que você está tendo que resolver por minha causa. Isso não é justo."

Inclinei a cabeça para o lado e depositei um beijo em sua bochecha. O olhar abatido e cheio de medo fez meu peito doer.

"Pessoas não se encontram por acaso, Camila. Nunca se esqueça disso."

"Você e essa conversa sobre destinos", riu. "Eu estou falando sério aqui."

"Eu também estou."

Me encarou estática. Apesar do breu que o terraço de um hospital proporcionava, a pouca iluminação vindo da porta aberta que havíamos deixado, me permitia examinar cada centímetro de seu rosto.

Ela havia mudado. Amadurecido ainda mais, se possível.

"Eu me preocupo tanto com você", confessei. "Quando sai do quarto dizendo que precisa encontrar alguma enfermeira, ou até mesmo pra ir até o banheiro. Eu tenho pesadelos só com a possibilidade de você sair e nunca mais voltar. É c-como se fosse um choque... O meu corpo inteiro paralisa. Eu não consigo respirar quando você não está do meu lado. E é tão difícil explicar isso sem soar como uma lunática", ri sentindo minha visão embaçar. "Desculpa ter sido tão dura com você ontem, eu só—"

"Você se preocupa", sorriu capturando uma lágrima em meu rosto com o polegar. "Eu sei."

"Conhecer Normani em uma situação como essa, não foi ao acaso. Você sabe disso."

Assentiu ao esfregar as costas das mãos embaixo dos olhos.

"Eu vou fazer isso... Esse treinamento, ou seja lá qual for o nome que vocês estão dando. Por você."

"Mesmo?" Indaguei surpresa.

"Não temos muito tempo, não é?"

Nove dias.

~~

"Você pegou tudo?"

"Sua mãe me deu uma lista interminável de coisas, mas... Sim. Peguei tudo."

"Não me diga que esqueceu os guardanapos atoalhados que ela pediu", prendi meu cabelo com o elástico que tinha no pulso. O medo de ouvir um não, ter de entrar no supermercado e enfrentar a fila monstruosa do caixa pela segunda vez, já estava me deixando em pânico.

"Não. Eu peguei tudo", afirmou.

"Ótimo", suspirei aliviada. "Compras de última hora em véspera de Natal é uma das coisas que eu mais odeio fazer." Fechei o porta-malas e caminhei até a porta do motorista.

"Nem quando eu estou junto?" Fingiu indignação.

"Boba", sorri ao vê-la tendo dificuldades em clicar o cinto de segurança na base. "Você entendeu o que eu quis dizer."

"É... Que seja", tentou clicar a ponta novamente. Bufou ao não obter sucesso. "Qual é o problema disso?" Grunhiu irritada. Me encarou à procura de ajuda.

"Deve estar emperrado ou algo assim."

Esticou o pescoço e encarou o banco traseiro do veículo pelo retrovisor.

"Não está emperrado. Deve ter enganchado em alguma sacola ou pacote aqui atrás."

Ri da entonação irritada. Fechei minha porta e fiquei de joelhos sobre o banco. Apoiei o cotovelo direito sobre meu encosto e afastei os pacotes que estavam atrás do banco de Camila com a mão esquerda.

"Tente puxar o cinto de novo", pedi.

"Yeap", bateu palmas empolgada me fazendo sorrir. "Funcionou."

Arregalei os olhos ao senti-la agarrar minha nuca e me puxar para si. O beijo me pegou de surpresa, o que terminou em um choque de dentes e um arranhão acidental no pescoço.

"Você é terrível", comentei tentando parar de rir. Agradeci mentalmente por todos os vidros do veículo serem escuros. Seria estranho receber olhares confusos das pessoas passando pelo estacionamento do lado de fora.

Balançou a cabeça e escondeu o rosto entre as mãos. A coloração rosada em suas bochechas só me fez rir ainda mais.

"Me lembre de nunca mais tentar isso."

"Foi... Fofo", admiti. Segurei seu queixo com delicadeza e plantei um selinho em seus lábios.

Me encarou séria. Os castanhos pousaram sobre a linha vermelha em meu pescoço e um risco de humor traçou as órbitas.

"O que é tão engraçado?" Indaguei.

"Você ganhar um arranhão e um chupão no pescoço em menos de 24 horas", riu.

Ajustei o retrovisor em minha direção e senti vontade de rir. Meus tios, primos e avós iriam nos visitar hoje para passar a noite de natal e eu já conseguia imaginar os mais variados tipos de piadas se não escondesse isso.

O que me preocupou, porque eu não tinha maquiagem o suficiente para cobrir um chupão. Quem dirá um arranhão extra no pescoço.

"É esse o seu jeito de se vingar pela guerra de farinha que tivemos ontem de madrugada?" Ri nervosa.

"Talvez."

Eu ainda estava de joelhos sobre o banco, e atacá-la com a mesma moeda era a coisa mais plausível a ser feita no momento. Mas—

"Nem pense nisso", levantou o indicador em minha direção e bateu as costas contra o vidro na tentativa de se afastar de mim.

É ridículo como eu ainda consigo esquecer que ela consegue ouvir meus pensamentos.

"Eu não fiz nada", sorri inocente. Estiquei as pernas para fora do banco e sentei corretamente sobre o estofado. "Não faço a menor ideia do que você está falando."

Ainda me olhava desconfiada. Puxou o cinto e o clicou sobre a base com os olhos colados em minhas mãos. Agarrei o volante e girei a chave.

~~

31 de dezembro de 2011, 11:50PM — 10 minutos para a meia-noite

"Sobre o que vocês conversaram?"

"Quem?"

"Você e Dinah, quando saíram."

"Ah..." Sorriu jogando o cabelo para trás. A pele branca como giz contrastando com o tom escuro de castanho dos olhos. "Falamos sobre várias coisas."

"Você podia ser um pouco mais específica", ri.

"Dinah disse que já está procurando outro lugar para trabalhar e que quer se mudar. Acha que o apartamento não é mais seguro, considerando o fato de que o pessoal da clínica sabe onde ela mora."

"Ela pode ficar com a gente", não hesitei em oferecer. "O tempo que ela precisar."

"O quê?"

"Nosso apartamento é pequeno, mas ela sabe que é bem-vinda. Sem contar o quão hilário seria acordar com as piadas dela em plena segunda-feira."

"Você está falando sério? Ela pode ir mesmo?" Soava incrédula demais para descrever.

"Por que está tão surpresa? Ela é nossa amiga. É claro que pode."

Permaneceu muda até balbuciar um "okay". Começou a sorrir ao me encarar e escondeu o rosto no cachecol que usava.

"O que foi?" Sorri.

"Você disse nosso apartamento."

Mordi o lábio inferior. Pisquei algumas vezes antes de cortar contato visual e me ocupar em arrumar o cobertor ao redor de minha cintura.

"Mas é verdade", falei sem erguer a cabeça. "Você sabe que é."

Levantou meu queixo com o indicador e selou os lábios aos meus.

"Linda", o fio de voz quase passou despercebido. "É injusto o quão linda você é."

Averti meus olhos sentindo minhas bochechas esquentarem. A mania de prender o lábio inferior entre os dentes a fez rir baixinho.

"Sobre o que mais vocês duas conversaram?" Tentei mudar de assunto.

"Falamos sobre Beth também."

A menção do nome fez meu peito esquentar.

"Dinah ainda pode vê-la?"

"Não, mas ela tem contatos lá dentro. É fácil conseguir informações desse jeito."

"Como ela está?"

"Rebelde", riu. "Está com saudades de nós duas."

"Eu sinto falta dela."

"Ela pergunta por você o tempo todo, sabe", confessou. "Não sei o que vocês têm em comum, mas há uma espécie de... Laço familiar que nem eu consigo explicar. Ela gosta muito de você."

Engoli seco ao ouvir aquilo.

"Eu não posso mais ir lá... O monsenhor—"

"Ela sabe", assegurou oferecendo um sorriso terno. "Dinah explicou isso a ela no mesmo dia que aconteceu. Ela sabe, amor."

"Se eu não tivesse sido tão grossa com ele naquele dia no hospital, talvez ele não teria me proibido de ir lá", murmurei. "A culpa é minha."

"Não é culpa sua", disse firme. "Não é. Mesmo que tivesse feito algo diferente... Ele ia arrumar um jeito de nos separar. Não é culpa sua, Lauren."

"Eu queria vê-la. Dar um abraço, perguntar como foi o dia dela... Só... Essas coisas, sabe?"

"Eu sei."

"Qual é a história dela? Quando você foi transferida, você disse que precisava conversar com ela pra saber como ela foi parar lá."

"Foi..." Sorriu triste. "Foi complicado arrancar esse tipo de informação. Ainda mais de uma criança de cinco anos. Nem ela entende direito o porquê de estar lá... Mas o que tudo indica, é que ela foi abandonada pelos pais com três anos. Dinah não soube me explicar direito."

"Três anos?" Senti meu corpo paralisar. "Três anos, Camila?"

"Ela movia coisas quando chorava", explicou. A voz parecia enfraquecer aos poucos. "É engraçado porque... É bem familiar", riu nervosa. "Tão familiar que chega a me assustar."

"Ela sabe que pode fazer isso? Normani me disse que há casos de pessoas que só conseguem entender esse tipo de coisa na fase adulta."

"Ela é intuitiva. Prevê algumas coisas e também lê pessoas. Mas ela acha que todo mundo é assim, sabe? Na cabecinha dela, todos conseguem fazer o que ela faz, então..."

"Cristo..."

"Eu não sei qual é a situação legal dela. Se ela foi adotada por alguém de lá, ou se foi abandonada no portão e os funcionários decidiram tratá-la como paciente. Mas eu queria fazer alguma coisa."

"Nós podemos... Só que agora não é um bom momento. Por mais que eu odeie dizer isso."

"Quando eu voltar pra lá, eu vou procurar saber disso", me lançou um olhar sério. "E quando eu sair, com a ajuda de Ally, ou seja lá de quem for, nós vamos saber o que fazer com ela. Ok?"

"Tudo bem", baixei a cabeça. Por algum motivo, respirar havia se tornado algo difícil a se fazer em uma situação dessas.

"Hey..." Tirou meus cabelos da frente de meus olhos. Virou meu rosto em sua direção, me obrigando a olha-la nos olhos. "Eu te amo, viu?"

"Eu também te amo", sorri. Inalei o ar gélido sentindo meu corpo se arrepiar.

Ergui a cabeça e encarei a chuva de fogos que preencheram o céu de forma súbita. Camila levou a mão até o bolso traseiro da calça e pegou meu celular. Desbloqueou o aparelho e sorriu ao ver os quatro números idênticos na tela.

00:00

"Feliz ano novo, vida", mordeu o lábio tentando impedir que o sorriso ficasse ainda maior.

Inclinei meu corpo para o lado e capturei os lábios de forma gentil. Ri baixinho ao vê-la arrastar o banco para mais perto da cadeira de rodas onde eu estava. Colocou um braço ao redor de meu ombro e beijou meu pescoço. Devido ao frio, o contato gelado com minha pele me fez tremer.

"Feliz ano novo, meu amor", balbuciei entre risos. "Feliz ano novo."

1° de Janeiro de 2012. Significava que tínhamos oito dias até que ela retornasse à clínica.

Oito dias.

Eu nunca desejei tanto que o tempo parasse, como eu desejei naquele momento.

--------

A/N: Quem andou sugerindo a adoção da pimpolha.... Quem sabe? :D
Desabafos, ameaças, elogios, reclamações e SAC geral: https://twitter.com/gay_harmony ou ask.fm/gay_harmony 

Até a próxima, folks <3

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