Henrique V
Silêncio.
Já estávamos em terra francesa e chegamos no Castelo nesse momento.
— Bem-vinda de volta, Alteza! — Joana disse para Mareena e depois me olhou. — Bem-vindo. — Apenas a olhei.
— Pode me dizer onde está Ella? — Mareena pediu adentrando no castelo.
— No segundo andar. — Joana a encarou confusa. — Está tudo bem? —
— Sim. — Mareena respondeu e passou por ela saindo dali rapidamente.
Joana me encarou com um olhar de julgamento.
— Brigaram, certo? — Ela estava obviamente curiosa.
— Pense o que quiser. — Passo por ela.
{....}
Mareena Carter
— Preciso de ajuda! — Falo assim que vejo Ella observando o jardim atravéa da janela da sala Dourada. A mesma se virou em minha direção, parecendo assustada com minha presença de repente.
— Quando chegou? Do que está falando? — Eu neguei e fui até ela puxando seu braço e saindo da sala andando rapidamente pelo corredor extenso.
— Onde está Dion? — Questionei olhando pelas salas.
— Eu não sei. Mareena, o que houve? — Ella nos parou, completamente confusa.
Eu parei e pensei um pouco. Encarei seus olhos confusos enquanto eu buscava as melhores palavras para dizer que possivelmente eu carregava um herdeiro da França.
— Só me ajude a achar Dion, e contarei tudo! — Pedi nervosa e ela apenas concordou e saímos a procura do mesmo.
Depois de corremos pela cozinha, encontramos Dion ajudando uma das cozinheiras que se queimou.
— Vossa alteza! — rapidamente todos se curvaram quando me viram.
— Dion, preciso que venha comigo. — Segurei no braço do ruivo e corremos devolta para as escadas da cozinha.
{....}
— Sente isso? — Dion perguntou tocando em um ponto da minha barriga onde senti algo.
— Sim. — Concordei rapidamente e ele apenas assentiu e encarou minha barriga com um relevo considerável .
Um barulho próximo nos deixa tenso e vejo a imagem de Joana entrar confusa no quarto.
— O que está havendo? — Questionou.
— Fique quieta! — Ella ordenou completamente tensa e assustada.
— Aí! — Falei quando ele tocou um pouco abaixo do meu ventre.
— Sinto algo se mexer, você sente? — Eu fiquei sem ar por alguns segundos.
Algo se mexendo? O quê?
— Eu...não sinto, aí! — Faço uma careta ao sentir uma pontada.
— Vossa alteza, já ficou bem claro para você? — Eu arregalei os olhos e minha respiração ficou descompassada.
— Não me diga que você... — Joana não terminou sua frase ao me encarar completamente estática.
— Seios sensíveis, não sangra, sinto algo se mexer e você também, e mudanças de humor repentinos. Acho que já ficou bem claro para a senhorita do que se trata isso. — Dion se levantou enquanto eu apenas encarava o teto completamente paralisada, até que o primeiro soluço saiu da minha garganta. — Meus parabéns! —
— Mareena... — Ella me chamou e me sentei na cama já com os olhos inundados.
Ajeito meu vestido com calma tentando me controlar, por mais difícil que seja.
— Eu... — Tento dizer. — Como conseguiu sobreviver à tudo o que passei? — Questionei.
— É um milagre! — Dion respondeu antes de sair.
Um milagre? Henrique pensaria dessa forma? Eu poderia pensar dessa forma?
— Eu tô com você, irmã. — Ella se aproximou rapidamente sentando ao meu lado e me abraçando enquanto eu ao menos conseguia me mover.
Olho por cima do seu ombro sentindo minha visão embaçando aos poucos com as lágrimas, e pude ver Joana parada nos encarando.
— Vou deixá-las à sós! — Ela disse se retirando do quarto.
— Eu não estou pronta! — Eu falei alto, em prantos. — Henrique vai me odiar por isso! — Chorei ainda mais.
— Se acalme. Ele não vai te odiar! — Ella me confortava.
— Sim, ele vai! — A abracei com mais força.
Chorei tanto durante essa manhã que podia sentir meus olhos inchados e meu coração se partindo ao meio.
Ella permaneceu comigo durante todo o tempo, e ninguém ousou nos interromper. Joana voltou depois de um tempo com um chá preparado pelo Dion, e eu tomei para me acalmar um pouco.
— Vai no seu tempo, tudo bem? — Ella falou acarenciando meus braços enquanto eu estava deitada.
— Eu preciso contar pra ele. — Susurrei.
— Não precisa ser agora, você já lidou com muita coisa hoje. — Aconselhou.
— Se for pra lidar com mais estresse, que seja tudo de uma vez só! Não quero sofrer de pouco em pouco. — Fui lógica.
— Quer que eu o chame? — Joana perguntou, e levantei meu corpo me sentando na cama.
— Onde ele está? —
— Provavelmente com os cavalos, ele não quis ficar aqui dentro. — Explicou.
— Chama ele pra mim, por favor! — Pedi contra minha vontade.
Fiquei pensativa durante um bom tempo, até que Joana e Henrique passaram pela porta enquanto Henrique a encarava confuso.
Seus olhos se voltaram para mim e sua expressão suavizou, mas seu cenho logo se franziu.
— O que houve? — Perguntou confuso. — Estava chorando? —
— Vamos deixar vocês à sós! — Ella falou se levantando e puxou Joana para fora do quarto fechando a porta.
Eu respirei fundo tentando me preparar para dar a notícia de que ele seria pai, sendo que ele deixou bem claro pra mim que não queria isso.
— Eu preciso te contar algo. — Falei baixo encarando minhas mãos.
— Então olhe nos meus olhos e diga! — Seus passos se aproximaram e o encarei.
— Eu não sei se consigo dizer isso te olhando. — Respondo.
— Mareena... — Ele olhou envolta do quarto e depois voltou seu olhar para mim.
Eu sentia que estava prestes a jogar tudo pelos ares e que ele me deixaria.
— Eu... — E nesse momento eu já estava lutando contra as lágrimas. — Você vai ser pai! — Me encolhi rapidamente fechando meus olhos.
Silêncio.
Eu soluçava enquanto não ouvia absolutamente nada.
E então, abri meus olhos, e encontrei Henrique me olhando como se buscasse respostas, ele deve pensar que era algum tipo de brincadeira ou algo do tipo.
— Mareena, não diga bobagens. Não brinque com isso! — Falou baixo fechando seus punhos e abaixando seu olhar.
— Eu queria que fosse brincadeira. — Respondi baixo.
E então, ele riu.
Eu o encarei sem entender sua reação. Ele estava triste? Estava feliz? Estava confuso? Estava com raiva? Com ódio?
— Qual a graça? — Perguntei baixo.
— Qual a graça? — Aumentou seu tom de voz ainda rindo. — A graça é que o que eu menos queria, aconteceu! — Meu coração murchou.
— Não fala assim. Não seja grosseiro comigo! — Falei alto e ele parou de rir.
— Grosseiro? Grosseria é o que eu menos sinto agora! Que merda! — Ele colocou suas mãos na cintura e olhou em volta. — Eu estou tão... — Ele prendeu a palavra.
— Tão o quê? — Questionei.
— Tão irritado! Estou furioso, com ódio, com raiva, com tudo! — Ele gritou, e eu o encarei sentindo tudo se esvair dentro de mim.
— Não aja como se isso fosse apenas culpa minha! Não jogue tudo isso pra cima de mim! — Gritei de volta me levantando da cama.
— Jogar para você? Sério? Era por isso que estava com um papo de família e essas coisas. — Ele riu desacreditado.
— Não sei se você sabe, mas você é o Rei e eu me tornarei a Rainha, isso quer dizer que seríamos obrigados a ter filhos de qualquer forma! — Bati em seu peito. — Não aja como se isso fosse uma praga! Eu não vou aceitar que você trate essa criança dessa forma! — Toquei em minha barriga e seu olhar desceu até a minha mão.
Seus olhos pararam lá durante um bom tempo enquanto eu chorava. Por dentro eu implorava para que ele me abraçasse e dissesse que ficaria tudo bem, e depois dormiriamos abraçados.
Não o rejeite, não o rejeite, não o rejeite, não o rejeite!
Fique comigo, Henrique.
Ele apenas olhou pela janela e me deu uma última encarada fria antes de me dar as costas e caminhar até a porta, mas quando ele tocou na maçaneta, eu o chamei:
— Henrique! — Ele parou, mas não se virou. — Por favor, fique comigo, não me deixe lidar com isso sozinha! — Implorei, e o mesmo apenas olhou para cima e negou com a cabeça antes de abrir a porta e sair por ela me deixando completamente sozinha.
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Nada a declarar
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